CNI apresenta propostas para Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020

Em documento entregue ao governo nesta quinta-feira (16), setor industrial defende a valorização da bioeconomia, da economia circular e da biotecnologia

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende a valorização da bioeconomia, da economia circular e da biotecnologia para promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade. Essas são as principais propostas de documento lançado nesta quinta-feira (16) para subsidiar as negociações sobre o Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020, que devem ser concluídas na 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), prevista para ocorrer de 25 de abril a 8 de maio, em Kunming, na China.


“O setor industrial entende que sua participação na construção e implementação do Marco Global é fundamental para o alcance das metas que objetivam enfrentar a perda de biodiversidade”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. “Nesse sentido, a indústria também deve estar envolvida na elaboração e execução do plano nacional que internaliza as metas internacionais.”


Entre os pontos destacados no documento da CNI está o potencial da biotecnologia. Na visão da indústria, ainda que não se deva deixar de lado as medidas de prevenção e gerenciamento de riscos, é fundamental que o Marco Global reconheça o potencial transformador da biotecnologia e suas contribuições efetivas para a promoção dos objetivos da Convenção, como utilizar os recursos da biodiversidade de forma sustentável.

Já está pronta uma primeira versão de rascunho do Marco Global para a Biodiversidade e uma segunda versão deve ser fechada em negociação que está prevista para ocorrer em março, em Genebra, na Suíça. A expectativa da CNI é que o governo brasileiro contemple propostas do setor industrial no diálogo com os governos de 196 países que integram a CDB.

O que é o Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020?

O Marco Global para a Biodiversidade Pós-2020 é a coluna vertebral da governança e da implementação dos objetivos da CDB. Trata-se de um plano com metas para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e para a repartição justa e equitativa de benefícios advindos da utilização dela. A estrutura atualmente proposta é composta por 21 metas para 2030 relacionados à visão de que a biodiversidade deve ser valorizada, conservada, restaurada e utilizada de forma inteligente até 2050.

A Agência de Notícias da Indústria preparou um conteúdo em que explica com mais detalhes esse acordo internacional e seu histórico. Confira aqui.

Especialistas debatem o assunto

Em live realizada pela CNI nesta quinta-feira (16), o advogado ambiental João Emmanuel Lima apresentou as propostas do documento da indústria entregue a representantes do governo e destacou que é preciso dar à agenda da biodiversidade a mesma atenção que a climática.

Conforme Rafael Loyola, diretor científico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), há muitas intersecções óbvias e comuns entre as agendas climática e de biodiversidade. "O clima responde à biodiversidade e vice-versa", declarou, complementando que os esforços devem ser no sentido de alcançar as metas de ambos os acordos.

Segundo Carlos Rollemberg, chefe da Divisão de Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores (MRE), é preciso cuidar para que o Marco Global da Biodiversidade Pós-2020 não repita falhas do acordo anterior, as chamadas Metas de Aichi.


“O Brasil está comprometido com o Marco Global e quer metas ambiciosas, mensuráveis e realistas”, afirmou.


André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), disse que o desafio número um do país nessa agenda é o combate ao desmatamento. “O outro é o uso mais eficiente da terra. Hoje o Brasil tem menos de um animal por hectare e podemos quadruplicar a produção bovina por área”, complementou.

A gestão ambiental norteia as ações da Suzano, fabricante de papel e celulose, e o tema da biodiversidade é central na estratégia de negócios da empresa. Conforme a gerente de Sustentabilidade da empresa, Letícia Kawanami, a menuração e o reporte são instrumentos fundamentais para a implementação das iniciativas ambientais da Suzano. “Temos urgência em contribuir para o planeta. Nós precisamos da natureza”, declarou.

Assista a live completa abaixo:

Relacionadas

Leia mais

Por dentro da  bioeconomia
Investimentos em biotecnologia são decisivos para competitividade
O que é economia circular?

Comentários