ENAI 2014: Diálogo efetivo é o primeiro passo para modernizar as relações de trabalho no Brasil

Afirmação foi proferida por Alexandre Furlan, presidente do Conselho Temático de Relações de Trabalho da CNI, durante 9º ENAI

“Precarização é ter 42 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade" - Alexandre Furlan

O diálogo efetivo entre governo, empresários e trabalhadores é o primeiro passo para buscar a modernização das relações de trabalho no Brasil. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho Temático de Relações de Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan, nesta quinta-feira (6), durante o 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Segundo ele, o diálogo social praticado no Brasil é muito diferente do de outros países, em que todas as partes efetivamente contribuem para a modernização das relações trabalhistas.

Fernando Valente Pimente - ABIT

Furlan destacou que o custo do trabalhador, a burocracia e a insegurança jurídica nas relações trabalhistas dificultam os negócios no país. De acordo com ele, além disso, o empregador arca com outras obrigações que seriam do Estado, como educação e saúde. “Os empresários geram riquezas e vão além de suas responsabilidade e, quando quer negociar a modernização das leis trabalhistas, alguns dizem que se quer precarizar as condições de trabalho”, afirmou Furlan. “Precarização é ter atualmente 42 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade", completou.

A opinião é compartilhada pelo diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Valente Pimentel. Segundo ele, a economia paralisada reflete, entre outros problemas, o excesso de burocracia e a complexa legislação trabalhista. “De alguma forma, esses custos que hoje recaem sobre a empresa, seja com tributos e outras obrigações como educação e saúde dos trabalhadores, serão cobrados da sociedade”, afirmou Pimentel.

Raissa Lumack - Coca-Cola

Pimentel disse ainda que um dos maiores entraves nos diálogos com as demais partes é a judicialização das relações de trabalho. Ele destacou que, enquanto o Brasil tem um estoque de 7,6 milhões de ações trabalhistas, esse número não chega a 2 milhões no Canadá. Pimentel propôs que o país valorize mais a negociação coletiva. “O Brasil já é suficientemente maduro para dar esse passo, já que hoje empresários e trabalhadores são bem informados", finalizou.

NEGOCIAÇÃO - A rigidez na legislação trabalhista que não fortalece a negociação entre trabalhadores e empregadores acaba engessando a gestão de recursos humanos das empresas no Brasil, inclusive de multinacionais como a Coca-Cola. De acordo com a vice-presidente de Recursos Humanos da empresa no Brasil, Raissa Lumack, isso dificulta a criação de políticas que valorizem a produtividade e a meritocracia.

Segundo ela, a valorização da negociação coletiva não elimina os direitos adquiridos dos trabalhadores, mas permite a flexibilização das formas de trabalho de acordo com as necessidades específicas de empregadores e funcionários. Para Raissa, o próprio empregado de hoje, mais voltado ao conhecimento, pede maior flexibilidade de horários. Ouça clicando aqui.

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