"Na época do walkman, os aparelhos de som ficavam cada vez maiores e a qualidade era vista em função do tamanho. A ideia foi procurar qualidade onde ninguém suspeitaria, em aparelhos de bolso"

No início da década de 1950, quando mudou-se da Alemanha para o Brasil aos seis anos de idade, o alemão Andreas Pavel foi morar em uma grande casa em São Paulo, onde havia uma abóboda. A acústica perfeita e a paixão pela música serviram de inspiração para o que viria a ser um tocador de música individual portátil. Em outras palavras, aos 27 anos, Pavel tornou-se o pai do walkman.

Em 1977, ele fez o registro de pedido de patente, mas a gigante da indústria eletrônica Sony lançou o walkman sem referência ao trabalho de Pavel. A disputa acabou nos tribunais e levou mais de duas décadas. Ele confirma que houve acordo, mas não revela o valor sob qualquer condição.

Na tarde desta quarta-feira (3), Andreas Pavel visitou a arena do Grand Prix SENAI de Inovação no WTC, em São Paulo, e participou de um bate-papo com internautas no perfil do SENAI no Facebook via Face to Face. Bem humorado, ele negou ser um “inventor profissional”. Disse que se ocupa de produção cultural, música, filosofia, áudio e telefonia. “Invenções todo mundo faz. Imaginação muita gente tem. A evolução é feita de muitas pequenas inovações. As inovações revolucionárias requerem destaque. Por exemplo, na época do walkman, os aparelhos de som ficavam cada vez maiores e a qualidade era vista em função do tamanho. A ideia do walkman foi procurar qualidade onde ninguém suspeitaria, em aparelhos de bolso”, revelou o expert em inovação.

O visionário pai do walkman, avô dos mp3 players, atualmente trabalha no projeto de “telefonia 3D”. Confira abaixo o que ele falou sobre esse e outros assuntos nos principais trechos da conversa com os internautas.

"Qualquer criação deve ter uma função prática e demonstrável."

"A telefonia 3D não se restringe à fala, mas possibilita o teletransporte até a situação do seu interlocutor, vivenciando o que ele está vivenciando também."

"Não esqueçam das duas ferramentas mais importantes para navegar pela vida: o humor e a capacidade de lidar com a ambiguidade."

"Uma das mudanças do mundo moderno é o interesse generalizado pela inovação. Maior, talvez, do que em outras épocas."

"Invenções quase todo mundo faz. Imaginação muita gente tem. Mas só é considerada invenção o que tem impacto comercial."

"Qualquer criação deve ter uma função prática e demonstrável."

"Sempre achei que as duas invenções mais impressionantes são o avião e o rádio. Ambas parecem desafiar as leis naturais mais do que qualquer outra."

"O refinamento musical só pode ocorrer com alguma educação que a mera disponibilidade de acervo ainda não fornece."

"Para ser inovador é preciso combinar e recombinar as coisas que conhecemos sem se deixar influenciar pelos trends existentes. Pensando sempre do futuro para o presente e do homem para o objeto."

"O consumo de novidades estimula a produção."

"O Morita (Akio Morita, então presidente da SONY) dizia, corretamente, que pesquisa de mercado não vai mostrar o que é desejável porque o consumidor não sabe o que é possível. Por isso fala-se, às vezes, em criar necessidades. Isso dá uma certa ideia de manipulação. Eu prefiro falar em detectar necessidades, ou melhor, funções potenciais."

"Não há nenhum indício de que a sucessão e diversificação das invenções e da própria natureza humana estejam arrefecendo."

"Pra ser inovador é preciso curiosidade infinita, fantasia sempre pronta para entrar em ação e a capacidade de pensar no vazio."

"A evolução é feita de muitas pequenas inovações. As inovações revolucionárias requerem destaque."

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Confira a entrevista que ele concedeu à Agência CNI de Notícias: