Dia dos Povos Indígenas: três ações SESI SENAI

Sistema Indústria tem iniciativas de cunho social e educacional para promover a cultura e a autonomia dos povos originários do Brasil

Tribo Warao de venezuelanos termina curso de qualificação de padeiro neste mês

O Dia Internacional dos Povos Indígenas é celebrado em 9 de agosto para lembrar a responsabilidade de todos em garantir condições de existência minimamente dignas aos povos indígenas. A Constituição estabelece o respeito e a proteção à cultura das populações originárias, e é sobre esses pilares que tanto o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) quanto o Serviço Social da Indústria (SESI) tocam algumas iniciativas.

Na educação profissional, que abrange os cursos de qualificação e técnicos, o atendimento ocorre via Programa Senai de Ações Inclusivas (PSAI). O projeto está presente em todas as escolas SENAI no Brasil, promovendo acessibilidade dos cursos de acordo com as necessidades específicas dos alunos. 

Em 2019, uma parceria entre a Prefeitura de Feijó (AC), o SENAI, o Sebrae e o Senac, possibilitou a oferta de 30 cursos gratuitos, como Pizzaiolo, Eletricista, Pedreiro de Alvenaria e Eletricidade Automotiva, a mais de mil pessoas, entre elas, indígenas da região do Rio Envira.

A responsável pela coordenação nacional do PSAI, Adriana Barufaldi, explica que o SENAI tem o papel de criar condições de acesso para esses grupos, considerando, por exemplo, a distância para a escola, o desejo do grupo de receber a formação dentro da aldeia e a flexibilização do calendário de aulas, respeitando os ritos e rotinas da tribo.


“A profissionalização acontece como para qualquer outro profissional, e eles podem usar a formação para atender o próprio grupo étnico ou para sair da aldeia e buscar uma fonte de renda externa”, destaca Barufaldi.


Neste ano, o SENAI-DF abriu uma turma para indígenas venezuelanos da etnia Warao. Já no Mato Grosso do Sul, houve a doação de 1,5 mil máscaras de tecido e 50 litros de álcool 70ºGL. E, se é desde pequeno que se aprende valores como respeito, o SESI não poderia deixar de trazer a cultura dos indígenas para a sala de aula. No Acre, os alunos tiveram a oportunidade de conversar com o pedagogo indígena Dasu Inu Bake Huni Kuin.

1 - Educação profissional para indígenas venezuelanos da etnia Warao

O SENAI-DF firmou uma parceria com Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) para oferta do curso de qualificação de Padeiro a 17 indígenas venezuelanos com mais de 16 anos da etnia Warao. A formação começou no dia 16 de junho e está prevista para acabar em 24 de agosto.

O cacique Miguel Antonio Quijada lembra a longa e difícil trajetória que os trouxe até aqui. “Para nós não é fácil. Acabou saúde, medicamento, auxílio, a parte política, e a família decidiu migrar para o Brasil. Somos seis famílias, mais de 30 pessoas. Passamos pela rua, pedindo dinheiro, com doações de comida e de roupas. Era perigoso. Quando chegamos aqui, na primeira reunião com o GDF, falamos que queríamos procurar trabalho, falaram do curso”, conta.

Há quase três anos, eles cruzaram a fronteira por Roraima. Já passaram por Manaus (AM), Itacoatiara (AM), Porto Velho (RO), Vilhena (RO), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP) e Hortolândia (SP). Agora, com a documentação encaminhada e vivendo no abrigo da Cáritas Arquidiocesana de Brasília, em São Sebastião, eles esperam que a qualificação abra portas.

A interlocutora do PSAI-DF, Wellen Basso, destaca que a ADRA contratou dois caciques da tribo para serem monitores da turma, responsáveis pela tradução. Segundo ela, o curso de padeiro é o mais viável para inserção no mercado de trabalho.

“Te dá várias possibilidades, tanto para trabalhar dentro das empresas quanto para montar seu próprio negócio. Antes das aulas tem um trabalho nosso de conscientização, de como vai funcionar e da importância do comprometimento deles com a frequência no curso”, explica Basso.

SENAI é parceiro do programa Inclusão Sem Fronteiras

2. Máscaras e álcool em gel para enfrentamento da pandemia

Em meio às ações de enfrentamento da pandemia da Covid-19, a Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (FIEMS) se deparou com uma situação: a dificuldade dos povos indígenas de Aquidauana para terem acesso às máscaras e álcool.


“Estamos auxiliando as lideranças indígenas locais na busca por doações de máscaras e outros itens de proteção, como álcool e sabão. O vírus começou a ser disseminado nas aldeias”, contou o representante da Associação Indígena Kopenati, Inácio Cavana, em julho do ano passado.


Por meio do SESI e do SENAI, houve a doação de 1,5 mil máscaras de tecido e 50 litros de álcool 70ºGL para a Associação, que distribuiu os itens entre as lideranças indígenas da aldeia de Taunay.

Segundo a OPAS, Brasil teve 51.334 casos de Covid entre indígenas de janeiro de 2020 a julho de 2021

3. Projeto educacional Povos Indígenas

Desde abril do ano passado, a Escola SESI de Rio Branco tem um projeto sobre a cultura dos povos indígenas com as turmas da Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais e finais), Novo Ensino Médio e Nova EJA. Por meio de atividades como palestras, lives, intercâmbio cultural, leitura e fórum de discussões, os estudantes e toda a comunidade escolar têm a oportunidade de conhecer melhor os costumes e acabar com preconceitos.


“É perceptível a desvalorização e o desprezo com as etnias pelo público urbano. Portanto, faz-se necessário apresentar a cultura embasado na Lei 11.645/08. Conhecer suas estruturas habitacionais e seus rituais nos remeterá à ruptura desta barreira inicial na instituição escolar e, consequentemente, alcançará a sociedade por meio dos alunos”, ressalta a coordenadora do projeto Povos Indígenas, Lucinha Ferreira da Silva.


Uma das atividades foi a roda de conversa com o pedagogo indígena Dasu Inu Bake Huni Kuin, que teve como tema “Identidade Indígena no Século XXI”. “Participar deste projeto tem sido uma experiência incrível. Já aprendi como os índios escolhem seus nomes, instrumentos e músicas que eles tocam e outras curiosidades que ampliam nosso conhecimento sobre a cultura desses povos”, comenta Helena Domingos Silva Araújo, de 6 anos, aluna do 1º ano A. 

Projeto auxilia na construção de identidade, na vida social, na preservação do meio ambiente e na construção de valores

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