CNI propõe mudanças no mercado brasileiro de debêntures

Dos três segmentos que compõem o crédito corporativo, as debêntures ainda são as que respondem pela menor fatia

Os consultores Luiz Macahyba e Ernani Torres e o vice-presidente da Anbima Márcio Guedes

Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou nesta quarta-feira (9), em São Paulo, estudo sobre o mercado dos títulos da dívida privada. No trabalho, há propostas de medidas que visam a expansão do mercado de debêntures, importante fonte de financiamento para as empresas. Entre as sugestões, estão a eliminação da assimetria entre as emissões das empresas de infraestrutura, que contam com vantagens fiscais, e as do setor industrial, a otimização dos processos de registro, o aumento das informações pós-transação aos clientes, a dispensa de aprovação prévia do material publicitário e melhores critérios de formação de oferta dos títulos (bookbuilding). 

No estudo “Os Mercados Brasileiro e Britânico de Títulos Corporativos”, encomendado pela CNI e pela embaixada do Reino Unido no Brasil, os consultores Luiz Macahyba e Ernani Torres apontam que, “diferentemente do cenário britânico, houve várias queixas do mercado brasileiro quanto à demora, aos custos e à imprevisibilidade dos processos associados à aprovação de lançamentos de debêntures (títulos de dívida privada). "O quadro indica ser necessária a atualização e modernização dos mecanismos operacionais atualmente utilizados na aprovação de emissões, o que deverá gerar ganhos substantivos em termos da originação de novas operações e atração de novos emissores para o mercado de dívida corporativa”, escrevem os autores.

RESPONSABILIDADES - De acordo com o estudo, um plano de modernização  do mercado brasileiro incluiria a redivisão de atribuições e responsabilidades entre os diversos atores envolvidos no processo de emissão de debêntures destinadas a um público investidor mais amplo. “O propósito é tornar mais eficiente o processo de emissão, reduzindo os custos tangíveis, o tempo necessário para estruturação da emissão e a incerteza que hoje afeta a capacidade de emissores e investidores tirarem proveito de janelas de oportunidade de mercado”, diz o texto do estudo, apresentado em seminário que foi aberto pelo diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

O crédito ao setor privado no Brasil tem crescido nos últimos anos: 15% em termos reais entre 2004 e 2011, quando atingiu 78% do PIB, acima da média mundial de 66%, de acordo com o estudo. Já o crédito corporativo, que exclui os financiamentos das pessoas físicas, subiu menos no mesmo período, de 18% para 33,2% do PIB. E, dos três segmentos que compõem o crédito corporativo, as debêntures ainda são as que respondem pela menor fatia. Em 2012, os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) responderam por 19,7% do PIB, ante 9% dos créditos concedidos por bancos comerciais e somente 4,4% do PIB de debêntures.

Mesmo num cenário de aumento de juros, cuja volatilidade tende a afetar negativamente a capacidade das empresas de levar adiante os planos de investimentos, é possível incentivar o crescimento do mercado de debêntures, defende o estudo, se o governo e as instituições reguladoras do setor atuarem nas questões propostas.

Download de Arquivos:

Os Mercados Brasileiro e Britânico de Títulos Corporativos (PDF 965 KB)

Apresentação da CNI no Seminário (PDF 812 KB)

Relacionadas

Leia mais

Propostas da CNI para desenvolver mercado de debêntures serão analisadas pela CVM
Empresários confiam na aprovação da reforma da Previdência, diz presidente da CNI
Integração das américas depende da liderança dos Estados Unidos e do Brasil, diz Deborah Wince-Smith

Comentários