Amor e dedicação de professora dão novo significado ao verbo ensinar

Eleonice Caldas tem apenas 50 anos de idade, mas soma três décadas e três turnos dedicados à educação. É diretora na escola do SESI na Fazenda Grande Retiro, bairro de Salvador com maior número de pessoas em favelas

O magistério exige vocação. Mas ser professor em meio a pobreza e a violência e fazer a diferença exige muito mais. É preciso ter dom. Ter “o brilho nos olhos”, como costuma falar sobre Eleonice Caldas, 50 anos, e 31 deles dedicados a ensinar pessoas, crianças, jovens e adultos.

Atualmente ela é diretora na escola SESI Reitor Miguel Calmon, na Fazenda Grande Retiro, bairro de Salvador com maior número de pessoas morando em favelas e onde fica a quarta maior favela da Bahia. À noite, é professora de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma escola pública. Já alfabetizou operário no chão da fábrica e aprendeu na raça que o método construtivista é o melhor para os seus alunos. “Uso toda da bagagem que eles já trazem”, explica. 

Eleonice escolheu como missão de vida formar e mudar o futuro dos alunos nas escolas onde trabalha, em regiões de vulnerabilidade social e renda média familiar de 1,5 a 3 salários-mínimos. Acredita no trabalho contínuo e presente, Eleonice sabe a importância da escola na vida do aluno, na família e na comunidade vizinha. 

É praticamente uma das poucas diretoras no país que conhece os 1,5 mil alunos da escola que dirige. Andar com Eleonice nos corredores da Miguel Calmon é sempre ser interrompido por um aluno ou funcionário para um cumprimento, elogio ou pedido de ajuda.

“O que parece pequeno, faz a diferença. Por isso, tudo na escola deve ter muita importância. O que a gente vê é que, às vezes, o pai, ou o aluno só querem ser ouvidos”

ELOGIOS - Sempre com sorriso largo e quase uma unamidade entre alunos, pais e professores. É convidada para casamentos, para apadrinhar filhos de alunos e turmas inteiras nas formaturas. Quando conta a história de seus alunos, os olhos voltam a brilhar e ela se derrama em elogios.

“Eu me lembro de tanta coisa”, afirma Eleonice. Uma história que não sai da memória é de João. Aos 5 anos, era aluno de Eleonice, quando ela ainda trabalhava na educação infantil. Muito educado, o menino entrava na sala de aula, ficava resmungando baixinho, mas sempre fazia as tarefas. Depois de alguns dias ouvindo os murmúrios do menino, Eleonice se agachou e perguntou o era. Ele estava com sede. Levava 40 minutos no trajeto de casa ao colégio e sentia sede quando chegava. 

Eleonice permitiu que ele sempre saísse para beber água quando precisasse. Doze anos depois, entre tantos professores, ela foi a escolhida de João para entrar como par da formatura do, hoje, ensino médio. Enquanto os alunos entravam com o pai ou a mãe, João pediu que a mãe cedesse lugar à professora que entendeu sua timidez e seus limites de menino. Foi chamada para o casamento e para conhecer a primeira filha do, agora, também professor João. “É uma marca que fica”, lembra. 
 

Diretora do SESI conhece os cerca de 1,5 mil alunos pelo nome

ORGULHO – Filha de industriário, a carreira de professora sempre foi orgulho da família. Ela lembra que aos 9 anos foi à escola Miguel Calmon com o pai para uma festa da empresa. Na memória, ficou o deslumbre pelo local. “Eu me lembro de dizer: que escola linda”.

Anos depois, Eleonice foi selecionada como professora da educação infantil e está há 31 anos no SESI, sendo 28 deles na escola do Retiro. “Eu tinha me esquecido que já tinha vindo aqui. Quando eu já estava na coordenação pedagógica, eu estava na ala B, toquei na grade e lembrei da escola e fiquei muito emocionada e feliz de trabalhar em um lugar que eu desejei estar”.

Para ela, a escola tem uma importante missão com a comunidade do Retiro. “Esse espaço tem uma importante responsabilidade social. Nós temos que investir nas pessoas. Cada oportunidade que a gente cria, é uma porta diferente que se abre, um futuro que se constrói”, complementa.

 

Mult Art
Projeto interdisciplinar com professores e estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, que participam das oficinas artísticas, com teatro, dança, música e artes plásticas. O projeto existe desde 2013 e sempre trabalha com temas atuais que possibilitam a reflexão crítica e construtiva da realidade. 

Iniciação Científica
O trabalho de Iniciação Científica no Ensino Médio tem como objetivo despertar no aluno o interesse pela pesquisa e pela produção de conhecimento, levando-o a pensar de forma crítica visando à transformação da realidade e da sociedade em que está inserido.
-  SMOT - Sistema de Monitoramento do Tempo: Mapeando Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental, com o objetivo geral de mapear áreas de vulnerabilidade socioambiental no entorno da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, Salvador/BA.
- Cartografia e Geoprocessamento na Educação Básica – Grupo de Pesquisa Jovem – CGEB, com o objetivo de produzir material cartográfico e acadêmico, desenvolvendo pesquisa no âmbito socioambiental e educacional, no Bairro Fazenda grande do Retiro, Pernambués e bairros do entorno.

Torneio Interno de Robótica
O Torneio Interno de Robótica foi criado para fortalecer nos estudantes a capacidade de inovação, criatividade e raciocínio lógico. Por meio desta competição, os alunos se inspiram para participar de outros torneios e olimpíadas nacionais e internacionais.

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