ENAI 2014: CNI defende correção de rota da economia para aumentar competitividade da indústria até 2018

Propostas construídas pelo setor foram divulgadas na Carta da Indústria 2014, em evento que reuniu 1,8 mil empresários

"Nossa expectativa é de que o governo inicie o ano apresentando uma agenda de onde pretende chegar e de que forma" - José Augusto Fernandes

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira (6) a Carta da Indústria 2014, documento que apresenta as propostas construídas pelo setor durante os dois dias do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), evento que reuniu 1.800 empresários em Brasília. Alertando que "a indústria tem pressa", a Confederação defende que "é tempo de correção de rota" e que o governo deve apresentar no início do próximo ano uma agenda de competitividade com metas claras definidas por uma estrutura de governança criada especialmente para gerir e coordenar as ações. O investimentos em infraestrutura e as reformas trabalhista e tributária são a prioridade para 2015.

Na Carta da Indústria, a CNI afirma que fará o monitoramento da evolução da agenda voltada para elevar a competitividade. "Nossa expectativa é de que o governo inicie o ano apresentando uma agenda de onde pretende chegar e de que forma. A CNI vai monitorar permanentemente os resultados e fazer um termômetro de como está avançando a agenda da competitividade", afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

O objetivo do setor industrial é reverter o quadro de perda de importância na economia brasileira. A participação da indústria no PIB é de 25%, dez pontos percentuais a menos que nos anos 90 - a indústria de transformação representa apenas 13% do PIB. Nesta quinta-feira, a CNI também divulgou o estudo inédito Perfil da Indústria nos Estados. A pesquisa mostra que, das 27 unidades da federação, apenas nove tiveram aumento da participação no PIB industrial brasileiro entre 2001 e 2011.

A desconcentração é extremamente importante para reduzir as desigualdade regionais e gerar emprego e renda em outros estados" - Renato da Fonseca

PROPOSTAS DA INDÚSTRIA - A CNI defende que o governo priorize três pontos críticos dentro da agenda da entidade que define os dez fatores-chave necessários para elevar a competitividade do país, definidos no Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022. O sistema tributário deve eliminar a cumulatividade de impostos e desonerar as exportações e investimentos; as relações de trabalho devem ser modernizadas de acordo com as atuais condições de trabalho e com segurança jurídica; e os investimentos em infraestrutura devem se elevar em relação ao PIB, com maior participação do capital privado.

"À medida em que a agenda ficar clara haverá retomada dos investimentos das empresas. O cenário hoje é de baixa confiança", afirma o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

Também vai contribuir para retomada dos investimentos uma política fiscal que priorize a redução das taxas de juros e uma taxa de câmbio mais estável. A Carta da Indústria pede ainda que o governo priorize uma política comercial ativa, desburocratizada e com foco em mercados estratégicos e uma melhora da qualidade da educação.

DESCONCENTRAÇÃO DA INDÚSTRIA NO PAÍS - O documento Perfil da Indústria nos Estados 2014 mostra que está em curso uma descentralização espacial da indústria no país. A participação dos estados das regiões Sudeste e Sul no PIB industrial brasileiro caiu na última década. Por outro lado, aumentou nas demais regiões, que têm menos tradição industrial. Entre 2001 e 2011, último dado disponível, a contribuição das regiões Sudeste e Sul no PIB da indústria nacional reduziu em 1,7% e em 2,1%, respectivamente. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste, aumentou em 1,9% e 1,3%. No Nordeste, cresceu 0,6%.

"A indústria vai mal no Brasil todo, mas ela está ganhando importância nessas regiões. A desconcentração vai se manter quando o setor começar a crescer e ela é extremamente importante para reduzir as desigualdade regionais e gerar emprego e renda em outros estados", afirma Renato da Fonseca. Ele reforça que o baixo crescimento do setor é pela falta de competitividade. Ouça clicando aqui.

REFLEXÕES PARA O PAÍS - O Encontro Nacional da Indústria, que ocorre anualmente desde 2006, é a maior reunião de líderes empresariais e representantes de sindicatos e associações industriais de todo o país. No evento, empresários, representantes do governo, líderes políticos e acadêmicos refletem, debatem e propõem ações sobre os temas que têm impacto no desempenho da indústria e da economia brasileiras.

PROPOSTAS DA INDÚSTRIA - Confira o site com todos os estudos organizados pela CNI com as sugestões do setor para os próximos quatro anos.

MULTIMÍDIA - O Portal da Indústria transmite a 9ª edição do ENAI ao vivo . Você também pode acompanhar a cobertura completa do evento nos perfis da CNI no Facebook e no Twitter, além de acessar as principais fotos no Flickr.

PUBLICAÇÃO - Acesse a página do estudo Perfil da Indústria nos Estados 2014 para fazer o download da publicação.

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