As fintechs, empresas inovadoras que usam a tecnologia para oferecer informações e serviços financeiros em plataformas digitais, não tomarão o lugar dos bancos no mercado. "A briga entre fintechs e bancos não existe. Hoje, 75% das fintechs buscam algum tipo de parceria com grandes instituições financeiras", afirma José Prado. Fundador da Conexão Fintech, uma plataforma que une conhecimento sobre tecnologias com negócios e promove a aproximação entre as startups, Prado concedeu essa entrevista durante evento sobre fintechs, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, no dia 1º de novembro. Otimista com o futuro, ele prevê a expansão das fintechs e garante: as startups de serviços financeiros vieram para ficar.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Quantas fintechs existem atualmente no Brasil e como operam essas empresas?
JOSÉ PRADO - As fintechs são empresas inovadoras que trazem soluções tecnológicas para o mercado financeiro e, ao mesmo tempo, resolvem um problema ou melhoram a experiência do usuário. Hoje há cerca de 400 fintechs no país. Elas trazem um novo modelo de negócios e melhoram a experiência dos usuários.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O número de clientes dessas empresas está aumentando?
JOSÉ PRADO - O interesse da população por essas empresas está crescendo muito. As pessoas não se sentem mais representadas pelas instituições financeiras tradicionais. Exemplo disso é a febre do Nubank. Na área de crédito, há o Guia Bolso e a Creditas, que também chamam muita atenção. Se entrar uma vez em uma fintech e for bem tratada, a pessoa voltará a procurar a fintech e não o banco. Isso obrigou os bancos a repensarem suas agências e seus aplicativos.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como as fintechs podem ajudar a facilitar o acesso ao crédito e reduzir os custos dos empréstimos para as empresas?
JOSÉ PRADO - As Fintechs operam em diferentes frentes para entregar um produto mais acessível. Antes de tudo, oferecem uma experiência muito melhor para o usuário. Isso começa com a dispensa da burocracia para falar com um gerente, pois o usuário pode resolver o problema em uma jornada digital mais fácil. Além disso, por ser uma empresa tecnológica e mais enxuta, a fintech consegue ter um custo mais baixo que o banco. Isso é maximizado quando a gente fala de cultura de startup, cuja estrutura é mais rápida, mais ágil.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - As fintechs vão tomar o lugar dos bancos? Os bancos vão morrer?
JOSÉ PRADO - Os bancos nunca vão acabar. Eles são grande parceiros e têm grande sinergia com as fintechs. A briga entre fintechs e bancos não existe. Hoje, 75% das fintechs buscam algum tipo de parceria com grandes instituições financeiras. Não é a toa que há iniciativas como o inovaBra, do Bradesco, e o espaço Cubo, do Itaú. Ambos são espaços destinados a sediar fintechs. Não são iniciativas para comprar empresas inovadoras e sim para trabalhar junto.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - A regulação das fintechs oferece segurança para o investidor, para o cliente e para a própria empresa?
JOSÉ PRADO - Cada setor de fintech tem a sua regulamentação própria. As fintechs estão sujeitas às regulamentações do mercado financeiro, ou seja, as mesmas regras de um banco. O Banco Central tem demonstrado interesse em buscar uma regulamentação mais adequada para as soluções das fintechs. Há uma consulta publica em curso para criar dois modelos de empresas de crédito, que visa aumentar a oferta de crédito para as empresas. As Fintechs estão participando dessa consulta pública. O Banco Central está escutando as fintechs para criar a regulamentação. Além disso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) criou uma regulamentação para equity crowdfunding (fundos de investimentos em startups), visando os investidores em startups.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - As fintechs são empresas duradouras?
JOSÉ PRADO - O movimento das fintechs tem seis anos no mundo. A ideia das startups é crescer sempre. Elas vieram para ficar.