BRICS tem papel estratégico e é preciso aproximar setores produtivos, afirma Lula, na abertura do Fórum Empresarial do BRICS

Presidente da CNI, Ricardo Alban, defendeu esforços para ampliar o comércio intrabloco e protagonismo dos emergentes para economia mais sustentável, integrada e inclusiva

Na abertura do Fórum Empresarial do BRICS, realizado neste sábado (5) no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu o fortalecimento da integração entre os países emergentes como caminho para uma nova ordem econômica global. O evento, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), antecede a Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS e reúne autoridades e lideranças empresariais dos 11 países que compõem o bloco.

Também participaram do painel de abertura o presidente da CNI, Ricardo Alban, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Bin Ibrahim, e o vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.

Lula destacou que os países do BRICS já representam mais de 40% do PIB global em paridade de poder de compra e apresentaram um crescimento médio de 4% em 2024, acima da média global.


“Aproximar nossos setores produtivos é um pilar fundamental do BRICS. Os empreendedores aqui reunidos compõem o eixo dinâmico da economia internacional”, afirmou o presidente Lula.


Ele também defendeu uma transição ecológica justa, uma governança multilateral para inteligência artificial e o uso de moedas locais como medidas estratégicas para enfrentar os desafios globais.

Para ele, a sinergia permanente entre países em desenvolvimento permitiu enfrentar os efeitos da crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19 e que, diante do ressurgimento do protecionismo, “cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional”.

CNI defende mais integração comercial

O presidente da CNI, Ricardo Alban, reforçou o compromisso do setor produtivo brasileiro com o fortalecimento do BRICS. Em sua fala, destacou a importância da cooperação público-privada e da atuação da CNI na secretaria-executiva do Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics) e da Aliança Empresarial de Mulheres (WBA).

Ele destacou o volume de negócios do grupo, que movimentou US$ 1 trilhão em 2023, mas defendeu a importância de intensificar as trocas comerciais pois o valor corresponde a 20% do valor exportado e a 30% do importado por países do BRICS.


“O comércio intrabloco comporta crescimento significativo, pois hoje, apesar da relevância econômica individual de cada nação, o volume de trocas entre nós representa muito pouco quando comparado ao que comercializamos com o resto do mundo. É preciso avançar”, afirmou Ricardo Alban.


Segundo Alban, os países do bloco representam 36% das exportações brasileiras, o equivalente a US$ 122 bilhões, e respondem por um estoque de US$ 51,5 bilhões em investimentos no Brasil.

O dirigente também destacou a vocação da indústria brasileira para ocupar papel estratégico nas cadeias de valor ampliadas do BRICS, com foco em áreas como transição energética, segurança alimentar, infraestrutura e tecnologias verdes. “Queremos oferecer ao mundo o que o Brasil tem de melhor: criatividade, força produtiva e o compromisso com um planeta mais sustentável”, disse

Brasil tem dado importantes contribuições para agendas globais, diz Alban

Alban listou as importantes contribuições que o Brasil, por meio do governo e da iniciativa privada, tem dado para discussões e agendas globais, como a liderança do G20 e do B20, o próprio BRICS e, em novembro, como país sede da 30ª Conferência da Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima, a COP30.

“Nesses tempos desafiadores, marcados por conflitos geopolíticos, emergência climática e novidades tecnológicas, o Brasil ocupa uma posição singular na diplomacia econômica e na governança global. A liderança em fóruns globais relevantes permite a construção de pontes entre diferentes blocos geopolíticos e a busca de soluções compartilhadas para os desafios do mundo contemporâneo”, disse.

O dirigente lembrou ainda que a CNI, liderando o setor produtivo brasileiro, propôs a criação de um fórum de representação empresarial para as discussões sobre clima, a Sustainable Business COP. “Essa convergência é muito positiva não apenas para o Brasil como nação, mas também para o setor produtivo, pois reforça a capacidade de articularmos uma agenda integrada, que combine desenvolvimento econômico, transição energética, sustentabilidade e inclusão social”, pontuou o presidente.

Sobre o Fórum

O Fórum Empresarial do BRICS é uma plataforma para o avanço da cooperação diante dos desafios globais que reúne esforços dos países membros para promover uma agenda baseada em inovação, sustentabilidade e inclusão econômica. O evento conta com os patrocinadores XCMG, DP World, Keeta, WEG, Embraer, Vale, Febraban, Mebo International, Marfrig/BRF, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Social da Indústria (SESI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), além do apoio institucional do Conselho Nacional do Sesi, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da Natura, do SEBRAE, da ApexBrasil e da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Veja mais fotos da abertura do Fórum Empresarial do BRICS no Flickr da CNI.

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