Cooperação entre fintechs e bancos pode facilitar o crédito para empresas

Workshop organizado pela CNI discute regulamentação e papel das startups que oferecem serviços financeiros em plataformas digitais

Os participantes do workshop concordaram que é importante regular o setor. As regras devem estabelecer as responsabilidades das plataformas e permitir o constante desenvolvimento das tecnologias

As fintechs, empresas inovadoras que oferecem informações e serviços financeiros em plataformas digitais, não tomarão o lugar dos bancos. A tendência é que, em vez da concorrência, haverá muita cooperação entre as startups de serviços financeiros e os bancos. Isso facilitará o acesso ao crédito para as empresas. Esse é uma das conclusões do workshop Fintechs: uma força transformadora para o financiamento das empresas brasileiras?, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira (1º), em Brasília. 

"Quando começaram a aparecer, as fintechs assustaram o mercado bancário. Mas hoje o cenário que se desenha é o de cooperação", afirmou o gerente de Relacionamento Institucional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ciro Magalhães Jorge. Ele explica que, atualmente, os bancos acompanham as experiências das fintechs para ajustar e dar celeridade a alguns processos. Além disso, algumas instituições investem em plataformas que conectam diversas startups para oferecer serviços dentro do modelo de open banking. O próprio BNDES, informou Magalhães, identifica possibilidades de cooperação com fintechs nos processos de prospecção, análise e recuperação de crédito. 

As fintechs, explicou o fundador da Conexão Fintech, José Prado, oferecem soluções tecnológicas para o mercado financeiro que melhoram a experiência e ajudam a resolver os problemas dos usuários. "A grande vantagem dessas empresas é a eficiência e isso reduz custos", disse Prado. 

Exemplo disso é a fintech F(x), que busca crédito para médias e grandes empresas no mercado financeiro. O fundador e diretor da empresa, Dan Cohen, disse que a tecnologia usada pela F(x) encurta os caminhos para o empresário que busca crédito e da instituição financeira que procura interessados em obter empréstimos. "O que se resolvia em duas ou três semanas agora é possível resolver em segundos", afirmou Cohen. 

Segundo ele, tanto o candidato ao empréstimo como a instituição que empresta o dinheiro poupam tempo e gastos com viagens, reuniões, visitas. Hoje, a F(x) tem cerca de 150 instituições financeiras cadastradas. Entre os desafios, destacou Cohen, é engajar os bancos públicos e de desenvolvimento. "O papel das fintechs é aumentar a eficiência do mercado financeiro e ampliar a oferta de crédito no país", completou. 

REGULAÇÃO - Os participantes do workshop também concordaram que é importante regular o setor. As regras devem estabelecer as responsabilidades das plataformas e permitir o constante desenvolvimento das tecnologias. "A regulação é importante para mitigar os riscos", afirmou o diretor de Regulação do Banco Central, Otávio Damaso. Ele destacou que o Banco Central pretende, a partir da consulta pública que está em andamento, estabelecer regras compatíveis com as novas tecnologias e com os riscos que as fintechs representam para o sistema financeiro. 

Na avaliação de José Cavalcanti Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os princípios reguladores devem ser a proteção ao investidor e a prevenção de riscos sistêmicos do mercado de capitais. Segundo ele, há um grande interesse dos investidores em aplicar recursos em startups financeiras, mas ainda falta segurança para concretizar os investimentos.

Com uma regulação adequada, a expectativa é que as mudanças trazidas pelas fintechs ao mercado financeiro e as perspectivas de cooperação com os bancos ampliem a oferta e facilitem o acesso das empresas ao crédito.

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