Acordos para evitar a bitributação aumentarão investimentos brasileiros no exterior, avalia CNI

Empresas que não realizam investimentos fora do país reduzem a produtividade e as exportações, perdem acesso à mão de obra mais qualificada, à tecnologia e à inovação

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, defendeu a ampliação dos investimentos no exterior

O Brasil precisa fechar acordos para evitar a dupla tributação com países como Estados Unidos, Colômbia, Austrália, Alemanha e Reino Unido, se quiser estimular os investimentos das empresas brasileiras no exterior. Além disso, o país deve eliminar a insegurança jurídica do modelo brasileiros de tributação dos lucros obtidos no exterior, negociar acordos de proteção aos investimentos para reduzir o risco políticos, com países como Argentina, China, México, Moçambique e Angola. As recomendações estão no Relatório dos Investimentos Brasileiros no Exterior 2013, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Conforme o estudo, divulgado nesta quinta-feira (16), a participação do Brasil nos estoques globais de investimentos está mais reduzida. Caiu de 1,96% na década de 1990 para 0,99% em 2012, ano em que os investimentos do país no exterior somaram US$ 266,2 bilhões. O relatório conclui que a perda de espaço do país é resultado da falta de políticas coordenadas para apoiar a internacionalização das empresas.

Entre 2008 e 2012, o Brasil perdeu 159 posições no ranking dos principais investidores mundiais da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Em apenas quatro anos, o Brasil caiu da 20ª posição para o 179º lugar na lista de 182 países. "A redução dos investimentos no exterior diminui a capacidade das empresas brasileiras de concorrerem em pé de igualdade com as estrangeiras, tanto no mercado interno como no externo", explica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

No mesmo período em que o Brasil reduziu investimentos externos, cresceu a participação das demais economias emergentes no estoque global. A participação da China, por exemplo, aumentou de 0,21% em 1990 para 2,16% em 2012. A da Rússia passou de zero para 1,75% e a do Chile subiu de 0,1% para 0,41% entre 1990 e 2012. A participação dos países em desenvolvimento nos estoques globais de investimento subiu de 6,92% para 18,9%.

IMPACTOS - Na análise da CNI, as empresas que não realizam investimentos no exterior reduzem a produtividade e as exportações, perdem acesso à mão de obra mais qualificada, à tecnologia e à inovação. Também estão menos preparadas para enfrentar a concorrência internacional. No atual cenário de pós-crise, em que pequenas, médias e grandes empresas do mundo buscam mercados além de suas fronteiras, as brasileiras correm o risco de serem absorvidas pelas estrangeiras ou verem seus produtos substituídos por importados.

Por isso, além dos acordos contra a bitributação e da revisão das regras de tributação dos lucros obtidos no exterior, a CNI defende o aumento da ação da diplomacia brasileira junto aos governos estrangeiros na defesa dos interessas das empresas do Brasil e agilizar o início das operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Londres, com o objetivo de reduzir o custo do financiamento para as empresas. O relatório inclui pesquisa com as 28 principais transnacionais brasileiras.

 Download de Arquivos

Apresentação do Relatório dos Investimentos Brasileiros no Exterior 2013 (PPT 1.6 MB)

Relatório dos Investimentos dos Brasileiros no Exterior (PDF 6.1 MB)

Relacionadas

Leia mais

Exportação precisa ser estratégia de negócio, diz Diego Bonomo
7 serviços para ajudar sua empresa a exportar

Comentários