Modelos de financiamento adequados são fundamentais para o desenvolvimento de tecnologias limpas, defende CNI

Representantes da indústria participarão da 24ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, que ocorre até 14 de dezembro, em Katowice, na Polônia. CNI entregou propostas para articulação do governo

CNI propõe redução das taxas de juros e contrapartidas mais atrativas para impulsionar investimentos em negócios com menos emissão de gases de efeito estufa

O desenvolvimento de modelos financeiros adequados para incentivar a indústria a investir em tecnologias e processos com menos emissão de gases de efeito estufa é ponto central do documento Contribuição da Indústria para a Agenda de Financiamento Climático, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou a representantes do governo. A indústria espera que as propostas sejam contempladas nas negociações da 24ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-24), que começou nesta segunda-feira (3) e vai até 14 de dezembro, em Katowice, na Polônia.

Entre as propostas da CNI para melhorar o modelo de financiamento, estão a redução das taxas de juros e contrapartidas mais atrativas aos investidores, aperfeiçoamento de mecanismos para que pequenas e médias empresas possam obter crédito e regras mais claras e simples que reduzam o custo dos procedimentos de monitoramento dos projetos. A CNI defende ainda o aumento de crédito para pesquisa e desenvolvimento e o melhor aproveitamento da capacidade das instituições financeiras em modelar projetos e combinar instrumentos de crédito.

De acordo com o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, que estará na COP-24 acompanhando as negociações, arranjos financeiros adequados à realidade e às necessidades da indústria são fundamentais para a geração de negócios com menos emissões.

“Apesar dos processos industrias terem participação de apenas 7% nas emissões brasileiras, o setor tem condições de contribuir muito mais, tanto em seus processos quanto na geração de novos negócios que contribuem para redução de emissões em toda a economia”, destaca. “Criar modelos financeiros adequados à indústria possui efeito exponencial, com geração de emprego e renda", completa Bomtempo.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – Para atingir a medida adicional da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) de promover novos padrões de tecnologias limpas e ampliar medidas de eficiência energética e de infraestrutura de baixo carbono, é preciso criar um ambiente propício aos investimentos. A CNI propõe, além de redução das  taxas de juros, a eliminação de elevadas exigências bancárias e simplificação do processo de concessão de crédito a projetos de eficiência energética na indústria. A entidade defende ainda a criação de arranjos financeiros específicos para tecnologias de baixa emissão de carbono, que hoje concorrem com outros tipos de investimentos.

Estudos da CNI e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostram que, para implementação das medidas adicionais da NDC, são necessários aportes financeiros da ordem de R$ 316 bilhões no setor elétrico, R$ 140 bilhões no setor sucroenergético e entre R$ 890 bilhões e R$ 950 bilhões em toda economia.

AGENDA – As propostas da indústria para implementação e financiamento da NDC brasileira serão apresentadas em evento com representantes empresariais, do governo e parlamentares no Espaço Brasil, no dia 10 de dezembro, na COP-24. O encontro é promovido em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o Ministério da Indústria e Serviços (MDIC), a Frente Parlamentar da Química e a Rede Brasil do Pacto Global. Participam dos debates o presidente do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da CNI, Marcelo Thomé, e o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.

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