CNI defende regulamentação de serviços de reúso de água de esgoto tratado

Com os avanços no marco legal do saneamento, setor industrial vê oportunidade para estimular o uso do recurso para gerar novos negócios e contribuir para aumentar a segurança hídrica

"O incentivo ao uso da água residual contribui significativamente para a segurança hídrica" - Mônica Messenberg

Com os avanços no marco legal do saneamento, o setor industrial mobiliza-se para avançar também na regulamentação de serviços de reúso de água de esgoto tratado. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil tem potencial para aumentar em quase 13 vezes a capacidade instalada para produzir água de reúso – hoje produz pouco mais de um metro cúbico por segundo.

Para isso, seriam necessários investimentos de R$ 1,89 bilhão em infraestruturas de reúso de água, que trariam um incremento na economia de quase R$ 5,9 bilhões.

Acesse o estudo na íntegra

A CNI defende que a regulamentação de serviços de reúso de água de esgoto tratado crie ambiente seguro e atrativo para novos negócios. Embora o marco legal do saneamento tenha contemplado entre suas diretrizes o reúso de efluentes sanitários, é necessário esclarecer ainda questões relativas à titularidade do efluente para reduzir a insegurança jurídica que inibe os investimentos nessas iniciativas.

Para a CNI, quando realizado no mesmo terreno, o serviço de reúso de efluente sanitário não deve ser considerado serviço público. “O incentivo ao uso da água residual contribui significativamente para a segurança hídrica e, por isso, precisamos avançar rapidamente nessa regulamentação", reforça a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.

Estudo da CNI mostra que seriam necessários investimentos de R$ 1,89 bilhão em infraestruturas de reúso de água, que trariam um incremento na economia de quase R$ 5,9 bilhões

Crise hídrica impulsionou o reúso de água em fábrica paulistana

Apesar de não estar regulamentada, a prática de reúso de água é cada vez mais disseminada no setor industrial brasileiro, em especial dentro da mesma planta industrial. Após a crise hídrica de 2015, em estados da Região Sudeste, a fábrica da Thyssenkrupp em Campo Limpo Paulista (SP) construiu, em 2016, um reservatório de água para reuso.

Com isso, a captação no Rio Jundiaí, que era de 4 mil metros cúbicos por dia, foi reduzida para menos da metade: 1,5 mil metros cúbicos ao dia. 

Atualmente, a fábrica deixa de captar, aproximadamente, 700 mil metros cúbicos do rio por ano, o suficiente para abastecer por um ano uma cidade de 15.000 habitantes. O projeto também realiza a captação da água de chuva e é usado ainda em ações de conscientização, tanto do público interno quanto do externo sobre a necessidade de se preservar esse recurso natural.

Estudos contribuem para apoiar construção de projetos de reúso

A CNI já elaborou estudos de potencial de projetos de reúso de efluente de tratado na região metropolitana de São Paulo e em mais sete estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Maranhão.

Foram escolhidas essas unidades da Federação tanto pela situação histórica de escassez hídrica, como é o caso dos estados do Nordeste, quanto de agravamento e incertezas sobre a disponibilidade de água vivenciadas nos últimos anos nos estados do Sudeste.

No estudo sobre o impacto econômico dos investimentos de reúso de efluentes tratados de esgoto para o setor industrial do crescimento econômico de R$ 5,9 bilhões que podem ser gerados com projetos de reúso de água de efluentes tratados, R$ 3,7 bilhões seriam gerados pelo setor industrial, R$ 2 bilhões em serviços e R$ 180 milhões na agropecuária.

A geração de emprego seria de quase 96 mil postos de trabalho e R$ 999,74 milhões em massa salarial, além de R$ 464 milhões em arrecadação de impostos.

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