Representantes do governo africano comprovam: é seguro investir no continente

Para Odete Semião, coordenadora de Programas Especiais de Desenvolvimento do Ministério do Transporte e Comunicações de Moçambique, melhorias no continente vão se consolidar

Vale a pena investir na África, pois as melhorias vão se consolidar. Com essa frase, a coordenadora de Programas Especiais de Desenvolvimento do Ministério do Transporte e Comunicações de Moçambique, Odete Semião, encheu de otimismo uma platéia de mais de 500 pessoas, entre empresários e diplomatas, nesta quarta-feira (22). Semião encerrou o painel "Infraestrutura, um Setor Vital para a Integração Continental" do Seminário África, organizado pelo Valor Econômico na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF).

De acordo com Odete Semião, em todo o continente há um estoque de projetos em infraestrutura de US$ 64,32 bilhões para os próximos cinco anos, e de US$ 310 bilhões em 15 anos, até 2027. Esses projetos foram mapeados pela Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (da sigla em inglês SADC), um bloco econômico e político formado por 15 países.

Há entre os projetos, por exemplo, 73 na área de produção de energia, como a construção da Central Térmica do Norte de Gokwe, e de transmissão, entre eles as linhas entre Moçambique e Malauí e Zâmbia e Tanzânia. Semião também apresentou outros 30 projetos em transporte, num total de US$ 100 bilhões.

Para o presidente da SADC, ministro dos Transportes de Moçambique, Paulo Zucula, o plano de investimentos em infraestrutura é ambicioso e exige a participação privada para que os projetos sejam implementados. "As parcerias público-privadas (PPPs) são uma saída, porque não podemos pagar. Mas posso dizer que a inclusão social dessas obras é muito grande, diferente do padrão colonizador que não gera benefícios", destacou Zucula.

INVESTIMENTOS - O embaixador da Argélia, Djmael Eddine Omar Bennaoum, lembrou que a África possui 12% das reservas de petróleo, 40% das reservas de ouro, cerca de 90% das de cromo e platina e 60% das terras aráveis. Além de uma vasta área com madeiras e recursos naturais estratégicos.

Ainda segundo Bennaoum, o PIB nominal está na ordem de US$ 1,6 bilhão e, nos últimos dez anos, o continente registra um crescimento econômico sustentável com uma dívida externa em queda, que passou de 63% do PIB, em 2000, para 22,2% em 2011. No mesmo período a inflação média caiu de 15% para 8,1%.

Os dados refletem o potencial do continente, tanto em recursos naturais quanto em transformação econômica. E o principal desafio para os africanos, segundo o Banco Mundial, são os investimentos em infraestrutura. "Também queremos deixar de ser uma economia que depende das explorações de seus recursos para ser uma economia de transformação", acrescentou o embaixador.

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