Presente ao fechamento do seminário "As Relações do Brasil com a África - A Nova Fronteira no Desenvolvimento Global", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou os empresários brasileiros a ampliarem negócios com o continente. O evento, que comemora os 50 anos da União Africana, reuniu investidores e representantes dos países na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília (DF), nesta quarta-feira (22). Atualmente, segundo ele, pouco mais de 5% do total das relações comerciais brasileiras são com a África.
Lula destacou que esses investimentos são bons para os africanos e também para o Brasil. Até 2020, estão previstos e já captados US$ 68 bilhões dentro do programa para o desenvolvimento de infraestrutura na África, o PIDA (sigla em inglês para Programme for Infrastructure Development in Africa), que devem ser aplicados em setores como energia, transporte e tecnologia e ainda habilitar a África para a construção de seu mercado comum. Até 2040, o valor sobe para US$ 360 bilhões.
Em sua visão, é possível aproveitar o crescimento do mercado interno e a ampliação do consumo nos países como uma nova fronteira para suas exportações. Como aconteceu no Brasil, Lula espera que a inserção da classe baixa no consumo alavanque as economias africanas. "Vamos inserir os pobres no comércio internacional", disse.
"É preciso que, nas parcerias feitas agora com a África, o Brasil não cometa os mesmos erros que países como Inglaterra e França cometeram conosco no início do século 19", destacou ao lembrar que é preciso fazer transferência de tecnologia, utilização de mão de obra local e formação de trabalhadores. "Nós temos que começar a colocar negros africanos na direção das nossas empresas", afirmou e logo foi aplaudido.
"Não defendo nada que coloque em risco as instituições brasileiras, mas precisamos criar novos mecanismos de financiamento para África e América do Sul", ponderou. Para ter uma economia forte, destacou Lula, o Brasil deve assumir de vez seu lugar de ator global. "Do contrário, vamos emprestar dinheiro para quem não precisa", destacou.
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