Na África, empresas brasileiras apostam em inovação para driblar falta de infraestrutura

Painel realizado durante o seminário "As Relações do Brasil com a África - A Nova Fronteira no Desenvolvimento Global", nesta quarta-feira (22), teve como tema a adaptação de produtos e estratégias no continente africano

"Tem seus desafios, mas aprendemos a trabalhar na África" - Wilson Melo

No continente africano, onde 39% da população têm acesso a energia elétrica, 63% a água potável, 35% a saneamento e apenas 19% das rodovias são pavimentadas, fazer negócios exige criatividade para driblar obstáculos impostos pela infraestrutura. A necessidade de adaptar produtos e estratégias de venda no continente foi tema do painel “Investimentos e Perspectivas”, realizado durante o seminário "As Relações do Brasil com a África - A Nova Fronteira no Desenvolvimento Global" nesta quarta-feira (22).

Em muitos casos, é necessário desenvolver produtos que se adaptem à temperatura e às distâncias percorridas da fábrica ao consumidor final, como no caso apresentado pela empresa alimentícia BRF-Brasil Foods. De acordo com o vice-presidente de Assuntos Corporativos, Wilson Melo, foi necessário desenvolver uma margarina que não precisa ser refrigerada.

"Tem seus desafios, mas aprendemos a trabalhar na África", afirmou. Atualmente, a empresa atende a 30 dos 54 países africanos e prevê um potencial de crescimento de 20% no volume das vendas e 32% no faturamento. Para isso, investe na inovação das estratégias, a exemplo da redução do volume das caixas exportadas para o continente – cada embalagem de frango, que continha 17 unidades do produto, passou a contar com apenas dez unidades. A mudança teve dois motivos: reduzir o peso para o vendedor ambulante e auxiliar na conta. "Dividir por 10 é mais fácil do que dividir por 17", justificou.

CRESCIMENTO – De acordo com o diretor da Marcopolo, José Rubens De La Rosa, a empresa produz 500 ônibus no Egito, mas o potencial é de 4 mil ônibus por ano. "Estamos levando conhecimento, melhores práticas de gestão e o coração. Recebemos, como contrapartida, a alegria do processo mútuo. Eles precisam de que a gente acredite na África. E a África tem de apoiar a indústria que lá está", argumentou.

A Vale, por sua vez, pretende investir US$ 2 bilhões em minas, US$ 4,4 bilhões em infraestrutura e logística e US$ 1 bilhão em hidrelétricas, segundo o diretor de Assuntos Corporativos da empresa. Nos próximos anos, serão US$ 7 bilhões investidos em sete países africanos, com exploração de carvão em Moçambique, minério de ferro e bauxita na Guiné e cobre em Angola, Congo e Zâmbia.

NOTÍCIAS RELACIONADAS:

22.05.2013 - África é nova fronteira para o crescimento da economia brasileira, diz Lula
22.05.2013 - Empresários brasileiros devem priorizar participação no mercado africano
22.05.2013 - Representantes do governo africano comprovam: é seguro investir no continente
22.05.2013 - BNDES vai priorizar projetos de exportadoras brasileiras que atuam na África

Relacionadas

Leia mais

Conheça as principais propostas para ampliar comércio e investimento na África
Produtos industriais brasileiros perdem espaço na África, aponta CNI
Brasil precisa de estratégia de negócios de longo prazo para a África

Comentários