Investir em inovação garante competitividade às empresas no longo prazo

A CNI propõe políticas públicas para alavancar a inovação no país. Serviços do SENAI e SESI reforçam o apoio às indústrias na área

Até 2018, o SENAI vai inaugurar 25 Institutos SENAI de Inovação em 12 estados. Até agora, 21 já estão em funcionamento

É natural que, em tempos de crise, empresas deem mais ênfase à sua saúde financeira e sobrevivência no curto prazo do que com o futuro. No entanto, é nesse momento que as indústrias precisam estar mais antenadas com as tendências e inovações, para garantirem competitividade no longo prazo e saírem na frente da concorrência quando a crise passar. Com essa certeza, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mantém um esforço constante para fomentar a inovação no país. Assim nasceu, em 2008, a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada pela CNI.

Criada para ser um espaço de diálogo consolidado e efetivo entre os setores privado, público e acadêmico no país, a MEI tem o objetivo de incorporar a inovação na estratégia das empresas e aperfeiçoar as políticas de inovação no país. Hoje, a mobilização conta com 121 líderes empresariais engajados na luta pelo aumento da capacidade inovativa do país.

Para o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Paulo Mól, países ricos têm uma indústria forte e investem em inovação. As empresas, por sua vez, se tornam mais produtivas e competitivas quando inovam. “Investir em inovação garante a sustentabilidade das empresas”, diz. Ouça:

CONQUISTAS – A CNI defende junto ao governo uma agenda que incentive as empresas a darem cada vez mais importância à inovação. Esse trabalho é refletido em aprovação de normas que melhoram o ambiente de negócios, como a regulamentação do novo marco de ciência, tecnologia e inovação (Lei nº 13.243/2016). Defendida pela CNI, a lei prevê, entre outras coisas,  isenção de impostos para a importação de insumos pelas empresas do setor e amplia o tempo máximo que os professores universitários podem se dedicar a projetos de pesquisa e extensão.

Outra bandeira da instituição é o aprimoramento da Lei do Bem, que concede incentivos fiscais a empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Ou seja, uma empresa que busca criar tecnologias inovadoras pagará menos imposto para fazê-lo. Outra ação para estimular a inovação foi a elaboração de um documento com sugestões de aprimoramento à Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o período 2016-2019. Ele contém propostas de objetivos, metas e prioridades em ciência, tecnologia e inovação para que o Brasil ganhe maior protagonismo na economia global.

Um dos grandes resultados da articulação da MEI nos últimos anos está a criação, em 2013, da Associação de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) para apoiar a fase pré-competitiva da inovação, caracterizada por altos investimentos e riscos. A instituição tem o papel de incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias com investimento compartilhado entre empresa e instituição de pesquisa.

MÃO NA MASSA – Além dos frutos da articulação político-institucional, feita pela MEI, as entidades do Sistema Indústria também prestam serviços diretos às empresas para promover a inovação. Isso significa que a CNI não só trabalha estrategicamente para estimular a inovação no Brasil, mas também coloca a mão na massa e investe pesado para que o país dispute mercados em igualdade de condições com grandes potências mundiais. Um exemplo real dessa iniciativa é o Edital de Inovação para a Indústria, que tem o objetivo de financiar o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços inovadores para o mercado brasileiro.  Esse é o instrumento de projetos inovadores que está vigente há mais tempo de forma ininterrupta no país.

Em 2016, foram disponibilizados R$ 23,6 milhões para projetos, sendo R$ 20 milhões do SENAI e R$ 3,6 milhões do SESI. A edição do ano passado também contou com a participação de instituições âncoras, ou seja, empresas e instituições que apoiaram, com recursos próprios, projetos de inovação que representassem soluções para desafios específicos de seus interesses. Ao todo foram submetidos 983 projetos, dos quais 70 foram aprovados em duas categorias: Inovação Tecnológica e Protótipos de Inovação. Foram investidos mais de R$ 57 milhões nos trabalhos selecionados. Em 2017, o edital ganhou força com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que apoiará iniciativas inovadoras em pequenas empresas. Os investimentos previstos estão na ordem de R$ 53,3 milhões.

As ideias contempladas podem refletir em melhorias não só para as indústrias, como para a população. É o caso da Atar Band – projeto apoiado pelo edital em 2014 –, uma pulseira capaz de realizar pagamentos em máquinas de cartão apenas com a aproximação do pulso do usuário. Chegar ao design final foi possível graças à consultoria contratada com os recursos do edital.

Para o diretor executivo e co-fundador da ATAR, Orlando Purim, a maior ajuda proporcionada pelo SENAI foi em traduzir os valores da empresa em uma marca e um produto. “O Edital de Inovação nos ajudou em um momento em que era muito importante construir nossa marca e trazer esses valores de design para o produto”, conta Orlando.

GRANDES NÚMEROS DO EDITAL INOVAÇÃO PARA A INDÚSTRIA

•    Desde a primeira edição, em 2004, o edital investiu R$ 380 milhões em cerca de 700 projetos inovadores de 600 empresas;

•    Em 2017, o edital vai destinar R$ 53,6 milhões a cerca de 280 projetos inovadores em empresas;

•    Em 2016, foram disponibilizados R$ 23,6 milhões para 70 projetos.

OUTROS SERVIÇOS

Institutos SENAI de Inovação - Em setembro de 2013, o SENAI iniciou as atividades da rede de Institutos SENAI de Inovação, que já conta com 21 unidades em operação e 369 projetos contratados. Até 2018, o SENAI vai inaugurar 25 Institutos SENAI de Inovação em 12 estados. Com a rede, o SENAI se torna a ponte entre o que indústria quer e o que a pesquisa aplicada oferece. 

Os institutos preenchem a lacuna por meio de serviço tecnológico de alta complexidade e de alto valor agregado, consultoria e treinamento, transferência de tecnologia e redução de riscos. Além disso, conta com os laboratórios abertos, que são ambientes de inovação em que pessoas com diferentes perfis e habilidades desenvolvem ideias e projetos, de forma colaborativa.

Dos 21 institutos, seis são unidades vinculadas à Embrapii. A previsão é que, até o fim deste ano, sejam mais 11 unidades integradas a essa rede.

Institutos SENAI de tecnologia – Nessas unidades, são ofertados serviços técnicos especializados, como de prototipagem e de metrologia, além de consultorias em processos produtivos de especialização do instituto.

Inova Talentos –  Feito para graduandos, graduados, mestres e doutores, o programa Inova Talentos ajuda a desenvolver habilidades e competências ligadas à inovação. Desenvolvido pelo IEL, ele proporciona qualificação e vivência empresarial a partir do desenvolvimento e execução de projetos de inovação em empresas e institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Desde o lançamento da iniciativa, em 2013, até 2016 foram inseridos mais de mil bolsistas nas empresas.

SAIBA MAIS - Acompanhe todas as reportagens da série Indústria: o motor do Brasil:

1ª- SÉRIE ESPECIAL: A cada real produzido pela indústria, são gerados R$ 2,32 para a economia brasileira
2ª - Ações em defesa de interesses da indústria visam a aumentar a competitividade do setor
3ª - Representação empresarial mais forte contribui para o aumento da competitividade das empresas
4ª - 6 serviços do Sistema Indústria para fazer o Brasil crescer
5ª - Dia da Indústria: a importância do setor que movimenta a economia brasileira
6ª - SESI e SENAI realizam pilotos para implementar novo currículo do ensino médio
7ª - Investir em inovação garante competitividade às empresas no longo prazo

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