A tecnologia do cuidado: SESI apresenta soluções inovadoras para a saúde do trabalhador

Quase R$ 35 milhões já foram investidos nos centros de inovação do SESI, que dão recursos à indústria para zelar pela saúde dos trabalhadores

Inovações do SESI na saúde e segurança do trabalhador já oferecem 29 protocolos e programas para a indústria

A saúde do trabalhador tornou-se uma preocupação mais presente nas empresas nos últimos anos. Além do cuidado com a qualidade de vida de cada colaborador, fatores como o envelhecimento da mão de obra, o aumento dos afastamentos por motivos médicos e o elevado custo dos planos de saúde têm impacto nas contas e na produtividade da indústria.

Atento ao problema, o Serviço Social da Indústria (SESI) vem trabalhando em pesquisas e soluções por meio de seus nove centros de inovação. Criados há dois anos, esses centros têm como propósito desenvolver tecnologias para melhorar a saúde e a segurança dos funcionários em todas as fases da vida, reduzir o número de acidentes de trabalho e aumentar a produtividade das empresas.

Pesquisa da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), em parceria com a Aliança para a Saúde Populacional (Asap), realizada em 2017 com 668 empresas brasileiras de pequeno, médio e grande porte, mostra que os custos de um quarto delas com segurança e saúde no trabalho tinham subido mais de 20% naquele ano em relação ao anterior. Para 24% dessas empresas, o aumento foi menor, mas ainda assim de 10% a 15%. 

Na opinião do diretor de Operações do SESI, Paulo Mól, um dos objetivos dos centros de inovação é reduzir o número de faltas do trabalhador, também conhecido como absenteísmo. “Quando fazemos isso, reduzimos os custos das empresas. É algo muito importante: conectar a tecnologia a uma causa extremamente nobre: a segurança do trabalhador”. 

De 2016 a 2018, R$ 34,7 milhões foram investidos nos nove centros e os resultados são visíveis: em 2017, primeiro ano de funcionamento, as unidades iniciaram 19 projetos-piloto com 33 empresas. Atualmente já são 29 soluções prontas que proporcionaram atendimento a 45 indústrias. O número de projetos qualificados no Edital de Inovação do SESI em Saúde e Segurança passou de 15, em 2016, para 74, em 2018. Em valores, o investimento subiu de R$ 1,4 milhão para R$ 4,9 milhões. 

Os centros atuam em diferentes temáticas da saúde e segurança do trabalho e operam em rede para atender a empresas de todo o país. Na Bahia, por exemplo, está o centro de Prevenção da Incapacidade; no Rio Grande do Sul, o de Fatores Psicossociais; em Santa Catarina, o de Tecnologias para a Saúde; e em Minas Gerais, o de Ergonomia. “Trata-se de um novo impulso ao trabalho que o SESI desenvolve há 70 anos e que o tornou referência na promoção da saúde do trabalhador e no desenvolvimento de ambientes de trabalho mais seguros”, destaca Paulo Mól.

As soluções desenvolvidas nos centros de inovação formam um banco de dados que fica disponível na chamada Plataforma Nacional de Soluções do SESI. Atualmente são 29 tecnologias para a indústria e elas estão acessíveis a empresas de todos os portes. Os interessados podem relatar o desafio na plataforma e, uma vez identificado o que pode ser feito, o projeto é direcionado ao centro mais adequado. Existe, ainda, a possibilidade de utilizar soluções já desenvolvidas que estão expostas na plataforma.

Para prestarem o melhor serviço possível, os centros têm feito parceria com instituições internacionais de referência na área. Com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, os centros brasileiros estão desenvolvendo um modelo de calculadora para a gestão de custos de saúde e de segurança. Em parceria com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (FIOH) e o Instituto Holandês de Inovação (TNO), trabalham para criar metodologias e técnicas para sensibilizar e apoiar gestores a inserir temáticas como longevidade, ergonomia e gestão de fatores psicossociais no dia a dia das empresas.

MELHORIAS REAIS - A parceria entre o Centro de Inovação SESI Longevidade e Produtividade, em Curitiba (PR), e a Caemmun Movelaria, por exemplo, resultou no programa Vida e Trabalho, que prepara os 500 trabalhadores dessa indústria de móveis, localizada em Arapongas, interior paranaense, para as oportunidades e os desafios do envelhecimento. A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, em 2040, o Brasil terá 66,5 milhões de habitantes com mais de 60 anos. “Nunca antes nós tivemos três, quatro gerações trabalhando de forma conjunta. Esse vai ser um grande desafio para as empresas: fazer a gestão dessas diferentes gerações”, explica Noélly Mercer, coordenadora do Centro de Inovação em Longevidade.

O programa tem duração de seis meses e inclui encontros de duas horas para debater temas como saúde, competências para a vida pessoal e profissional, gestão do estresse, capacidade funcional, entre outros. Na Caemmun, o programa foi aplicado como piloto e envolveu 26 trabalhadores na faixa etária de 30 a 50 anos. O resultado foi a melhora no índice da capacidade para o trabalho. Esse índice varia de 0 a 49. Na Caemmun, antes do programa, a média era de 42,8; agora,  subiu para 44,6.

“Todos vão envelhecer e precisam fazer esse processo com qualidade para garantir tanto a saúde quanto a empregabilidade. Por isso, a empresa investe em programas de saúde e estimula uma cultura voltada ao conhecimento, para que todos possam acompanhar as transformações e se manter atualizados”, afirma a gerente de Recursos Humanos da Caemmun, Ana Cláudia de Lima.

Outra parceria que deu certo foi o uso do aplicativo Guidoo na indústria têxtil Daniela Tombini, localizada no município de Caçador, em Santa Catarina. O aplicativo permite o acompanhamento individual dos usuários por um profissional especializado em coaching de saúde e bem-estar, que atua como um guia de incentivo à mudança de comportamentos.

Aos 33 anos e acima do que considerava seu peso ideal, Leiliane Pimentel se percebia sedentária e com hábitos de alimentação ruins. Essa fase acabou no fim do ano passado, quando ela e outros 45 trabalhadores da Tombini concordaram em participar dos testes do Guidoo. Eles foram divididos em três equipes e tinham que postar fotos de pratos coloridos com verduras e legumes, assim como as atividades físicas praticadas. Em dois meses, ela perdeu três quilos e conquistou novos hábitos. “Gosto de ser desafiada e isso fez com que me sentisse envolvida e comprometida com os resultados”, argumenta. 

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