Vamos voltar para julho de 2023, quando um grupo de estudantes da Escola SESI SENAI, unidade da Serra Catarinense, em Lages-SC, deu o pontapé inicial em uma jornada que mudaria suas vidas e as de muitas outras pessoas. Com a mentoria de João Victor Goulart Gil, aos 17 anos, e a orientação do técnico João Frank Gil, nasceu uma ideia simples, mas poderosa: utilizar a tecnologia para descomplicar a aprendizagem da música para pessoas neurodivergentes, aquelas que tem um funcionamento neurológico que difere do considerado típico, muitas vezes associado a condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Dislexia.
Lucas Padilha, Maria Coelho, Saimon Padilha Passos e Felipe de Jesus, integrantes da mesma equipe da FLL (First Lego League) e todos com 16 anos no 2º ano do Ensino Médio, se engajaram com entusiasmo no projeto batizado de WALL-F, inspirado pelo carismático robô do cinema. O objetivo evoluiu rapidamente de um pequeno robô educativo para um piano inovador, capaz de ser mais do que apenas um instrumento musical.
Para tornar essa visão uma realidade palpável, a equipe, que compartilhava de uma experiência pessoal com o autismo, colaborou com neuro-psicólogas, instituições especializadas como APAEs e músicos com expertise em terapias inclusivas. Juntos, eles moldaram o WALL-F, um piano que tem um software com três programas inclusivos: um piano livre, um "Piano Memória" (desafiador no estilo do clássico jogo Genius) e um programa "Toque a Música" que transformava a experiência de tocar uma melodia em um processo interativo e ajustável.
O empenho e processo criativo da equipe não passaram despercebidos. No torneio First Lego League, a fusão de valores fundamentais e inovação rendeu-lhes o primeiro lugar na etapa regional em Joinville, SC, e o segundo lugar na etapa nacional, ambos na categoria Core-Values.
A motivação inicial, que poderia ter sido sufocada com o término da temporada do torneio de robótica, foi fortalecida. À medida que a comunidade em torno via o potencial do WALL-F, o entusiasmo cresceu. Um protótipo inicial, que conquistou corações na APAE, sem dúvida necessitava de uma versão mais robusta e fiável. Isso culminou na generosa doação de um piano de 7 oitavas pela Empresa FRITZ DOBBERT, de São Paulo.
Essa ambiciosa empreitada exigia financiamento e suporte técnico, que foram encontrados no laboratório de marcenaria do SENAI Lages sob a tutela de Marcos Lopes e nos recursos conquistados através do edital de Projetos Sociais da Sicredi, intermediado pelo Clube Rotary. O pacto com a APAE, já fortalecido pela confiança e colaboração, selou o acordo de doação e suporte contínuo.
Agora, enquanto 2024 se despede e deixa um legado de música e inclusão, espera-se que em 2025, pelo menos sete outras APAES da região recebam pianos WALL-F, cada um uma promessa tangível de crescimento e integração.
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