Moda: os 3 poderes para mudar o mercado de trabalho

Conheça a histórias de sucesso de alunos e ex-alunos do SENAI que conseguiram realizar seus sonhos e fazer parte do universo da moda

É de madrugada e Luísa Pimenta tem muito trabalho para fazer até o dia nascer. Em volta dela, um mar de tecidos brancos, rendas, agulha e linha. Ela precisa terminar os últimos ajustes, pedidos em cima da hora, para fazer mais uma noiva feliz em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Aos 24 anos, a história dela é um exemplo dos poderes da moda.

Um setor promissor, em ascensão, feito de inovação e criatividade. A indústria da moda é um celeiro de talentos, com possibilidades que vão muito além do trabalho da costura. Quem se forma em moda pode navegar por mundos bem diferentes. Dos negócios, da própria indústria de transformação, do marketing digital e até a fotografia. E nisso o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é um aliado estratégico para quem quer entrar nesse mundo. 

Peça-chave na economia criativa, a moda se profissionaliza no Brasil. Mas teve soluços no crescimento porque, como quase todos os setores, sofreu os efeitos da pandemia. Ainda assim, o segmento tem admirável capacidade de se reinventar – e depressa. As histórias dos profissionais e dos aspirantes a esse universo mostram que a moda muda mais que um look. Conheça os 3 poderes da Moda para mudar o mercado de trabalho.

1 - O poder de realizar sonhos

Há seis anos, Luísa Pimenta se mudou para o Rio de Janeiro em busca de um sonho – trabalhar com moda. Mesmo deslumbrada com a faculdade, o plano era voltar para a cidade natal após a graduação. “No começo do curso de Design do SENAI, eu tinha a certeza que seguiria na área dos lingeries, porque tem muita possibilidade em Friburgo”. A cidade é a capital da moda íntima no Brasil, com 25% da produção nacional e responde por 14% de peças exportadas. 

O que a Luísa não esperava era que, com a sua vocação, ela ia realizar sonhos de mais pessoas além dos dela. “Foi nos últimos semestres, fazendo meu estágio, que me vi encantada pelo universo das noivas”, relembra. Além do aprimorar o seu talento, ela viu uma oportunidade de negócios. “Eu me apaixonei por esse mundo e comecei a notar que várias meninas de Friburgo iam até o RJ para fazer os vestidos”, conta.

 

Luisa sempre sonhou em abrir sua própria marca de roupa e, após trabalhar com noivas, viu uma oportunidade de negócios

Um vestido feito sob medida precisa de muitas provas, investimento e tempo. O deslocamento de 142 km² de Nova Friburgo até o Rio de Janeiro torna tudo mais complicado.  “No meu TCC, decidi fazer um estudo sobre mercado e vi que não tinha esse serviço na minha cidade. Era a minha oportunidade de tentar algo novo”, conta a estilista. 

Formada, Luisa voltou para a cidade serrana, mas ainda havia barreiras para realizar seu sonho. “Eu não tinha dinheiro e nem confiança para abrir meu espaço. Apenas algum tempo depois, no casamento da minha amiga, resolvi fazer vestidos para algumas convidadas”, conta.

No universo de Nova Friburgo, com cerca de 100 mil habitantes, o seu nome correu a cidade depois do evento. “As pessoas viram os vestidos nas redes sociais, era um casamento grande em uma cidade pequena.  Meu trabalho foi muito bem recebido e ganhei confiança para tentar algo novo”, relembra.

Com a ajuda dos pais, a estilista abriu um espaço pequeno. “Eles me ajudaram com a atelier e a decoração, mas eu tive que bancar todo o resto. Trabalhava dia e noite e cobrava pouco. Foi uma fase difícil, mas necessária para poder crescer”, conta. 

O sacrifício compensou. Hoje, o Espaço Luisa Pimenta é muito maior e o ateliê conta com duas costureiras e uma assistente. 


“O vestido de casamento é o mais importante da vida de uma mulher e, por isso, dou minha vida em cada trabalho. Apesar de sempre ficar muito ansiosa, a melhor sensação é vê-las emocionadas e satisfeitas”, afirma Luisa.


De acordo com a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), o setor de festas e casamentos movimenta cerca de R$ 17 bilhões ao ano, o que o torna um mercado promissor. 

Em cada vestido, a estilista coloca muito esforço e dedicação, que começam desde a encomenda até o dia do casamento

A moda é comunicação, expressão, cultura e, para Luisa, muito além do que linhas e agulhas. “Toda mulher deveria fazer moda e entender o que aquilo representa. A roupa que você usa pode dizer muito sobre você ou mexer com a forma que você se sente. Sempre falo para as pessoas que trabalham com isso não desistirem. Porque, no final, dá certo", aconselha.

2 - O poder de se reinventar     

Outra característica da moda é a possibilidade de mudar a todo momento. Com a pandemia do novo coronavírus não seria diferente.  As empresas de vestuário tiveram de migrar para as vendas virtuais e, de acordo com o estudo E-commerce na Pandemia, da plataforma Nuvem Shop, o comércio eletrônico cresceu 145% no primeiro semestre de 2020. 

Para os universitários do curso de Moda do SENAI, as mudanças começaram com adaptações para o ensino a distância (EAD).  O aluno Hallyson Machado, 23 anos, explica que, no começo, ficou muito apreensivo com a nova forma de aprendizagem. “Nunca me dei muito bem com o EAD e tinha várias matérias práticas. Pensei em trancar o curso várias vezes, mas meus professores me deram apoio para continuar”, afirma. 

Hallyson Machado tinha medo de não conseguir realizar as atividades da faculdade por meio do ensino a distância

A situação não era só com Hallyson. Então, o SENAI fez diversas mudanças, com aulas experimentais, contato com os professores via whatsapp, aulas ao vivo e gravadas. “Depois que fiz uma aula experimental, vi que era possível desenvolver as habilidades da matéria dentro de casa. Na de Tecidos Elásticos, consegui trazer o aprendizado para meu ambiente de trabalho, fazendo um figurino da cantora Lexa em uma participação no programa da TVZ”, conta.

A história do Hallyson com a moda começou ainda no Ensino Médio. “Recebi a visita do SENAI CETIQT na minha escola e foi quando percebi a importância de fazer um curso técnico. Sempre fui apaixonado por fotografia e moda, então decidi começar o curso de Produção de Moda.” Depois do técnico, o estudante seguiu com os estudos na área e entrou na faculdade de Design de Moda do CETIQT.

Ao longo do curso, Hallyson conheceu o mundo dos figurinos e começou a trabalhar com diversos artistas. “Estava no terceiro período da faculdade e recebi a proposta de fazer um figurino para uma drag queen. Acabei me tornando estilista oficial dessa drag, comecei a postar meu trabalho e recebi um convite do grupo de funk Bonde das Maravilhas”, relembra. “Foi um desafio porque precisamos reformular o estilo delas, mas também uma forma de divulgação em massa dos meus figurinos.”

Com a projeção, o nome dele chegou até a cantora Lexa.  A  funkeira começou a carreria em 2013 e estorou no mercado com o hit ‘Posso Ser’. Seu instagram conta com mais de 15,5 milhões de seguidores e seu vídeo no Youtube Sapequinha se aproxima de 230 milhões de visualizações. Para Hallyson, a oportunidade de parceira com a cantora é um passo grande em sua carreira.

São dele todos os figurinos usados pela cantora durante a turnê internacional, que passou pela França e Portugal.


“A Lexa representa tudo para mim.  Nunca pensei que teria a oportunidade de trabalhar com uma cantora tão grande e ter essa experiência no começo da faculdade foi incrível”, avalia.


O estilista também desenvolveu figurinos para a cantora Jade Baraldo, no clipe Yo Quiero!,  e para a gravadora Kondzilla Records. “A moda é muito ampla e tem várias áreas que você trabalhar, desde modelagem até história da moda. Na faculdade, vemos todas essas possibilidades e, além das técnicas, aprendemos a empreender”, diz. Segundo ele, essa versatilidade abre várias portas.

O estudante conta que o SENAI foi um fator primordial para ele tirar os planos do papel. “Você não precisa ter medo. Os professores e coordenadores estarão ali para ajudar e apoiar os seus projetos pessoais”, afirma. O sonho de Hallyson agora é seguir na criação de figurinos até, quem sabe, lançar a própria marca HallyMachado.

Nas redes sociais da Lexa, é possível acompanhar figurinos usados pela cantora que são feitos por Hallyson

A indústria da moda está em ascensão. Entre 2015 a 2017, ocorreu um aumento de 14,8% no número de contratações. A pandemia traz um novo olhar para o ramo, com investimento em inovação e tecnologia. Aprender e trabalhar de forma virtual é apenas uma adequação ao novo normal.

3 - O poder de crescer profissionalmente

E se você conseguisse receber conselhos de grandes nomes da moda para fazer a sua carreira nesse mercado? É o que o Programa de Mentoria da graduação de Design de Moda do CETIQT oferece aos estudantes desde 2018. Com o coronavírus, os encontros seguiram, com a participação de 107 alunos, mas exclusivamente pela internet.

O programa é pioneiro no Brasil e as inscrições abrem todo início de semestre para os alunos dos três últimos períodos. Não há limites de vagas ou processo seletivo. O edital fica disponível no site do SENAI CETIQT. Em 2020 os estudantes do segundo semestre tiveram mentoria de profissionais da Calvin Klein, da Audaces, da Cluster e da Billabong. Outros nomes aclamados do setor participaram, como Daniela Dwyer, produtora de looks da Globo Esporte, e Carolina Ares, figurinista dos canais Sport Tv, Telecine, GNT e outros.

Os grupos de mentoria fazem encontros de forma regular com os profissionais renomados da moda

A estudante Nicole Rocha diz que metodologia funcionou bem. Até melhor do que presencialmente. “A gente conseguia se reunir várias vezes, ter mais tempo para conversar e agilidade no processo. O nosso mentor era muito prestativo e não deixou que a falta de contato presencial afetasse no nosso desenvolvimento”, explica.   

As adaptações do Programa deram resultado. Houve aumento de 22% na presença dos alunos no encontro inaugural do programa em comparação com a edição de 2019. A pesquisa de satisfação feita pela universidade também mostrou uma satisfação de 87% dos alunos matriculados. 

Desde 2018 até 2020, a iniciativa já contou com 465 alunos de graduação. O programa aborda diferentes áreas da formação. No segundo semestre desse ano, eram 12 opções, entre elas inovação e sustentabilidade, gestão de negócios, figurino, design de estampa, desenvolvimento de produto, modelagem, acessórios, comunicação e imagem de moda, produção de moda e outros.   

Com a pandemia do novo coronavírus, os encontros passaram a ser totalmente on-line, o que foi muito positivo na opinião dos alunos

Para o Mentor Matheus Fagundes, Dir. Executivo de Marketing e Vendas da Audaces, o programa é bom para os dois lados. “É um aprendizado mútuo: os mentorandos podem tirar dúvidas sobre projetos da faculdade, o ambiente de trabalho e empreendedorismo. Já as empresas podem ter a visão do público e consumidor mais jovem”, avalia. 

A Faculdade de Desing de Moda CETIQT integra o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (SENAI CETIQT), um dos maiores centros latino-americanos de produção de conhecimento da cadeia produtiva têxtil e de confecção e da área química. Os estudantes têm a oportunidade de participar de diferentes programas extracurriculares para se preparar para o mercado de trabalho. Para saber como se inscrever, acesse o portal do SENAI CETIQT.

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