Aos 14 anos, Guilherme Attis Campanez acreditava que seu futuro estava traçado. Jogador do time infantil da ONG Artvida, era muito provável que ele prosseguisse na carreira de atleta. No entanto, uma contusão na partida final do campeonato mudou a vida do jovem. “Levei uma pancada na perna e fiquei três meses em recuperação. Aí, em casa, meu pai sugeriu que eu tentasse um curso no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) ”, conta.
Ele seguiu o conselho e matriculou-se no curso de aprendizagem industrial em Mecânica de Usinagem no SENAI de Pompéia , no interior de São Paulo (SP). Naquele momento, realizava o sonho do pai que, mesmo aprovado na seleção da escola 20 anos antes, não pôde se formar porque não tinha como pagar o curso.
Entre 2011 e 2013, Guilherme, hoje com 19 anos, dividia seu tempo entre o ensino médio e a educação profissional na Jacto, empresa de máquinas agrícolas localizada na região de Pompéia. Ganhou experiência na divisão de plásticos da indústria, onde dividia o trabalho com profissionais com 35 anos de atividade. “Eu era o mais novo do setor de embalagens para máquinas e defensivos agrícolas. Na convivência com as pessoas mais velhas, aprendi muito também”, conta.
Já na reta final do curso, o jovem foi convidado por um professor do SENAI para participar da Olimpíada do Conhecimento. O espírito competitivo do ex-atleta aflorou novamente e ele passou a treinar com a equipe de Manufatura Integrada, do SENAI de Marília (SP). Na disputa da fase estadual, sua equipe ficou em terceiro lugar. O resultado, em princípio, deixava-o fora das novas etapas da competição. Mas um dos integrantes da equipe que conquistou a medalha de prata desistiu dos treinos para a fase estadual e o professor responsável pelo treinamento ofereceu a ele a vaga. “Eu aceitei na hora e uma semana depois já estava em preparação para o nacional”, lembra.
EXEMPLO PARA OS COLEGAS - A dedicação aos treinamentos realizados de segunda a sábado das 7h às 17h renderam um resultado de destaque na etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento. O trio formado Guilherme, Fabiana Bonacina e Alex Yonekubo registrou oito pontos a mais que o grupo que ficou em segundo lugar. Em maio deste ano, a equipe garantiu a vaga para a WorldSkills São Paulo.
Durante a prova em agosto, cada equipe competidora terá de projetar e produzir o protótipo de uma empilhadeira elétrica, acionada por controle remoto. A máquina deve ser capaz de levantar até 50 quilos.
Guilherme conta que um dos principais incentivos vem da própria unidade do SENAI em Pompeia. “A gente não tinha histórico nessa ocupação. Agora, as pessoas enxergam a gente como exemplo e isso não tem preço. Já estamos apoiando o treinamento dos próximos competidores. É preciso fazer isso porque conhecimento guardado não vale de nada”, diz.
Para o futuro, Alex quer retomar o curso técnico de Mecânica Industrial e seguir para a graduação em Engenharia Mecânica.
A WORLDSKILLS - O Brasil será representado por 56 jovens profissionais técnicos na 43ª edição da WorldSkills Competition, que será realizada em São Paulo de 11 a 16 de agosto. Essa é a maior delegação já reunida pelo país para a competição. Na WorldSkills, os 1.200 competidores, todos com menos de 22 anos de idade, de 62 países, disputam medalhas em 50 profissões da indústria e do setor de serviços.
Ao longo de quatro dias de provas, eles precisam alcançar índices de excelência ao executar tarefas semelhantes às que realizariam em situações reais do dia a dia das indústrias ou no setor de serviços. Todos são avaliados pelas habilidades técnicas e pessoais.
SAIBA MAIS - Saiba tudo sobre a WorldSkills São Paulo 2015. Acesse o site da disputa . Para conhecer os outros competidores brasileiros, acesse o site da Olimpíada do Conhecimento/WorldSkills, do SENAI .