Um dos principais problemas enfrentados pelos astronautas durante as viagens espaciais é a circulação de sangue nos membros inferiores. No espaço, os fluídos tendem a se concentrar na parte de cima do corpo, desgastando músculos e ossos localizados abaixo da cintura. Essa foi a conclusão de estudo feito por alunos do SESI de Concórdia (SC), para desenvolver uma meia que aquece e ativa a circulação. Com esse projeto, a equipe AgroRobots foi selecionada para o Torneio SESI de Robótica FIRST LEGO League, neste fim de semana, no Rio de Janeiro.
Durante o processo de criação, os alunos viram imagens de astronautas e perceberam que sempre estavam com uma espécie de meia. Após isso, passaram a tentar desvendar o porquê disso. Após a leitura de 300 artigos científicos sobre o assunto, os estudantes notaram que o adereço protegia os membros inferiores do frio. E isso é uma consequência do sangue circular em maior quantidade na parte de cima do corpo em viagens espaciais. É o que explica a instrutora de Robótica do Serviço Social da Indústria (SESI) de Santa Catarina em Concórdia e técnica da AgroRobots, Jandira Saiba.
“Eles observaram que a circulação sanguínea dos astronautas é um fato que chama bastante a atenção e que eles sofrem bastante no espaço. Em função da microgravidade zero, os astronautas, a circulação deles é bem complicada. Porque como não tem gravidade, ela sobe para a parte superior do corpo. Aí, eles têm náuseas e dor de cabeça”, explica.
Depois de notar o problema, os integrantes da AgroRobots estudaram como melhorar a circulação sanguínea dos astronautas enquanto estão em órbita. Ao analisarem empresas da região de Concórdia, os jovens se depararam com uma empresa que trabalha com turmalina negra, uma pedra capaz de carregar eletricamente de forma natural. Ao ser colocada em contato direto com o corpo, é capaz de aquecer e ativar a circulação sanguínea.
“A meia tem uma espuma e, dentro da espuma, turmalina negra. No tecido ao redor da meia há um infravermelho, no próprio tecido"
Um cirurgião cardiovascular de Concórdia está testando o equipamento em seus pacientes que apresentam problemas semelhantes aos apresentados pelos astronautas e os resultados obtidos foram positivos, relata Jandira. Agora, para saber se o adereço funciona no espaço, os integrantes da equipe estão em contato com estudantes da PUC de Porto Alegre.
A EQUIPE - A AgroRobots é uma equipe de robótica de Concórdia. O grupo foi criado há três anos e o nome é uma homenagem às agroindústrias da região. Seis alunos e um suplente, com idades entre 12 e 14 anos, das cidades de Concórdia e Seara, integram o time. Alguns chegam a se deslocar cerca de 70 quilômetros para participar dos treinos, que acontecem durante oficinas de robótica oferecidas no SESI da cidade.
Ana Clara Martelo tem 14 anos e é uma das integrantes da AgroRobots. Para ela, é fantástico criar um produto que pode ser utilizado por astronautas.
“Eu acho isso algo muito especial porque o objetivo é que ela seja realmente usada. Então sentir que algo que eu fiz junto com a minha equipe seja usado por pessoas que estão fora da Terra, pessoas que fazem um trabalho importante, é algo muito gratificante”, declara.
O TORNEIO - Nesta temporada, o SESI desafiou estudantes das escolas brasileiras com o tema “Em órbita". A ideia era que cada equipe inscrita no torneio de robótica pudesse desenvolver alternativas que ajudassem no bem-estar de astronautas e em pesquisas espaciais.
SAIBA MAIS - Acesse a página do Festival SESI de Robótica e acompanhe todas as novidades da competição.