DNA de campeão: família de confeiteiros coleciona vitórias na Olimpíada do Conhecimento e no mercado de trabalho

Em Alagoas, os três filhos de dona Tânia fizeram cursos de Panificação e Confeitaria no SENAI e cada um levou para casa uma medalha de ouro na competição brasileira de educação profissional

Os três irmãos sempre ajudaram a mãe, dona Tânia, na produção de doces, salgados e bolos

O DNA que os pais transmitem aos filhos carrega muitas características: cor dos olhos, tipo de cabelo, mas e a profissão? No caso da família Amorim, de Maceió, os três filhos seguiram o caminho da matriarca, Tânia Amorim, que faz doces, salgados e bolos há mais de 30 anos. O curioso nesta família, além do gosto pela Confeitaria, é que eles têm três medalhas de ouro na Olimpíada do Conhecimento, a competição nacional de educação profissional organizada a cada dois anos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Cada um, no seu tempo, voltou campeão do torneio e hoje é vitorioso no mercado de trabalho. 

Os três irmãos sempre ajudaram a mãe, dona Tânia, na produção de doces, salgados e bolos. Ela fazia as delícias para complementar a renda da família, cujo pai é motorista. Tudo isso enquanto se dividiam para cuidar de um mercadinho da que tinham, onde Tânia inicialmente vendia os doces e salgados. Os jovens filhos ajudavam a enrolar docinhos, faziam decorações dos bolos, colocavam os doces nas forminhas e outras funções simples. O que na época para eles era diversão, virou trabalho muito sério e medalhas de ouro. 

Isso porque a mãe sempre dizia que os estudos vinham em primeiro lugar. Pensamento que deu resultado. Hoje, “a filha do meio” Thaiana é culinarista em uma empresa de chocolates, emprego que conseguiu após a formação no SENAI e a fama das competições. Ela foi campeã da Olimpíada em 2004. Além disso, é dona de duas cantinas escolares e sócia de Wagner, seu irmão caçula, na Confeitaria Amorim. A empresa era de dona Tânia e foi reaberta pelos dois filhos mais novos, que no momento produzem salgados, doces e bolos sob encomenda para todo tipo de eventos na capital alagoana.

Wagner também foi ouro na Olimpíada do Conhecimento em 2010. Na época do treinamento, ele se dividia entre o SENAI, o curso superior de Educação Física e o emprego de madrugada em um supermercado. Quando a competição foi se aproximando e a carga de treinos aumentando, foi preciso abandonar o trabalho e o curso superior, decisão da qual ele nunca se arrependeu. “Eu estava indeciso entre Confeitaria e Educação Física, tive de tomar decisão e deu muito certo”. Agora ele conta que o projeto de fazer sucesso nos gramados, deu lugar ao sucesso na panificação. Ouça:

Na empresa familiar, ele divide as tarefas com a irmã. Ela é responsável pela produção dos bolos e a administração e Wagner cuida de aspectos como a decoração e montagem. Além disso, ele é docente do SENAI, onde se especializou em dar aulas a alunos com Síndrome de Down. 

CAMINHO - A primeira a traçar o caminho das competições foi Thais Amorim, filha mais velha, que entrou no SENAI aos 16 anos em um curso de qualificação de Panificação e Confeitaria. Ela conta que teve de abdicar de vários prazeres da adolescência para se dedicar aos treinos para a olimpíada, mas ressalta que, graças à experiência adquirida, se encontrou profissionalmente. Aos 17 anos, Thais participou da Olimpíada do Conhecimento 2001, em Brasília, de onde trouxe o ouro na mala. 

Desde de que entrou no SENAI, Thais nunca mais saiu. Ela trabalha há 16 anos na instituição preparando as novas gerações de competidores em confeitaria. “Não sei explicar essa paixão pelo SENAI, mas eu faço o que eu amo e o trabalho é muito gratificante”, conta. Com tantos anos de casa, a primogênita dos Amorim treinou muitos outros competidores. Dois deles são difíceis de esquecer: Thaiana e Wagner, seus irmãos.  

O conhecimento acumulado da família na profissão garantiu emprego e estabilidade durante as crises econômicas. Wagner acredita que a área está em alta, e por isso, mesmo em meio à retração da economia, a demanda não diminuiu significativamente. “Esse mercado é difícil de ser abalado porque as pessoas continuam a fazer festas e eventos. É uma área que está em alta, todo mundo quer ser ou contratar um confeiteiro qualificado, que faça coisas diferentes”.

A família também passa a experiência na área para outras pessoas que têm a mesma paixão pela confeitaria. Além de Thais e Wagner, que são docentes no SENAI, dona Tânia também é professora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). 

A professora Denise Fleith, do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), explica que, normalmente, o ambiente familiar estimula o gosto por uma carreira. Exemplos e experiências positivas, como a dos Amorim ajudando a mãe e vendo seu gosto pela confeitaria tem um papel fundamental em potencializar talentos e características das pessoas. 

Ela ressalta que cada caso merece uma avaliação detalhada, mas acredita que essa pode ser a explicação para a relação entre os irmãos Amorim e a Confeitaria. “É uma junção das características do indivíduo e as condições do ambiente que favorecem o desenvolvimento de potenciais e talentos”, explica.

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