Profissionais que fizeram cursos técnicos têm um acréscimo na renda de 18%, em média, em relação a pessoas com perfis socioeconômicos semelhantes que concluíram apenas o ensino médio regular. É o que mostra estudo encomendado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) feito com base em dados do suplemento especial, divulgado em março, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo, realizado pelo professor Gustavo Gonzaga, do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, comparou os rendimentos de trabalhadores que fizeram cursos de educação profissional com aqueles sem esse tipo de formação educacional. Foram considerados aspectos como gênero, idade, cor, escolaridade, região de moradia, setor de atividade e renda per capita familiar. A conclusão principal é que fazer um curso técnico eleva de forma significativa o rendimento. O aumento médio na renda é de 17,7%, independentemente da instituição escolar.
De acordo com o estudo “Educação Profissional no Brasil, uma avaliação com base no suplemento da PNAD-2014”, o maior ganho foi verificado entre ex-alunos de cursos técnicos do Nordeste: um aumento de rendimentos de 21,7% em relação a quem não fez ou não concluiu esse tipo de formação. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o ganho salarial de quem fez curso técnico foi de 21,4% quando considerados todos os tipos de instituição. O estudo mostra ainda que os profissionais das regiões Sudeste e Sul que concluíram cursos técnicos têm, em geral, renda 15,1% superior a quem apenas concluiu o ensino médio regular.
Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o estudo demonstra que o curso técnico faz diferença no currículo na hora de conseguir um emprego. “Um aumento de renda de quase 20% não é trivial. Trata-se de um diferencial relevante e uma prova de que vale a pena investir nessa modalidade de formação profissional”, avalia. “Além disso, o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e uma ótima opção para o trabalhador desempregado que busca se recolocar no mercado.”
Cursos técnicos têm carga horária média de 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses). São destinados a alunos matriculados ou que já concluíram o ensino médio. O estudante aprende uma profissão e, ao término, recebe um diploma.
O estudo também traçou o perfil das pessoas que fazem cursos de educação profissional no Brasil. O universo dos trabalhadores que concluíram um curso técnico está dividido igualmente entre homens e mulheres (50,4% de homens); a maioria identifica-se como branco (55,9%) e vive em cidades (95,8%), principalmente em regiões metropolitanas (39,8%). A maioria tem entre 25 e 44 anos (50,3%) e a maior fatia (75%) se situa nas faixas médias de renda familiar per capita – 1 a 2 salários mínimos ou acima – enquanto essa renda se aplica a 44,5% entre aqueles que nunca frequentaram cursos de educação profissional.
Os benefícios dos cursos técnicos também aumentam com o tempo. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, um Técnico em Mineração – um dos profissionais com formação técnica mais requisitados do mercado – tem salário inicial de R$ 2.185. Com 10 anos ou mais de carreira, o trabalhador nessa função tinha salário de R$ 10.105 em 2015.
TECNÓLOGOS – Entre as pessoas que fizeram cursos de graduação tecnológica, a maioria é de homens (56,5%) que se autodeclaram brancos (64,9%) e moradores de áreas urbanas (97,7%) especialmente de regiões metropolitanas (52%). A maior parte tem entre 25 e 34 anos (38,4%) e a maior fatia está nas faixas de renda familiar per capita de um a três salários mínimos (50,6%). Os cursos de graduação tecnológica são de nível superior (como o bacharelado e a licenciatura) e têm duração entre dois e três anos. O formado tem o título de tecnólogo.
Já entre os trabalhadores que fizeram cursos de qualificação profissional, 47,7% identificam-se como brancos, são moradores de áreas urbanas (91,7%), principalmente de regiões metropolitanas (32,7%). A maior parte tem ensino médio completo (38,6%), idades entre 25 e 44 anos (47,2%) e renda familiar per capita de um a dois salários mínimos (33,5%). Os cursos de qualificação profissional são indicados a quem busca desenvolver novas competências. São destinados a maiores de 15 anos, com escolaridade variável de acordo com o exercício da profissão. Os cursos têm média duração, com carga horária média de 220 horas (três meses). Ao término, o aluno recebe um certificado de conclusão.
Ainda segundo o estudo, as instituições do Sistema S possuem a maior proporção de estudantes de baixa renda: a maior fatia (78,3%) dos alunos do Sistema S tem renda familiar per capita igual ou inferior a dois salários mínimos enquanto os alunos nessa faixa representam 60,8% to total em instituições públicas e 64,7% em instituições privadas.
WORLDSKILLS – Os melhores alunos de educação profissional do Brasil vão participar, de 15 a 18 de outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, da 44ª edição da WorldSkills, a competição internacional de profissões técnicas. A meta é manter o Brasil no topo do pódio do torneio, já que a delegação brasileira foi a grande campeã da última edição, realizada em 2015, em São Paulo. Os jovens brasileiros ficaram à frente de representantes de nações que são referência educacional, como Coreia do Sul e Alemanha.
A delegação brasileira neste ano contará com 56 alunos e ex-alunos do SENAI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Eles vão competir em 50, das 52 ocupações do mundial. A WorldSkills reunirá mais de 1.200 jovens de 68 países. Os competidores são estudantes de cursos de educação profissional de até 23 anos de idade no ano em que se realiza o torneio. Nas provas, os participantes devem completar os desafios em padrões internacionais de qualidade, demonstrando habilidades técnicas individuais e coletivas em profissões como Automação Industrial, Eletrônica, Eletricidade, Cozinha, Confeitaria entre outras.
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