Como a educação pode se beneficiar da tecnologia para formar profissionais?

A sinergia entre talento, tecnologia e indústria foi tema do Seminário Internacional de Educação Profissional do SENAI, em Brasília

Foto: Wallace Martins / SENAI

A interlocução entre talento e tecnologia foi tema do Seminário Internacional de Educação Profissional, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), nesta quinta-feira (25/9), em Brasília. 

O seminário, que aconteceu no mesmo espaço em que 150 jovens de 19 estados brasileiros participam da maior competição de educação profissional do país - a WorldSkills Brasil 2025, teve a troca de experiências nacionais e internacionais. 

IA, IOT, Tecnologia BIM, Big Data, Machine Learning: termos que podem até causar certa estranheza, mas que têm mudado (drasticamente) a forma de aprender e ensinar. Gustavo Leal, diretor geral do SENAI, afirma que existe até uma “certa angústia” coletiva em relação à velocidade com que as novas tecnologias estão se desenvolvendo e migrando para o setor produtivo, para o mundo e alterando os processos de forma muito abrupta e disruptiva. Embora haja um temor velado, segundo Leal, há apenas um caminho para reduzir essa angústia: o conhecimento. 

“Nunca houve a necessidade de substituir o trabalho humano. Ele é e vai continuar sendo necessário e adaptado às novas realidades e novas tecnologias, muito mais intensivo em educação e conhecimento”, enfatizou.

Transformação mais humana do que tecnológica

Camila Pádua, consultora em Capital Humano da KPMG, por outro lado, afirmou que por mais que o termo utilizado para se referir ao aumento do uso de novas tecnologias seja “transformação digital”, a verdadeira transformação que a eclosão dessas tecnologias está provocando, é a humana. 

“Fomos mecanizados, por muito tempo, porque sempre fizemos trabalhos muito repetitivos. Como a gente gera cada vez mais conexão, valor e criatividade? A verdade é que hoje, todo profissional tem que ser especialista na complexidade humana e na complexidade de valor das cadeias dos negócios e em tecnologia. Cada vez mais, a tecnologia está embarcada nos negócios. Grandes verdades mudam como nunca, então essas competências são muito importantes”, explicou. 

Para Marcus Centurión, especialista técnico em engenharia digital na Autodesk, todas essas mudanças tecnológicas não substituem a atuação humana, como afirmou Gustavo Leal, mas precisam ser incrementadas com conhecimentos específicos. 

“Essas mudanças [tecnológicas] exigem uma adequação profissional. As competências tradicionais ainda são muito importantes, mas elas vêm agregadas com novas necessidades. A qualificação em novas áreas é de suma importância como a tecnologia da informação de dados e redes, a análise de dados industriais, a engenharia de automação, computação e redes e, a cibersegurança”, especificou. 

Já Ulrich Starke, líder de treinamento técnico, na gigante em manufatura aditiva em impressão 3D industrial EOS GmbH acredita que é preciso intensificar a qualificação no setor de manufatura, especialmente em uma combinação de elétrica com TI e mecânica.  

“Podemos atualizar toda a produtividade e acelerar os processos em toda a cadeia de produção e geração de conhecimento específico. Temos esses perfis que mudam com os anos, mas ainda baseado no conhecimento profissional”, pontuou. 

O papel da educação 

A especialista em educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Cláudia Pompa, chamou atenção para o fato de que apesar de ser extremamente importante para a trilha da qualificação profissional, a educação básica ainda não é democratizada, principalmente no quesito igualdade. Isso quer dizer que ainda há muita gente sem acesso à educação, especialmente em países subdesenvolvidos.  

De acordo com Pompa, com base em dados da Unesco, no ano de 2025 havia 251 milhões de crianças fora das escolas, enquanto 763 milhões de adultos que não sabem ler e escrever.  

“Mesmo as crianças e jovens que estão na escola, o nível de aprendizado é baixo. Isso quer dizer que as crianças já estão saindo das escolas sem as habilidades básicas. De acordo com os dados, cerca de 262 milhões de jovens não têm educação profissional, o que é risco social e econômico. São os estudantes que são a garantia de que quando eles saírem da educação técnica, terão habilidades para entrarem no mundo do trabalho”, argumentou. 

  • Entenda os desafios dos jovens nem-nem 

A experiência ensina 

A experiência chinesa também oferece exemplos notáveis de educação integrada às novas tecnologias, não é à toa que o país é considerado uma das maiores economias do mundo.  

De acordo com o professor Dr. Zhao HongQuan, do Centro de Tecnologia da Informação Quântica da Acadêmia Chinesa de Ciências, a transformação industrial por meios das tecnologias está criando oportunidades de novas habilidades. E o governo chinês, segundo ele, é um ator crucial no desenvolvimento desses talentos. 

“A China dá suporte ao preparo dos talentos das indústrias, além disso, ela também cria oportunidades para cooperação internacional. Isso é compartilhamento de experiências e compartilhamento de resultados. O ensino é personalizado e faz com que o desenvolvimento dos profissionais seja adaptado”, detalhou Zhao. 

Confira como foi o Seminário Internacional de Educação Profissional

Relacionadas

Leia mais

Última etapa da WorldSkills Brasil 2025 começa no DF com destaque para juventude técnica
Antes da disputa: histórias e expectativas dos competidores no 1º dia da WorldSkills Brasil
WorldSkills Brasil 2025: Romi reforça seu compromisso com a educação profissional

Comentários