O Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura, realizou o 3º Seminário Internacional SESI de Educação entre os dias 26 e 28 de outubro. O evento promoveu debates sobre os desafios que envolvem a implementação do Novo Ensino Médio.
Nesta edição, com transmissão ao vivo pelo canal do SESI no YouTube, a temática “Novo Ensino Médio - engajamento, formação e avaliação” contemplou experiências internacionais para expor os eixos de formação docente, inovação em sala de aula e mudanças curriculares.
O evento contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais da educação. Confira os destaques de cada dia!
3º dia - Avaliação educacional
No último dia do evento, os especialistas abordaram os desafios da avaliação educacional no Novo Ensino Médio. Participaram do painel o educador Mozart Neves Ramos, da Universidade de São Paulo (USP); a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Castro; o diretor-superintendente do SESI e diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi; e o consultor da Fundação Cesgranrio, Ruben Klein.
Maria Helena Castro abriu as apresentações do painel com ressalvas acerca de duas avaliações, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para a presidente do CNE, o novo modelo educacional traz um grande desafio nesse âmbito, uma vez que ambos foram formulados com base no sistema tradicional e não consideram os itinerários formativos.
“É muito mais interessante para o aluno, vai atender mais os seus objetivos, as suas preferências, algo que tem a ver com as carreiras que eles poderão seguir no futuro”, destacou.
A reestruturação das universidades foi um dos aspectos pontuados por Mozart Neves. Ele enfatizou que, com a implementação de novas competências, é necessário que as universidades tenham um mecanismo de recepção diferente para esses novos alunos.
Já Lucchesi reforçou que, se não houver mudanças no ENEM, o processo de implementação no Novo Ensino Médio será mais difícil, tendo em vista que a formação, segundo ele, está interligada com o processo de avaliação. Isso posto, é fundamental a discussão do exame.
“Nós estamos construindo um Novo Ensino Médio que é muito mais afirmativo no projeto de vida dos jovens, no protagonismo dos jovens, em uma educação mais crítica e com maior capacidade de diálogo com a realidade, com a interdisciplinaridade e com a resolução de problemas”, concluiu.
2º dia - Formação de Professores
No segundo dia, os especialistas abordaram o eixo referente à formação de educadores. O evento contou com a presença do gerente de Educação Básica do SESI, Leonardo Pedreira, e das secretárias de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira; do Mato Grosso do Sul, Maria Cecilia; e de Helsinki/Finlândia, Marjo Kyllonen.
Raquel Teixeira falou sobre a importância do projeto de vida não só para os alunos como também para os educadores. Ele é um dos elementos contemplados no Novo Ensino Médio.
Destacou ainda o processo de adaptação tecnológica, o qual os professores foram submetidos em decorrência da pandemia. Para ela, a compreensão pedagógica e tecnológica do conteúdo faz parte do novo processo de formação dos docentes.
“O professor entendeu que a tecnologia nunca vai substituí-lo, mas vai ser um suporte muito importante pra ele conseguir melhores resultados com os seus alunos”, ressaltou a secretária de educação do Rio Grande do Sul.
Por sua vez, Leonardo Pedreira falou das iniciativas desenvolvidas pelo SESI voltadas para a formação continuada dos educadores. Entre elas, o Centro de Formação de Professores e a oferta da especialização lato sensu.
A primeira visa multiplicar a expertise da rede SESI por meio da promoção do ensino superior e ofertar outras ações de formação. Já a segunda iniciativa refere-se à especialização lato sensu que será lançada pela rede em parceria com o Instituto Canoa e a Universidade de Stanford.
“A gente precisa de uma formação que trabalhe com metodologias ativas para os professores, até por uma questão de homologia de processos, se a gente está propondo um Ensino Médio no qual o aluno é protagonista, o professor também tem que ser protagonista da sua formação”, explicou.
Foi apresentada, ainda, a experiência educacional de Helsinki, na Finlândia. Marjo Kyllonen pontuou que, para atender às mudanças da sociedade e dos locais de trabalho, é primordial que os métodos tradicionais e as abordagens comuns de ensino sejam repensados e reformulados.
“Para desenvolver as práticas de educação é necessário repensar o que é educação e o que queremos para o futuro”, declarou.
1º dia - Juventudes e o Novo Ensino Médio
No primeiro dia do evento, os participantes pontuaram a importância do protagonismo do jovem no processo de ensino e aprendizagem. Também foram apresentadas experiências de implementação na Austrália e no estado de Goiás.
O gerente-executivo de Educação do SESI, Wisley Pereira, iniciou com a apresentação da pesquisa inédita do SESI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, a qual entrevistou 2 mil alunos, sendo 1 mil estudantes de escolas que já estão vivenciando o processo de implementação do Novo Ensino Médio e 1 mil alunos do currículo tradicional.
Wisley apontou os principais dados e destacou a importância de ouvir os estudantes acerca do novo processo educacional, tendo em vista que essas informações ajudam na implementação das diretrizes curriculares em outras escolas.
“O Novo Ensino Médio está para atender a juventude, trocar a lupa de lugar, em que agora o foco está no sujeito e na juventude, em um currículo que atenda a eles”, ressaltou o gerente-executivo.
Já o chefe-executivo da Autoridade Australiana de Currículo, Avaliação e Relatório, David de Carvalho, falou sobre a revisão que está sendo realizada no currículo da Austrália, com o intuito de reduzir a quantidade total de conteúdo, flexibilizar o tempo de trabalho dos professores e, desse modo, garantir aos estudantes o período necessário para entenderem as suas áreas de interesse.
David abordou, ainda, o papel do educador na promoção de uma educação de qualidade. Para ele, o docente tem o poder de aproximar ou distanciar os alunos dos conteúdos estudados.
“Se realmente queremos que os alunos de origens desfavorecidas obtenham o melhor de sua educação, precisamos nos concentrar na qualidade da formação inicial de professores e na alta qualidade, modelos sustentáveis de aprendizagem e desenvolvimento profissional”, pontuou.
Também participaram do primeiro dia Carlos Lordelo, coordenador de Ensino Médio do Movimento pela Base; e a secretária de Educação de Goiás, Fátima Gavioli.