Estados implementam mudanças no ensino médio

SESI e SENAI ampliam alcance do novo formato e do itinerário de formação profissional. Mais de 10 mil alunos da rede estudam no modelo inovador

Desde que implementou o Novo Ensino Médio, em 2018, o Serviço Social da Indústria (SESI) ampliou o número de unidades com o modelo. Atualmente, 23 estados e 87 escolas, com mais de 10,4 mil estudantes matriculados, seguem o que estabelece a Lei 13.415/2017.

Maior flexibilidade no currículo, conteúdo integrado em áreas do conhecimento e a oferta de itinerários formativos, que permitem ao estudante se aprofundar nos campos com os quais mais se identifica, são as principais novidades. De acordo com a legislação, até o início de 2022, todas as escolas da rede pública e privada deverão ter começado a transição.

O SESI conta com a parceria e a expertise do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para o itinerário de Formação Técnica e Profissional (FTP). O curso escolhido para a primeira turma foi o de eletrotécnica e abriu possibilidades de trabalho para diversos alunos (veja na segunda matéria da série).

Atualmente, são 20 cursos técnicos ofertados pelo SENAI para o itinerário FTP, de acordo com as oportunidades de cada estado:

Educação profissional é porta de entrada para mundo do trabalho

A maior vantagem é sair da escola preparado para o vestibular e para ocupação para o mercado de trabalho

O SENAI já trabalhava com a premissa de desenvolvimento de competências e habilidades no lugar do sistema tradicional de provas e notas por disciplina. Referência em educação profissional e técnica, a instituição traz para o ensino médio uma abordagem voltada para o mercado de trabalho (veja na primeira matéria da série), capaz de dialogar e se adaptar às novas tecnologias - incluindo as da indústria 4.0 - e às mudanças sociais e profissionais.

“O ensino médio é um período de transição, onde parte dos jovens quer se inserir no mundo do trabalho, enquanto outros têm como objetivo prosseguir os estudos. Hoje, só 11% dos estudantes de ensino médio fazem educação profissional, ou seja, terminam a escola preparados para exercer uma profissão. Esse percentual pode, e deve, aumentar”, ressalta o gerente-executivo de educação profissional e tecnológica do SENAI, Felipe Morgado.

Com a metodologia SENAI, em que elabora-se o perfil profissional, foi possível direcionar e dar concretude ao desenvolvimento de competências e habilidades das áreas de conhecimento previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Morgado acredita que outro fator preponderante para o sucesso da implementação é a capacidade de professores e instrutores adaptarem-se ao novo modelo

Parceria com escolas públicas e privadas para itinerário V

A formação técnica acontece em parceria com o SENAI e são mais de 20 opções de cursos para fazer junto com o ensino médio

Pela experiência de três anos com o modelo, tanto o SESI quanto o SENAI têm firmado parcerias e colaborado com outras redes de ensino para implementação das diretrizes - o primeiro entra com a consultoria para a readequação do currículo e formação de professores, coordenadores e gestores; e o segundo, com o itinerário FTP. 

No Distrito Federal, por exemplo, o SENAI é parceiro de uma escola particular para o ensino técnico e profissional, cujas atividades começaram em 2019. Em diversos estados do país, as negociações com instituições públicas e privadas estão avançadas para a implementação do novo formato.

Desenvolvimento pessoal e propósito

Para a coordenadora pedagógica do SESI de Maceió, Amanda Rafaela Ferreira, os alunos têm mais compreensão do motivo pelo qual estão todos os dias na escola.

“Eles também são mais conscientes das formas de empregar as habilidades desenvolvidas, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho, da vida em sociedade e das habilidades que são cobradas em avaliações”, avalia, citando como exemplo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Antes da reforma do ensino médio, qualquer escola que você frequentava, o modelo pedagógico  era o mesmo: 13 disciplinas, estudante olhando para a nuca do outro, cumprindo um currículo muito baseado no sumário do livro, pouco inovador”, lembra o gerente-executivo de Educação do SESI, Wisley Pereira.

Ao comparar o ensino recebido ao longo dos últimos três anos com o que os colegas tiveram do chamado ensino médio tradicional, Samira Lopes, 18 anos, de Serra (ES), percebe as diferenças, principalmente em relação à fala, à postura e ao comportamento frente aos desafios da vida.

Para ela, a metodologia por área de conhecimento, o plano pessoal de vida e de estudo, as atividades oferecidas e as avaliações focadas em trabalhos individuais e em grupos ajudam a preparar o jovem. Samira conta que, ao trabalhar características socioemocionais, descobriu uma qualidade, até então ignorada, a liderança.

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