O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, defende que o poder público organize um planejamento conjunto da volta às atividades na indústria, comércio e transporte. Em entrevista concedida ao site Poder360, nesta terça-feira (16), ele disse que todos os três setores precisam ter planos integrados para que a economia volte a funcionar em meio à pandemia do novo coronvírus.
Segundo Robson Andrade, um plano integrado para o transporte público é essencial para o deslocamento das pessoas com segurança, assim como é imprescindível o funcionamento do comércio, com o respeito a regras de proteção do trabalhador e dos consumidores, para que a indústria volte a ter demanda e posso voltar a produzir. Ele lembrou que o Serviço Social da Indústria (SESI) desenvolveu protocolos para ajudar empresas na retomada das atividades produtivas em tempos de Covid-19.
Robson Andrade alertou que, em primeiro lugar, é preciso seguir normas rígidas de segurança em relação à prevenção ao novo coronavírus. Ele pontuou, no entanto, que com as devidas precauções as atividades precisarão ser restabelecidas, sem um calendário único, uma vez que há situações completamente distintas a depender da região. “Estamos preocupados com a Covid-19, mas temos cobrado os governos para termos um planejamento definido para a retomada das atividades. Necessitamos de um conjunto de medidas que precisam ser tomadas, aliando transporte, indústria, comércio”, afirmou.
“O calendário é difícil de ser estipulado, pois cada cidade e estado estão tendo situações muito diferentes uns dos outros, mas precisamos de uma orientação maior do poder público para ajudar com testes e estipular normas para a volta do funcionamento”, acrescentou o presidente da CNI, durante a entrevista ao jornalista Paulo Silva Pinto.
Indústria precisa de acesso a crédito para preservar empregos
Na avaliação de Robson Andrade, a ampliação do acesso ao crédito é fundamental para que as indústrias consigam enfrentar o momento econômico adverso sem fechar as portas nem demitir trabalhadores. Ele observou que, desde fevereiro, a demanda por crédito saltou 360% no Brasil e, apenas pouco mais de 20% tiveram acesso aos recursos. Ainda assim, o estoque de créditos concedidos no primeiro quadrimestre de 2020 foi 24,2% maior que o acumulado no mesmo período do ano passado.
Perguntado sobre as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB), o presidente da CNI destacou que, diante do atual cenário de recessão, a tendência é que o país feche o ano com queda superior a 6% em relação a 2019. “Isso vai dificultar a retomada no próximo ano. Vejo o Ministério da Economia sinalizando com números mais otimistas, mas em 2021 ainda devemos ter uma queda do PIB em cerca de 2%, para termos uma retomada só em 2022”, observou.
Reformas tributária e de Estado têm que ser priorizadas
Robson Andrade enfatizou que somente a agenda de reformas será capaz de atenuar o tamanho da crise ocasionada pelo novo coronavírus. Entre as prioritárias, ele enumera a tributária e a de Estado. “Se considerarmos os impostos municipais, estaduais e federais, além das taxas de agências reguladoras e de secretarias, notamos que o Brasil precisa urgentemente de uma reforma tributária. Ela pode melhorar o ambiente econômico do Brasil. A reforma tributária vai nos dar otimismo e uma expectativa de futuro para o país”, destacou.
O presidente da CNI também mencionou importantes ações que o Sistema Indústria tem adotado para atenuar os efeitos da pandemia no setor industrial e na sociedade. Ele observou que os institutos de tecnologia e de inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) estão funcionando, com produção de respiradores e equipamentos de proteção individual. Lembrou que o SENAI também está colaborando com testes e mencionou que, junto com o SESI, tem mantido plataformas de aulas à distância para alunos e oferecido cursos para pessoas que estão em isolamento. “Estamos querendo contribuir muito para que a indústria volte a funcionar e a sociedade de maneira geral possa ter tranquilidade de retorno ao trabalho, para preservarmos empregos e voltarmos a produzir”, frisou.
A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise
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