Participação das empresas brasileiras na Colômbia é inferior a 4%

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende que o governo acelere a negociação para ampliação e aprofundamento do Acordo de Complementação Econômica 59 (ACE 59), que prevê a criação de uma área de livre comércio entre os dois países

“Não é fácil recuperar o mercado perdido. Hoje temos o câmbio a nosso favor, mas até quando? Por isso, precisamos de acordos comerciais modernos" - Carlos Abijaodi

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende que, durante a visita da presidente Dilma Rousseff à Colômbia, nesta quinta-feira (9), o governo acelere a negociação para ampliação e aprofundamento do Acordo de Complementação Econômica 59 (ACE 59), que prevê a criação de uma área de livre comércio entre os dois países. Propõe ainda a abertura de negociações do Acordo para evitar Dupla Tributação (ADT) e a celebração de um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI). “Esses tratados são essenciais para expandir o comércio, estimular os negócios bilaterais e reduzir o custo do investimento”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

A preocupação da CNI é com a perda de mercado das empresas nacionais no mercado colombiano. Se em 2006 o Brasil vendeu 8,72% de tudo o que a Colômbia comprou do mundo, em 2014 esse percentual caiu para 3,7%. No mesmo período, as importações colombianas de produtos chineses saltaram de 4,4% para 12,6%. Os Estados Unidos, que tinham 25,5% de participação nas importações do país, passaram a ter 31,4%. “Não é fácil recuperar o mercado perdido. Hoje temos o câmbio a nosso favor, mas até quando? Por isso, precisamos de acordos comerciais modernos que tratem de tarifas, de barreiras não-tarifárias, de investimentos, de serviços e compras governamentais, por exemplo”, explica Abijaodi.

Segundo estudo da CNI, setores industriais brasileiros competitivos na América do Sul não conseguem acessar todo o potencial da Colômbia. Um exemplo é o que ocorre com o setor de veículos automotores, que possui apenas 3% de participação no mercado colombiano. Entre 2012 e 2013, o Brasil exportou US$ 9,7 bilhões para o mundo, a Colômbia importou US$ 4,2 bilhões, mas apenas US$ 128 milhões saíram do Brasil. Os produtos químicos têm apenas 2,7% do mercado colombiano, as máquinas e equipamentos têm 2,1%, os produtos alimentícios, 3,7%, e os produtos farmacêuticos, 1,2%. Os principais fornecedores desses mercados são Estados Unidos e China, seguidos pela Alemanha, México e Itália.

ACORDOS COMERCIAIS – A renegociação do ACE 59 vai melhorar a posição do Brasil, que hoje compete em condições desfavoráveis com os países com os quais a Colômbia tem acordo. Atualmente, 94,1% das exportações da Colômbia para o Brasil não pagam tarifa de importação, mas apenas 61% das exportações do Brasil à Colômbia entram com tarifa zero. Além disso, o acordo do Mercosul com a Colômbia é muito limitado e gera desvantagens de acesso ao mercado, porque só inclui tarifas e defesa comercial. Com os Estados Unidos, México, União Europeia e EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), a Colômbia tem acordos que reduzem tarifas em universo maior de bens e incluem barreiras sanitárias e fitossanitárias, barreiras técnicas, compras governamentais, serviços, investimentos, facilitação do comércio e cooperação aduaneira, política de concorrência e propriedade intelectual. A qualidade dos acordos colombianos pode ser medida em números. Seus 16 acordos representam 55% do comércio mundial. Os 14 do Brasil alcançam apenas 7%.

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