Carlos Eduardo Abijaodi, defensor incansável da indústria brasileira

Diretor da CNI há mais de uma década, especialista em economia, engenharia e relações internacionais deixa um grande legado de realizações em comércio exterior e política industrial

O diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI, o engenheiro civil Carlos Eduardo Abijaodi, 75 anos, morreu em decorrência de complicações da Covid-19, nesta segunda-feira 19 de abril de 2021. A indústria brasileira perde uma pessoa extremamente humana, com visão espírito inovador, destemido e audacioso, mas que deixa um legado no comércio exterior brasileiro e na política industrial.

Carlos Eduardo Abijaodi nasceu em Belo Horizonte, em Minas Gerais, em 7 de janeiro de 1946. Filho de imigrantes libaneses, Abijaodi era o terceiro filho de cinco irmãos. Era muito dedicado à família, a esposa, Zuleide, aos filhos Gustavo e Juliana, e aos três netos, Bernardo, Matheus e Sophia. 

Se formou em engenharia civil em 1968 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Era especialista em Economia e Engenharia, pelo Instituto de Engenharia Econômica e Administração e também especialista em Relações Internacionais pelo Instituto Internacional de Treinamento de Rouen, na França. 

Trabalhou na construção de viadutos e pontes na cidade de São Paulo, foi engenheiro ex-patriado para diversos países da África nas décadas de 70 e 80. Gostava de olhar o mapa mundi, apontar com os dedos todos os países africanos e dizer que conhecia todos eles. Era um homem inteligente, humano e muito simples.

“A gente levava tudo para a África, do alimento às máquinas. E fomos aprendendo aos poucos com eles. Eu me lembro que chegamos e fizemos um refeitório grande, mas os trabalhadores locais não se sentiam à vontade para comer naquela estrutura, então, descobri, que eles queriam almoçar todos juntos, em uma roda, com o alimento em um panelão. Então, era assim, no meio do calor, a gente sentava no meio do canteiro de obras e todo mundo comia junto”, costumava contar. 

De volta ao Brasil, Carlos Eduardo Abijaodi trabalhou na construção civil até que em maio de 1998 passou a integrar os quadros do Sistema Indústria, por acreditar em um país melhor. Ele foi Diretor de Negócios Internacionais da Federação da Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) por dez anos. Depois passou a ser Superintende de Desenvolvimento Industrial da FIEMG, onde atuou por 12 anos, até dezembro de 2010. Por 22 anos, trabalhou desenvolvendo serviços para ampliar a participação da indústria mineira no cenário internacional.

Sua dedicação e profissionalismo o levaram à Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde atuou de dezembro de 2010 a 9 de março de 2021, quando recebeu o diagnóstico de Covid-19.

Na CNI, Abijaodi colocou a internacionalização e a política de Comércio Exterior no centro dos debates da indústria e contribuiu para o seu crescimento na política econômica do país. Ele teve grande coragem em levantar novamente o debate sobre até então parado acordo Mercosul-UE e atuar junto ao setor empresarial e governo pela celebração do acordo.

Contribuiu com insistência na reativação do debate sobre abertura comercial e livre comércio dentro da indústria. Foi presença ativa nos debates sobre o acordo de Facilitação de Comércio da OMC e na criação do Portal Único do Comércio Exterior. 

“A morte de Abijaodi é uma perda irreparável. Sua trajetória é marcada pela defesa incansável de políticas públicas pela inserção internacional da indústria brasileira e de serviços”, afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI e amigo de longa data.

Carlos Abijaodi foi o grande apoiador do projeto Indústria + Produtiva, por sempre enxergar a importância de uma ação que olhasse para a produtividade dentro das empresas. O programa inspirou o Brasil Mais Produtivo, que foi a mais bem sucedida iniciativa de política industrial do país nos últimos anos. Foi ele, também, que apresentou à equipe do então Ministério da Indústria Comércio Exterior e Serviço (MIDC) o conceito e a proposta da Câmara Brasileira da Industria 4.0. 

“Todos que o conheceram sabem, sem dúvidas, que Abijaodi acreditava em um Brasil mais humano, justo e igual. Deixará muitas saudades e um exemplo de que, com persistência e trabalho, é possível sempre fazer mais e melhor”, afirma o presidente da CNI, Robson Andrade.

Relacionadas

Leia mais

CNI comunica com muita tristeza a morte do seu diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia, Carlos Abijaodi

Comentários