ENAI 2014: Parlamentares vêem espaço para reformas na nova legislatura

Participantes defenderam que o Congresso Nacional implemente as reformas política, tributária e trabalhista no começo da próxima legislatura, em prol da retomada do crescimento do país

Os cinco parlamentares participaram do primeiro painel do ENAI

 Parlamentares presentes no 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI) defenderam nesta quarta-feira (5) que o Congresso Nacional implemente as reformas política, tributária e trabalhista no começo da próxima legislatura, em prol da retomada do crescimento do país. A avaliação é de que há espaço para mudanças estruturais, embora existam inúmeras dificuldades de consenso. Com o tema Brasil 2015-2018: desafios, expectativas e agenda, o primeiro painel do evento, mediado pelo jornalista William Waack, teve a participação de cinco parlamentares: o senador Armando Monteiro (PTB-PE) e os deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP), Julio Delgado (PSB-MG), Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro sugeriu um amplo pacto pelas reformas. Ele avalia que o atual sistema político está esgotado. Para o parlamentar, chegou o momento de se aproveitar a “crise do sistema” para repactuar a governabilidade no Brasil. “Temos agora uma oportunidade de impulsionar a agenda das reformas no Brasil, porque há uma compreensão de que esse sistema político está esgotado e tem problemas gravíssimos”, destacou o senador.

Armando Monteiro frisou que é fundamental, neste momento, que a presidente Dilma Rousseff explicite qual a agenda que será oferecida para o Congresso Nacional. Ouça clicando aqui. 

Ele defende ainda que a oposição atue de maneira construtiva para que o país avance nas reformas. “No campo da reforma tributaria, é evidente que fazer uma reforma sistêmica, ampla, a um só golpe talvez não seja possível, mas as bases para a reconstrução do ICMS, PIS/Cofins, a criação de um grande imposto”, disse. Monteiro, no entanto, considera que o excesso de partidos e os desdobramentos de casos de corrupção na Petrobras são fatores que poderão comprometer as reformas política e tributária.

GRUPO DE TRABALHO - O deputado Arlindo Chinaglia propôs que o Legislativo crie um grupo de trabalho exclusivo para o debate das reformas. “No que diz respeito à indústria, creio que temos condições, podemos e devemos criar um grupo de trabalho na Câmara e no Senado para avançar na interlocução”, disse.

Chinaglia se mostrou otimista em relação à possibilidade de avanços nesta agenda, a partir de 2015. “Temos plena possibilidade de fazer um acordo, então eu vejo a possibilidade. Respeitando a independência dos poderes, é vital que os setores da sociedade dialoguem com o Congresso (...) Se não dá para fazer de imediato uma ampla reforma, podemos fazer o possível, o que já há consenso.”

Ronaldo Caiado foi mais cético quanto à possibilidade de haver reformas nos próximos quatro anos. Para ele, o atual modelo político do país impede as mudanças necessárias no sistema. Ele prega, porém, que o Congresso priorize o fim da reeleição para então, depois, tratar de reformas fatiadas. “Hoje, a funcionalidade da Câmara está altamente comprometida. Como chegar a um consenso em uma reunião com 28 líderes?”, questionou. Caiado alertou também que somente a figura da presidente teria força para a condução do processo. “Reforma nenhuma no Brasil acontece se o presidente não assumir a reforma”, disse o deputado, eleito senador nas eleições de outubro.

“Temos agora uma oportunidade de impulsionar a agenda das reformas no Brasil" - Armando Monteiro

NEGOCIAÇÃO - Luiz Carlos Hauly, por sua vez, considera que o caminho para as reformas passa pela negociação entre Estado, indústria e trabalhadores. “O que precisamos neste momento é um grande entendimento, não há saída de reforma fatiada. A prateleira está vazia, estamos em pré-recessão, o PIB brasileiro é pífio, estamos no pior dos mundos político e econômico”, afirmou.

Hauly estima que Parlamento enfrentará momentos difíceis. “O Congresso vai passar por um momento doloroso que afetará a autonomia e a governabilidade. Não temos saída, sem reforma tributária, trabalhista, do Estado.”

Julio Delgado também defendeu como prioridade número um o fim da reeleição e criticou o excesso de partidos políticos no Brasil. Para ele, o desdobramento da crise na Petrobras pode levar o Congresso a uma paralisia que impeça avanços em relação às reformas.  “É muito difícil e pode ser que vejamos o sistema político estraçalhado.”

A CNI avalia como prioridades para 2015 a agenda tributária, a modernização das leis trabalhistas e o aumento dos investimentos em infraestrutura. Para a CNI, o diálogo entre os setores público e privado é imprescindível para a competitividade do país.

REFLEXÕES PARA O PAÍS - O Encontro Nacional da Indústria, que ocorre anualmente desde 2006, é a maior reunião de líderes empresariais e representantes de sindicatos e associações industriais de todo o país. No evento, empresários, representantes do governo, líderes políticos e acadêmicos refletem, debatem e propõem ações sobre os temas que têm impacto no desempenho da indústria e da economia brasileiras. O ENAI expõe a agenda do setor produtivo e fortalece o diálogo entre os empresários, o governo e os outros segmentos da sociedade.

PROPOSTAS DA INDÚSTRIA - Confira o site com todos os estudos organizados pela CNI com as sugestões do setor para o próximo governo. Nele é possível fazer o download dos estudos em PDF ou dos infográficos que resumem as 42 propostas.

MULTIMÍDIA - O Portal da Indústria transmite a 9ª edição do ENAI ao vivo. Você também pode acompanhar a cobertura completa do evento nos perfis da CNI no Facebook e no Twitter, além de acessar as principais fotos no Flickr.

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