Parlamentares presentes no 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI) defenderam nesta quarta-feira (5) que o Congresso Nacional implemente as reformas política, tributária e trabalhista no começo da próxima legislatura, em prol da retomada do crescimento do país. A avaliação é de que há espaço para mudanças estruturais, embora existam inúmeras dificuldades de consenso. Com o tema Brasil 2015-2018: desafios, expectativas e agenda, o primeiro painel do evento, mediado pelo jornalista William Waack, teve a participação de cinco parlamentares: o senador Armando Monteiro (PTB-PE) e os deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP), Julio Delgado (PSB-MG), Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro sugeriu um amplo pacto pelas reformas. Ele avalia que o atual sistema político está esgotado. Para o parlamentar, chegou o momento de se aproveitar a “crise do sistema” para repactuar a governabilidade no Brasil. “Temos agora uma oportunidade de impulsionar a agenda das reformas no Brasil, porque há uma compreensão de que esse sistema político está esgotado e tem problemas gravíssimos”, destacou o senador.
Armando Monteiro frisou que é fundamental, neste momento, que a presidente Dilma Rousseff explicite qual a agenda que será oferecida para o Congresso Nacional. Ouça clicando aqui.
Ele defende ainda que a oposição atue de maneira construtiva para que o país avance nas reformas. “No campo da reforma tributaria, é evidente que fazer uma reforma sistêmica, ampla, a um só golpe talvez não seja possível, mas as bases para a reconstrução do ICMS, PIS/Cofins, a criação de um grande imposto”, disse. Monteiro, no entanto, considera que o excesso de partidos e os desdobramentos de casos de corrupção na Petrobras são fatores que poderão comprometer as reformas política e tributária.
GRUPO DE TRABALHO - O deputado Arlindo Chinaglia propôs que o Legislativo crie um grupo de trabalho exclusivo para o debate das reformas. “No que diz respeito à indústria, creio que temos condições, podemos e devemos criar um grupo de trabalho na Câmara e no Senado para avançar na interlocução”, disse.
Chinaglia se mostrou otimista em relação à possibilidade de avanços nesta agenda, a partir de 2015. “Temos plena possibilidade de fazer um acordo, então eu vejo a possibilidade. Respeitando a independência dos poderes, é vital que os setores da sociedade dialoguem com o Congresso (...) Se não dá para fazer de imediato uma ampla reforma, podemos fazer o possível, o que já há consenso.”
Ronaldo Caiado foi mais cético quanto à possibilidade de haver reformas nos próximos quatro anos. Para ele, o atual modelo político do país impede as mudanças necessárias no sistema. Ele prega, porém, que o Congresso priorize o fim da reeleição para então, depois, tratar de reformas fatiadas. “Hoje, a funcionalidade da Câmara está altamente comprometida. Como chegar a um consenso em uma reunião com 28 líderes?”, questionou. Caiado alertou também que somente a figura da presidente teria força para a condução do processo. “Reforma nenhuma no Brasil acontece se o presidente não assumir a reforma”, disse o deputado, eleito senador nas eleições de outubro.
NEGOCIAÇÃO - Luiz Carlos Hauly, por sua vez, considera que o caminho para as reformas passa pela negociação entre Estado, indústria e trabalhadores. “O que precisamos neste momento é um grande entendimento, não há saída de reforma fatiada. A prateleira está vazia, estamos em pré-recessão, o PIB brasileiro é pífio, estamos no pior dos mundos político e econômico”, afirmou.
Hauly estima que Parlamento enfrentará momentos difíceis. “O Congresso vai passar por um momento doloroso que afetará a autonomia e a governabilidade. Não temos saída, sem reforma tributária, trabalhista, do Estado.”
Julio Delgado também defendeu como prioridade número um o fim da reeleição e criticou o excesso de partidos políticos no Brasil. Para ele, o desdobramento da crise na Petrobras pode levar o Congresso a uma paralisia que impeça avanços em relação às reformas. “É muito difícil e pode ser que vejamos o sistema político estraçalhado.”
A CNI avalia como prioridades para 2015 a agenda tributária, a modernização das leis trabalhistas e o aumento dos investimentos em infraestrutura. Para a CNI, o diálogo entre os setores público e privado é imprescindível para a competitividade do país.
REFLEXÕES PARA O PAÍS - O Encontro Nacional da Indústria, que ocorre anualmente desde 2006, é a maior reunião de líderes empresariais e representantes de sindicatos e associações industriais de todo o país. No evento, empresários, representantes do governo, líderes políticos e acadêmicos refletem, debatem e propõem ações sobre os temas que têm impacto no desempenho da indústria e da economia brasileiras. O ENAI expõe a agenda do setor produtivo e fortalece o diálogo entre os empresários, o governo e os outros segmentos da sociedade.
PROPOSTAS DA INDÚSTRIA - Confira o site com todos os estudos organizados pela CNI com as sugestões do setor para o próximo governo. Nele é possível fazer o download dos estudos em PDF ou dos infográficos que resumem as 42 propostas.
MULTIMÍDIA - O Portal da Indústria transmite a 9ª edição do ENAI ao vivo. Você também pode acompanhar a cobertura completa do evento nos perfis da CNI no Facebook e no Twitter, além de acessar as principais fotos no Flickr.
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