Uma comitiva de 40 pessoas, entre pesquisadores e representantes de empresas e ecossistemas de inovação brasileiros, esteve em Belém (PA), nesta semana, para conhecer o potencial econômico e tecnológico da região. A imersão, organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foi um desdobramento do 8º Prêmio Nacional de Inovação (PNI), cujos vencedores foram anunciados em setembro do ano passado.
Em cinco dias na capital paraense, o grupo passou por locais relevantes para o desenvolvimento científico alinhado ao setor produtivo, como o Ecoparque Natura, o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá e o Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Tecnologias Minerais. A programação começou na segunda-feira, na Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), onde os vencedores do prêmio foram recebidos por representantes da CNI, do Sebrae, da Fiepa e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
“Somos um dos estados mais ricos do país e convivemos com a triste e lamentável realidade de termos seis dos 10 municípios com pior IDH. Por isso temos que, através do conhecimento e da inovação, deixar isso no passado e avançar, entregar uma indústria mais responsável social e ambientalmente”, defendeu o presidente Fiepa, Alex Carvalho.
Ecoinovação na prática
O Pará foi escolhido pela CNI, pelo Sebrae e pelos vencedores - que participaram de uma votação para definirem o destino da imersão - por ser a sede da COP 30, no ano que vem. Ecoinovação foi o grande tema do 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, evento que anunciou os vencedores da 8ª edição do Prêmio.
Durante a imersão, chamaram a atenção dos participantes a riqueza da região e as experiências e o conhecimento compartilhados, todos exemplos de ecoinovação. “É muito interessante ver como as empresas transformam os produtos da Amazônia, por exemplo, em cosméticos; ou o uso da borracha para sapatos ou outros produtos artesanais. E, mais do que isso, exportando. Isso abre muito a nossa mente, nossas possibilidades, né? São insights extremamente relevantes e enriquecedores para qualquer empreendedor”, afirmou Alex Cordon, CEO da Brintell.
Além de conhecerem cases da Associação de Inovação e Tecnologia do Estado do Pará (Açaí Valley) e do Polo Sebrae de Bioeconomia, os vencedores do prêmio visitaram a Companha Têxtil de Castanhal e a Cooperativa Mista Agroextrativa de Santo Antônio do Tauá (Camtauá), referências em bioeconomia.
Lições para a empresa
Inspirado pela apresentação do Açaí Valley, o representante da Enel, Luiz de Gonzaga Coelho, já vislumbra novidades para os projetos da empresa: “O pessoal faz hackathons para campanhas de marketing e isso é muito interessante para os nossos produtos". Já Saville Alves, sócia fundadora da startup Solos, pensa nas oportunidades no estado.
“Nosso trabalho (da Solos) é pensar em formas de fazer o descarte correto, como endereçar matéria-prima reciclada para a indústria novamente, para que não precise fazer a extração. E aí vem a ligação com o Pará, principal extrativista de mineração. Como reintroduzir embalagens feitas a partir de minérios no ciclo produtivo para extrair menos matéria-prima virgem?”, indaga.
Três pesquisadores, três ecossistemas de inovação e 15 empresas de diferentes portes - pequenos, médios e grandes – foram reconhecidos pelo Prêmio Nacional de Inovação. Estiveram na imersão no Pará representantes das empresas Nanoscoping (SC), Deep (SP), Solos (BA), Brintell (DF), Televale (MG), Paranoá (SP), Christal (SC), Akaer (SP), BMD Têxteis (BA), IBM Brasil (SP), Enel (SP), Suzano (BA), Natura (SP) e Embraer (SP); e dos ecossistemas de Florianópolis, Itajubá e Lajeado.