Celular em sala de aula: se não é possível evitar, melhor usá-lo como aliado! Numa época em que muita gente resolve quase tudo pelo aparelho, por que não torná-lo um material de aprendizagem?
Foi pensando assim que o professor de geografia do Serviço Social da Indústria (SESI) de Mossoró (RN), Aryon Charlon Diniz Soares, de 30 anos, criou o projeto interdisciplinar Geotecnologias, onde os alunos desenvolvem aplicativos de navegação. “Como nós temos dificuldade em controlar o uso exagerado do celular dentro da sala de aula, conseguimos mostrar para eles que essa é uma ferramenta que também pode ser muito valiosa para o processo de aprendizagem”, explica o professor.
Aryon trabalha na escola do SESI há 5 anos. E diz que é um grande desafio despertar o interesse dos jovens diante de tantas distrações tecnológicas. “É importante que as escolas percebam que a ciência e a tecnologia são fundamentais para educação. O SESI fornece uma estrutura de qualidade e por isso deixamos as aulas mais atraentes. Possibilitamos que os alunos sejam os protagonistas do seu próprio conhecimento”, explica o educador.
Foi assim que ele começou o projeto interdisciplinar Geotecnologias. Os alunos têm a oportunidade de criar aplicativos de navegação, semelhantes aos utilizados pelos motoristas no trânsito, e aplicá-los à realidade da cidade onde moram.
AS AULAS - Divididos em grupos, os jovens recebem uma temática específica, de forma que diferentes pontos sobre Mossoró são abordados.
Um dos grupos, por exemplo, teve que desenvolver um aplicativo que apresenta os pontos turísticos da região. Assim, quem não conhece o município, pode encontrar em poucos cliques um mapa que, não apenas mostra o trajeto para chegar até essas áreas históricas, como também oferece um resumo de informações relevantes sobre o local. Além disso, ainda é possível criar uma rota com todos os lugares que o internauta gostaria de visitar e para ele descobrir qual o melhor roteiro a seguir.
Com foco na interdisciplinaridade, os estudantes consultam também os professores de robótica e matemática para aprender a programar e desenvolver os aplicativos. Caso o tema seja de alguma outra área do conhecimento, os demais educadores da escola também participam do projeto.
Com isso, além de promover a integração entre as matérias, o Geotecnologias também proporciona uma ressignificação para o aparelho celular na mente desses alunos.
Orgulhoso, o professor de Geografia relata que o retorno da iniciativa foi excelente. Deu certo tanto para os alunos, quando para a própria instituição e para a população da cidade que foram impactadas de forma positiva. “Os alunos participaram de eventos e entrevistas pelos jornais da cidade, o que foi bastante recompensador. Eles passaram a perceber que podiam ser pioneiros em processos e que são capazes de criar algo novo que possa ser eficiente para alguém. Eles entenderam que podem construir o conhecimento e impactar realmente a rotina de cada um de nós”, conclui o educador.