O caminho da retomada da economia após a pandemia da Covid-19 será árduo e, certamente, dependerá de iniciativas importantes, como acesso ao crédito, renegociação de dívidas, incentivo à inovação e adoção de reformas estruturais. Governos, setor produtivo e trabalhadores precisam atuar em conjunto para superar a inevitável e profunda recessão que se avizinha. A energia de todos deve se concentrar não só na recuperação da saúde das empresas, mas também na urgente construção de um ambiente mais propício ao aumento da produção, aos investimentos e à criação de empregos.
Várias medidas já foram tomadas para aliviar os sérios problemas de caixa das empresas, prejudicadas pelas restrições sociais que se fizeram necessárias para conter o coronavírus. O esforço do governo e do Congresso Nacional tem sido rápido e elogiável, mas, infelizmente, ainda não suficiente. Muitos negócios, especialmente os de micro, pequeno e médio portes, estão morrendo por falta de capital de giro. As linhas de crédito precisam ser mais abundantes e maleáveis, em particular quanto às exigências de apresentação de garantias, para chegar a quem de fato precisa.
No campo tributário, além do adiamento da cobrança de impostos, iniciativa fundamental para dar fôlego às empresas, é necessário estabelecer um abrangente programa de repactuação de dívidas. Uma reforma que realmente diminua o caos a que os contribuintes brasileiros são submetidos é crucial para dar previsibilidade aos empreendimentos, estimular investimentos, tornar o país mais competitivo e criar empregos. Existe um vasto espaço para a redução de burocracia e a simplificação nessa área tão relevante para a economia.
Também é preciso apostar na inovação como forma de modernizar processos e produtos, aumentando o apelo diante de um consumidor que provavelmente se manterá reticente. A automação, combinada com a digitalização na atividade industrial, aumentará a eficiência nas linhas de produção e reduzirá custos. Entretanto, para que o Brasil consiga se conectar com a quarta Revolução Industrial, também chamada de indústria 4.0, o país terá que aumentar de forma expressiva os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.
É fundamental, também, a continuidade e a aceleração das reformas estruturais. Além da remodelação do sistema tributário nacional, é preciso empreender uma modernização da máquina administrativa que torne o Estado brasileiro mais leve e eficiente, prestando mais e melhores serviços, com custos mais baixos, para a população. Também é necessária a atualização de alguns marcos legais na área de infraestrutura, que permitam um aumento dos investimentos privados, sejam de empresas brasileiras ou estrangeiras. Um passo gigante foi dado com a aprovação do marco legal do saneamento básico, mas há muito ainda a ser feito nessa área, com destaque para a nova lei do gás, que está em tramitação no Congresso Nacional.
São muitas as tarefas a serem enfrentadas pelo setor público, pelas empresas e por toda a sociedade, para que seja possível mitigar e mesmo superar os danos causados pela pandemia da covid-19. Diante do atual cenário negativo, sabemos que o percurso não será nada fácil, mas é importante que não se perca a esperança. Tomando as medidas corretas, com urgência e perseverança, é plenamente possível retomarmos a trilha do desenvolvimento econômico e social.
*O artigo foi publicado na edição de agosto da Revista Indústria Brasileira.
Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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