Pauta racial e impacto social: como incluir diversidade na cadeia de valor das grandes indústrias

O investimento em inclusão e diversidade nas empresas promove um espaço plural, criando equipes e produtos melhores

No Brasil, 54% da população é preta ou parda. Ao avaliarmos esse dado e observarmos a distribuição do poder de decisão no país, é possível afirmar que estamos diante de um cenário bem caótico quando se trata de diversidade e inclusão.

Toda cadeia de valor que deseja desenvolver impacto social deve focar em pessoas. Afinal, negócios são pensados e desenvolvidos para pessoas. Nesse sentido, falar de representatividade vai além do assistencialismo. Representatividade é a inovação para a sustentabilidade dos negócios.

Uma cadeia de valor diversa tende a promover um espaço plural, com diferentes ideias, e a desenvolver equipes que fazem produtos melhores. Além disso, ter um alto grau de representatividade costuma resultar em impacto positivo nos lucros. Já é possível observarmos, aqui no Brasil, empresas comprometidas com a diversidade e a inclusão racial para além da agenda de novembro. Porém, existem outras que nem sequer trouxeram essa pauta para a mesa.

O relatório de 2019 sobre afroempreendedorismo da Feira Preta e do Instituto Locomotiva revelou que 51% dos afroempreendedores empreendem por vocação, ou seja, pela familiaridade com a atividade e pelo desejo de ser autônomo, às vezes somado às dificuldades em se adequar ao mercado de trabalho.

O levantamento também mostrou que 52% do afroempreendedorismo é formado pelas mulheres, que, em sua grande maioria, são as responsáveis pelo sustento financeiro da família. Como contribuir com a mudança desse cenário?

Mudança vem com confiança    

Uma pesquisa recente da agência Edelman apontou as instituições em que os brasileiros mais confiam. As empresas têm a confiança de 64% das pessoas; em seguida, vêm organizações que representam uma causa ou movimento (60%), a mídia (47%) e o governo, com apenas 34% de confiança.

Esses resultados mostram como as empresas, ao assumirem compromissos com a sociedade em ações afirmativas de representatividade, podem mudar o quadro de desigualdade, rumo a um maior equilíbrio social.

Na Afrobusiness temos, em nossa base, aproximadamente 9 mil afroempreendedores cadastrados, e o nosso principal objetivo consiste em gerar conexões que resultem, efetivamente, no desenvolvimento financeiro e social dessas pessoas.

Conectar diversidade à cadeia de valor das empresas precisa ser um compromisso urgente. Transformar a pauta racial para além de uma agenda é abraçar a inclusão. A mudança é coletiva e queremos juntos construir um cenário melhor.

*Gabriela Silva é COO da Afrobusiness Brasil e empreendedora social 

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