O Brasil só manterá os avanços sociais das últimas décadas se acelerar o ritmo do crescimento econômico. Isso depende do aumento da produtividade das empresas. Há, porém, um obstáculo para isso: a baixa qualidade da formação dos trabalhadores. “O Brasil precisa repensar a qualidade da escola. Necessitamos de um sistema educacional que ajude o país a avançar. As políticas sociais dos últimos anos nos ajudaram a dividir riqueza. Agora, temos de gerar mais riquezas”, disse o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, nesta terça-feira (19), no 4º Fórum Estadão Brasil Competitivo, em São Paulo.
Pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que o Brasil precisa de cinco trabalhadores para produzir o mesmo que um trabalhador americano. Para Lucchesi, isso é resultado da baixa qualidade da educação brasileira, associada a uma cultura de formação que não prepara adequadamente as pessoas para o trabalho. “Enquanto no Brasil menos de 7% da população entre 18 e 24 anos faz educação profissional, nos países mais ricos, esse percentual sobe para 50%”, disse.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL - Segundo Lucchesi, a sociedade deve discutir a escola. “Hoje, o único grupo de pressão organizado em torno do tema são os trabalhadores da educação. As empresas, os pais e outras instâncias precisam repensar a qualidade da formação". A escola não pode, destacou ele, formar estudantes levando em conta que todos ingressarão no ensino superior. “Apenas 17% dos jovens vão para as universidades. Os outros têm o direito de ser preparados para ter um lugar qualificado no mercado de trabalho”, analisou. Ouça clicando aqui.
O diretor-geral do SENAI lembrou que o Brasil avançou muito na universalização da educação. O foco dos esforços agora deve ser a qualidade. Para isso, acrescentou ele, além de mais recursos, é necessário melhorar a gestão da escola. “Isso se faz com profissionalização, meritocracia, capacitação dos professores, carreiras de dirigentes. Isso dá mais transparência ao uso do dinheiro público".
Uma escola melhor, de acordo com ele, também exige progressão na carreira dos professores vinculada a resultados em sala de aula e não apenas em formação, acompanhamento de indicadores de transformação real do ensino, como quantidade de aulas ministradas e número de professores na sala de aula.
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