Como achar uma consultoria gratuita em inovação para micro e pequena empresa? Quais as linhas de financiamento nessa área para startups? E se quiser uma estratégia de internacionalização? Essas são algumas das perguntas que podem ser respondidas pelo MEI Tools, a plataforma da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne instrumentos de inovação disponíveis no país.
Atualizado trimestralmente, o site oferece informações sobre um conjunto de instrumentos para fortalecer a capacidade inovativa das empresas. Em sua última edição, lançada nesta quinta-feira (21/10), o MEI Tools consolida de forma clara e objetiva as principais características dos instrumentos de apoio à inovação de sua rede de parceiros, que reúne mais de 50 instituições, públicas e privadas.
A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, explica que o MEI Tools é uma ferramenta única e fundamental para a coordenação entre as instituições que atuam em prol da inovação. O esforço dessas instituições é fundamental, já que o Brasil enfrenta desafios para ser mais inovador. Para se ter ideia, no Índice Global de Inovação, o Brasil está no 57º lugar entre 132 países no ranking de 2020. Em 2011, o país chegou a 47ª posição, a melhor marca alcançada.
“O MEI Tools busca oferecer soluções para a superação de desafios que marcam nosso ambiente de inovação, sendo um canal de informações atualizadas sobre os instrumentos de apoio nessa área, bem como uma iniciativa para articulação de acordos e novos arranjos entre as instituições parceiras”, afirma Gianna.
Para ajudar os empresários, o Tem Solução! mostra como é possível ter acesso a informações atualizadas e quais os tipos de instrumentos disponíveis para as empresas inovarem. Confira!
Como achar o que sua empresa precisa no MEI Tools?
Há duas maneiras de consultar o conteúdo. Você pode acessar o material fazendo download da publicação. A outra forma é pela ferramenta de busca do site, com o uso de filtros. "A tendência é que a plataforma se digitalize cada vez mais. Você pode colocar as características do seu projeto e da empresa, assim você consegue a informação fácil, rápida", afirma o coordenador do MEI Tools, Marcos Arcuri.
É possível escolher o tipo de apoio, que pode ser: articulações público-privadas, capacitação de recursos humanos, consultoria ou mentoria, difusão de conhecimento, incentivo fiscal, infraestrutura, premiação, recurso não reembolsável ou recurso reembolsável. Também há um filtro das contrapartidas, que podem ser: financeira, econômica, taxa ou inscrição ou que não exija investimento.
O empresário pode ainda selecionar o porte da empresa (startups, micro e pequenas empresas, médias empresas ou grandes empresas) e a cobertura, que pode ser nacional, regional ou internacional.
O que o empresário encontra no MEI Tools
No MEI Tools, a empresa pode encontrar instrumentos de diversas naturezas para apoiar seus projetos de inovação, tais como:
- Financiamento indireto: mapeamento de incentivos fiscais, como a Lei do Bem;
- Financiamento direto: recursos financeiros reembolsáveis ou não-reembolsáveis (como a subvenção econômica, que não exige devolução dos recursos ou pagamento de juros);
- Apoio técnico, tecnológico e consultivo: inclui consultorias, cursos, bolsas, acesso a laboratórios e centros de testes, premiações de projetos inovadores e apoio à parcerias internacionais para inovação.
Os instrumentos de financiamento indireto são isenções fiscais garantidas na legislação para empresas que realizam atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Ocorrem por meio de incentivos fiscais, ou seja, redução de impostos para esse tipo de atividade.
No financiamento direto, por sua vez, os recursos podem ser acessados para custear projetos executados somente pela empresa, em parceria com outras empresas ou com Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Podem ter origem pública ou privada.
No caso dos reembolsáveis, o foco são linhas de crédito com taxas diferenciadas para projetos de inovação. As ofertas podem ser delimitadas por temas específicos ou não. Esse tipo de financiamento pode ser feito também por meio de fundos de investimento públicos ou privados que exigem participação no capital da empresa como contrapartida.
Na categoria dos recursos não reembolsáveis estão opções como a subvenção econômica, que não exige devolução dos recursos ou pagamento de juros. O dinheiro a fundo perdido pode ser oferecido para projetos individuais ou realizados em parceria com outras empresas e instituições. Também há modalidades de um tema específico e outras mais gerais.
Uma plataforma que conecta a indústria
Entre os instrumentos não reembolsáveis disponibilizados pelo MEI Tools está a Plataforma Inovação para a Indústria, que atua na conexão de parceiros para o fortalecimento do ecossistema brasileiro. Empresas do setor industrial de todos os tamanhos, inclusive startups, podem participar.
Basta enviar uma ideia pela Plataforma de Inscrição, seguindo normas e cronogramas específicos de cada categoria. São 10 grupos, incluindo Aliança Agroindustrial e Parcerias Internacionais e o Empreendedorismo Industrial, por exemplo. Esse último apoia o lançamento de chamadas temáticas para a cocriação de soluções entre médias e grandes empresas em parceria com startups.
A plataforma investe atualmente R$ 78,4 milhões. Os recursos são administrados por uma unidade do SENAI ou SESI e destinados apenas para o desenvolvimento dos projetos. Além do apoio técnico dos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia para elaboração, execução e gestão dos projetos, os instrumentos de apoio incluem capacitação e mentoria em negócios inovadores por meio de programas parceiros e ambiente online para acompanhamento dos projetos aprovados.
Os benefícios incluem também redução do custo das empresas para o desenvolvimento de inovação e ampla liberdade para negociação da propriedade intelectual da solução desenvolvida.
Mais de 1.080 empresas já foram apoiadas. Dentro da categoria Empreendedorismo Industrial, por exemplo, a chamada MetrôRio, encerrada em 3 de setembro, tem como foco selecionar startups com tecnologias digitais para desenvolvimento de softwares, em interfaces sistêmicas, realidade aumentada e virtual, inteligência artificial, big data e machine learning para a empresa responsável pela administração e a operação das linhas do metrô carioca.
Já a chamada Agrotech, ainda em fase de seleção, é voltada para conectar indústrias paranaenses com demandas e desafios em transformação tecnológica e indústria 4.0 aplicados no contexto do agronegócio e startups com know-how para a execução de projetos inovadores.
Apoio técnico, tecnológico e consultivo
Além dos recursos financeiros, a empresa pode ter apoio ao seu projeto por outros recursos. O acesso a laboratórios, instalações de testes e pesquisadores qualificados, cursos e bolsas para capacitação em gestão da inovação, consultorias especializadas para elaboração e execução de projetos, o apoio à realização de parcerias internacionais e a premiações são alguns exemplos.
Os principais tipos de instrumentos dessa categoria são:
- Articulação público-privada: fóruns e parcerias entre governo, setor empresarial e instituições de ensino e pesquisa
- Capacitação de recursos humanos: cursos, bolsas e atividades de capacitação
- Consultoria e mentoria: programas e serviços para orientar a empresa a inovar
- Difusão de conhecimento: informações sobre apoio à inovação e casos de sucesso em sites e publicações
- Infraestrutura: centros de pesquisa, tecnologia e inovação abertos a empresas
- Premiação: seleções de produtos e projetos inovadores
O próprio programa ALI é um dos serviços de consultoria no portfólio do MEI Tools. Também na categoria de consultorias gratuitas está o InovAtiva Brasil, um hub especializado em startups.
Coordenado pela Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e pelo Sebrae, o programa tem como objetivo acelerar startups e projetos de negócio inovador em larga escala, de modo gratuito e aberto a projetos de qualquer lugar do Brasil, em estágio de validação, operação ou tração.
Desde 2015, a iniciativa é operacionalizada pela Fundação CERTI. São abertas rodadas periodicamente em que as startups são selecionadas para participar do processo de aceleração em que é realizado um conjunto ações de mentoria com especialistas neste mercado e em investimentos para os empreendedores aprenderem como transformar a ideia em um produto ou serviço inovador e comercializá-lo.
O programa permite acesso a uma rede com mais de mil mentores voluntários de todo o país e acesso a conteúdo online e a mentorias com empreendedores experientes, altos executivos de grandes empresas, investidores-anjo e executivos de fundos de investimento. Os instrumentos de apoio incluem capacitação online sobre temas de interesse e mentorias individuais e coletivas online para até 400 startups selecionadas em cada ciclo semestral de aceleração.
Para as startups finalistas, também está prevista participação em eventos presenciais de mentoria e treinamento para apresentações do tipo “pitch” para investidores e executivos de grandes empresas. Também está incluída a presença de até 160 startups a cada edição em eventos de apresentação Demoday, para conexão com o mercado.
Além de startups e projetos de negócio inovadores, o InovAtiva Brasil é voltado para aceleradoras, investidores-anjo, fundos de investimento e grandes empresas interessadas em investir ou realizar negócios e parcerias com startups.
Dentro desse hub, uma opção para startups com a missão de gerar impacto social ou ambiental positivo, é o InovAtiva de Impacto. Em cada edição anual, são selecionadas até 80 projetos inovadores para participar de uma aceleração online de até 6 meses. Na segunda etapa, 40 soluções seguem para a etapa de conexão com investidores.
Quem usa o MEI Tools?
Além da busca direta feita por empresários, quem atende as empresas também usa o MEI Tools como referência. "A ferramenta centraliza as informações da grande maioria das fontes e agências de fomento, nacionais e estaduais, públicas e privadas, de forma atualizada e com filtros bem específicos por tipo de apoio, cooperação e cobertura", conta Marina Loures, diretora de Inovação e Transformação Digital da ABGI.
De acordo com ela, a consultoria usa o MEI Tools como fonte de informação para seus clientes na busca das melhores oportunidades de recursos financeiros para inovação, para cada projeto ou programa de Pesquisa Desenvolvimento & Inovação (PD&I).
Dessa forma, a plataforma atua como um meio para conectar as demandas dos empresários com as soluções do mercado, fortalecendo a competitividade. "A inovação é muito importante para manter a empresa competitiva e com visão de futuro, buscando sempre por produtos, processos e serviços novos, que atendam as expectativas dos clientes e melhorem sua experiência", completa Loures.
ALI e MEI Tools: uma parceira de siglas
Outro tipo de consultor que usa o MEI Tools são os Agentes Locais de Inovação (ALI), do Programa Brasil Mais. Os agentes são uma iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Cada agente é um bolsista que atua para ajudar micro e pequenas empresas no diagnóstico de problemas e implementação de soluções.
"O ALI é um pesquisador. Para o pesquisador trabalhar inovação em micro e pequena empresa, onde ele consegue um bom resumo em nível Brasil? No MEI Tools. É uma ferramenta que a gente tem para ajudar esse bolsista a encontrar em um só lugar centenas de soluções e ações com foco na inovação", explica Marcus Marcus Vinicius Bezerra, coordenador nacional do programa ALI no Sebrae.
É por meio da plataforma que o consultor irá achar os mecanismos para ajudar as empresas em busca de soluções para conseguir uma linha de financiamento, instruções de como submeter a inscrição para uma edital de subvenção econômica à inovação ou como fazer uma capacitação, por exemplo. "É uma fonte do dia a dia para apoiar as micro e pequenas empresas com a temática de inovação", resume Bezerra.
A plataforma é conteúdo obrigatório da prova de seleção para se tornar um agente de inovação. Mais de 8 mil pessoas participaram da seleção e quase 2 mil candidatos se qualificaram para participar da capacitação. Também é uma fonte de consulta recorrente. "É orgânico, tem atualização e o agente local de inovação tem de ter uma visão mais completa de produtos, serviços, entidades, linhas de crédito, editais de subvenção", ressalta o coordenador do programa.