Logística reversa: o que é e como aplicar nas empresas?

A prática envolve a cadeia produtiva e reduz riscos ambientais ao destinar corretamente os resíduos sólidos

A logística reversa é uma aliada do meio ambiente, pois com ela, os resíduos ou materiais do pós-consumo são reinseridos em novos ciclos produtivos. É praticamente o bê-á-bá da sustentabilidade.

Quando adotada pelas empresas, ela influencia toda a cadeia de produção, envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e os próprios consumidores.

Com tanta gente envolvida, deu pra entender que fazer tudo isso acontecer é complexo. É preciso organização. Para isso, existe um conjunto de ações e procedimentos para viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial.

Quando essas peças se juntam, é possível reaproveitar o material em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou dar outra destinação ambientalmente adequada.  

Um ciclo virtuoso     

O Grupo Moura produz baterias para automóveis, ônibus, caminhões, motos e outros setores industriais, como nobreaks e geradores de energia solar.

Presente em seis estados brasileiros e na Argentina, a empresa implantou a logística reversa há 35 anos por meio do Programa Ambiental Moura (PAM), que recicla 100% das baterias produzidas e vendidas no mercado nacional. Esse patamar só foi alcançado a partir da completa integração entre a Moura, fornecedores de insumos, distribuidores e clientes.

Como funciona a logística reversa da bateria?    

Ao trocar a bateria, o consumidor final devolve a usada ao comerciante. Em seguida, o comerciante remete as sucatas para uma das mais de 80 Unidades de Distribuição Moura espalhadas no Brasil. Por fim, esse material é encaminhado para a unidade de reciclagem da Moura, em Belo Jardim (PE). 

O processo de reciclagem é dividido em trituração da sucata, com a separação do plástico, que é recuperado e reutilizado na produção de caixas e tampas de novas baterias e a recuperação de chumbo, que segue o processo de separação, fundição, refino e lingotamento até a fabricação de novas baterias. Atualmente, a empresa recicla mais de 100 mil toneladas por ano.

“Temos na sustentabilidade um dos nossos principais pilares. Acreditamos que é por meio do cuidado ambiental e social que poderemos ir cada vez mais longe, como empresa e indivíduos. Hoje, todas as nossas baterias vendidas são recicladas e 100% dos seus componentes contam com a destinação adequada”, detalha o diretor de Metais e Sustentabilidade da Moura, Flávio Bruno.

Aos amantes do café, sustentabilidade     

Se tem uma coisa que brasileiro gosta de tomar, é café. Não à toa, somos o segundo consumidor mundial dessa iguaria. Para se ter uma ideia, entre novembro de 2020 e outubro de 2021, foram consumidas 21,5 milhões de sacas de 60kg, um crescimento de 1,7%, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Esse aumento expressivo também está presente nos cafés em cápsula.

Pensando no que acontece com o meio ambiente depois que esse material é consumido, a Nespresso desenvolveu um programa de reciclagem das cápsulas. O programa recicla 17% das cápsulas usadas no Brasil. A meta é que até 2025 esse percentual atinja 50%, e para isso, foram montados mais de 200 pontos de coleta em todo o país, além da implementação da logística reversa e a possibilidade de envio das cápsulas via Correios.

As vantagens do alumínio   

O alumínio reciclado requer 95% menos energia para ser produzido do que o alumínio virgem, além de colaborar com uma redução significativa na emissão de carbono na atmosfera.

Já a borra de café é destinada ao Nespresso Hortas. O projeto trabalha o resíduo orgânico como alternativa de adubo para cultivo de alimentos orgânicos de forma regenerativa, além de oferecer consultoria técnica especializada para agricultores em Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo.

“A reciclagem é um dos nossos compromissos para promover uma transição para uma economia circular. Além de contribuir com a gestão responsável de materiais e resíduos, a economia circular também contribui na redução da pegada de carbono”, afirmou Cecília Seravalli, gerente de sustentabilidade da Nespresso no Brasil.

Para implementar a logística reversa, conte com o SENAI Empresa

Se você tem uma empresa e gostaria de implantar ou aperfeiçoar o seu sistema de logística reversa, o SENAI Empresa pode te ajudar por meio do Programa SENAI de Logística Reversa. O programa oferece apoio técnico e jurídico para elaborar propostas de sistemas de logística reversa dos setores industriais em cumprimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Entre 2019 e 2020, o SENAI Empresa realizou mais de 4,1 mil atendimentos a empresas de diversos estados. Essa trajetória começou em 2015, quando a Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul (FIEMS) começou a discutir com diversas entidades para chegar ao atual modelo de implementação da logística reversa e aplicá-la nas empresas.

O que iniciou como uma demanda estadual, agora atua em toda a federação. Para dar conta da demanda, a FIEMS conta com Sindicados associados e com a parceria com a certificadora (EURECICLO) e Entidade Gestora (Instituto GIRO). 


"O atendimento consiste em avaliar a operação das empresas, identificando o volume de embalagens comercializadas no mercado e calculando a necessidade de aquisição de créditos com base nas metas definidas pelos órgãos competentes e permitindo a aquisição de crédito com segurança por empresas que atuam na coleta, triagem e processamento deste material proveniente das embalagens descartadas", destaca o  Diretor-regional do SENAI MS, Rodolpho Caesar Mangialardo.


É bom pra todo mundo

As empresas que passam a adotar tecnologias mais limpas, simplificam a reutilização e a criação de embalagens e produtos que podem ser reciclados com maior facilidade. Além disso, toda sociedade se beneficia com o aumento na geração de empregos, a ampliação do mercado de gestão e de gerenciamento de resíduos.

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