Muito em breve, se depender do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e da empresa Carros Selvagens, seu passeio pelas dunas incríveis do Rio Grande do Norte vai ter muita sustentabilidade, além, claro, de muita emoção como pedem os corajosos.
A Selvagem é uma das maiores fabricantes de buggies do Brasil e a primeira indústria automotiva nascida no Nordeste, na década de 1970. Partiu dos próprios buggueiros – profissionais do setor turístico que usam os veículos a trabalho – a demanda por um veículo elétrico.
“A Selvagem recebeu a demanda de levar a um ambiente de natureza, de praia e do turismo ecológico um carro que tivesse menos emissões de carbono e com políticas ambientais. O SENAI-RN tem um projeto de parceria com pesquisadores alemães para o desenvolvimento de soluções em energia. Por isso, criamos um programa de conversão de motores a combustão para motores elétricos e levamos isso à Selvagem, que aceitou o nosso desafio”, explica o diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Diniz de Mello.
A empresa disponibilizou o carro e o SENAI arcou com a parte de montagem do motor. A estimativa é que o projeto seja encerrado até o final deste ano e entre em circulação no mercado a partir de março de 2023.
Como funciona um buggy elétrico?
O Buggy está em fase final de testes, com previsão de verificação do uso em ruas e dunas até o fim do ano. Nos testes laboratoriais, os resultados alcançados mostram que o carro tem velocidade máxima estimada em 120 Km/h.
A autonomia – distância percorrida pelo veículo com as baterias cheias, antes de precisar de recarga – é estimada em 100 km, basicamente a distância entre a cidade de Natal (RN) até João Pessoa, capital da Paraíba. Novos testes e aprimoramentos podem aumentar essa independência.
Atualmente, o Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DEE/UFRN) está fazendo ajustes de controle e locomoção do carro.
Como funciona o carregamento do buggy?
Uma etapa importante do processo foi pensar na regeneração de energia do veículo, de forma limpa e provinda da força dos ventos e da luz solar. Por isso, à medida que o carro gasta energia, bobinas inseridas na parte do freio podem recuperá-la e enviá-la para a bateria, prologando o tempo de uso.
Além disso, o de carregamento do buggy é acessível e simples, por meio de tomadas domésticas. Os testes apontam a necessidade de 3 a 4 horas para uma recarga completa.
Como foi a participação do SENAI no desenvolvimento do buggy elétrico?
O desenvolvimento do buggy foi realizado, em parceria com a Selvagem, pelo Projeto Verena, que o SENAI-RN e o CTGAS-ER executam, desde 2018, no Brasil, com a Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Trier (EIC Trier), da Alemanha.
O projeto do veículo é liderado pelo CTGAS-ER, e realizado em parceria com especialistas alemães e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O SENAI foi responsável pelo desenvolvimento do uso da tecnologia e a integração dos componentes elétricos e mecânicos do veículo. E também atuou na capacitação dos profissionais que trabalham com o projeto. A equipe da universidade participou de uma oficina com o SENAI para trabalhar na parte de programão do inversor, responsável por ajustar a velocidade que o carro pode atingir.
Enquanto a EIC Trier forneceu a tecnologia e promoveu, também, o treinamento necessário. Um curso de mecatrônica automotiva de 180 horas foi ministrado para a equipe envolvida, por especialistas da Alemanha, que é o país europeu com maior produção de veículos elétricos.
Os benefícios de um carro turístico elétrico
O maior desafio, até o momento, é o preço da bateria de fosfato de lítio, que não é produzida no Brasil e fica em torno de R$ 49 mil reais. Por isso, a previsão é de que o Selvagem Elétrico seja ofertado na faixa dos R$150 mil, o que não afeta os benefícios do consumidor ao adquirido o carro elétrico.
“O carro elétrico tem benefícios tanto para sustentabilidade quanto em preço. Apesar da gente colocar que o preço para adquirir um carro elétrico é bem mais caro, a longo prazo o gasto com combustível do carro é menor, por ser eletricidade, e o desempenho do automóvel é superior. Com o tempo, a manutenção, consumo de peças – freio, pneu – acabam tendo um custo menor, porque o automóvel é mais eficiente. Além do grande ganho no quesito de sustentabilidade, tanto na emissão de gás quanto na poluição sonora. Fora o ganho, também, de inovação para a indústria automotiva”, explica o diretor do CTGAS.
Além disso, o Rio Grande do Norte isenta esse tipo de veículos de pagamento do IPVA, equivalente a cerca de 6% do preço do automóvel, uma economia considerável.