CNI, FGV e WWF debatem a crise da água durante evento, em São Paulo

O evento marcou o lançamento do documento A governança do Sistema Nacional de Recursos Hídricos: Diagnóstico e caminhos para seu aperfeiçoamento

O coordenador da Rede de Recursos Hídricos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) , Percy Soares, alertou que os investimentos emergenciais feitos por companhias de saneamento em razão da crise da água poderão resultar em reajuste das tarifas de água. Soares participou nesta quinta-feira (11) de debate sobre a situação do desabastecimento, promovido pela organização não-governamental WWF, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. O evento marcou o lançamento do documento A governança do Sistema Nacional de Recursos Hídricos: Diagnóstico e caminhos para seu aperfeiçoamento .

De acordo com o representante da CNI, o país gastou cifras elevadas no planejamento de recursos hídricos, mas sem resultados eficazes para resolver situações de crise com a atual. Ele classificou como preocupante a crise da água na região Sudeste e diz que o ano de 2015 demandará atenção. “Temos uma crise e vamos ter problema na organização econômico-financeira das companhias de saneamento. Foram feitos investimentos emergenciais e, em algum momento, essa conta vai chegar ao consumidor”, frisou Percy Soares. Ele acrescentou ainda que a questão do preço é fundamental, uma vez que, se os investimentos forem repassados para as tarifas, haverá impacto na competitividade das pequenas e médias indústrias abastecidas pelas redes públicas e nas populações, fundamentalmente, de baixa renda.

IMPLANTAÇÃO - Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey Brito, o país tem feito esforço pela construção de leis, mas peca na implantação das mesmas. “Temos essa infeliz prática no Brasil de nos dedicar aos documentos e não a sua implantação”, pontuou, antes de mencionar como exemplos o Código Florestal e o Estatuto do Índio. Ela defendeu a busca por novas estratégias de comunicação para que o tema conservação da água seja difundido por todos os setores da sociedade. “Quem mais usa água no Brasil é a agricultura, não é a indústria ou a população.”

O cientista político da FGV Fernando Abrucio destacou que a única forma de a Política Nacional de Recursos Hídricos ganhar a atenção dos governos é mantendo o assunto na agenda. Para isso, segundo ele, o tema precisa estar na vitrine. “Não podemos depender de crise para implementar políticas públicas. É preciso ter estratégia de implementação”, disse.

Abrucio observou ainda que o impacto da crise hídrica será enorme no país, com potencial não só para gerar um desabastecimento de água, como também para atingir a produção de energia elétrica. Fez referência a importância da sociedade acompanhar a implementação da política e que para isso, é fundamental estabelecer indicadores e metas claras e compreensíveis.

Percy Soares disse que é preciso aproximar a população da realidade da situação hídrica. “A população dos grandes centros urbanos tem sua relação com a água mediada pelo setor de saneamento. A relação dela com a água do rio é muito distante. A água para ela é o que está na torneira, sua preocupação é se a água está com gosto, se a tarifa subiu. Precisamos tratar a questão concentrando a transversalidade que ela tem.” Todos os painelistas concordaram com a necessidade de incrementar a implementação da política de recursos hídricos e aumentar sua eficiência.

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