O presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Thomé, destacou em reunião com representantes da indústria nesta segunda-feira, 17 de junho, que a ampliação das áreas de concessões florestais é a melhor estratégia para conservar a floresta em pé e promover o desenvolvimento econômico e social da Amazônia. “Com isso, as empresas concessionárias passam a ser corresponsáveis pela manutenção das florestas”, afirmou Thomé. “É um trabalho colaborativo entre quem produz e controla, permitindo a geração de emprego, renda e recolhimento do tributos.”
A opinião foi compartilhada pelo deputado federal Pablo Oliva Souza (PSL/AM), que preside a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia. Segundo ele, que participou da reunião do Coemas, o modelo atual de preservação do território amazônico tem custo econômico e social para a região e não garante a conservação florestal. “Para se ter uma ideia, há reservas florestais em lugar que sequer tem fiscalização. Tudo isso gera um custo à população local de regras que são criadas por pessoas que estão distantes daquela realidade”, disse. “Preservar sem desenvolver é uma falácia.”
De acordo com Souza, é preciso construir um plano de desenvolvimento para a Amazônia que contemple a diversidade da região. Para isso, foi criada a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia, que conta hoje com 230 parlamentares.
João Pessoa Moreira, diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), defendeu o estímulo ao manejo florestal sustentável para manter a floresta em pé. “Só fiscalizando não vamos conseguir isso. Também temos de gerar emprego e renda para populações locais”, reforçou.
RESÍDUOS SÓLIDOS – Outro tema de destaque no Coemas foi a recuperação energética de resíduos sólidos. O especialista da CNI Wanderley Baptista apresentou o guia recém lançado Recuperação Energética de Resíduos Sólidos: um guia para tomadores de decisão. A publicação detalha especificações técnicas e prós e contras das quatro tecnologias para recuperação energética usadas no mundo, que são o coprocessamento, combustão, pirólise (gaseificação) e digestão anaeróbica, que produz, principalmente, gás metano.
Segundo ele, a recuperação energética é complementar à reciclagem e é parte integrante dos processos de economia circular. “É preciso avançar nessa agenda, pois o Brasil está bem defasado em relação ao mundo nessa pauta”, disse Baptista. Um mercado promissor é o de combustível derivado do resíduo, destacou o especialista da CNI. “Trata-se de energia mais limpa, com menos emissão de gás carbônico.”
Mário Esper, da Associação Brasileira de Cimento Portland, detalhou vantagens do coprocessamento de resíduos, que é o método mais difundido no mundo. Ele destacou que aproveita-se os fornos já acesos na indústria de cimento para gerar energia com diversos materiais, sendo o mais disseminado os pneus. “Em vez de se emitir mais gases de efeito estufa com resíduos, reduz-se ao inserir resíduos na geração de energia”, ressaltou. Para Luiz Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), o estímulo à recuperação energética de resíduos pode contribuir com a erradicação dos lixões. “Prefeituras deviam conceder tratamento de resíduos e sua recuperação energética à iniciativa privada”, sugeriu.