SESI Lab: um museu acessível para romper as barreiras da diversidade

No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o museu interativo estreia duas modalidades de visitas acessíveis, com entrada gratuita e edições em todo primeiro domingo do mês

Desde o início do projeto e muito antes da abertura ao público, o SESI Lab foi concebido como um museu de arte, ciência e tecnologia para atender a todas as diversidades de públicos. A missão é romper barreiras físicas, culturais, atitudinais e comunicacionais por meio da acessibilidade. Para marcar o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, o museu 100% interativo lançou, neste domingo (3), visitas acessíveis para atender pessoas com espectro autista, neurodivergentes e a comunidade surda. Tudo com entrada gratuita e sempre no primeiro domingo de cada mês. 

Mesmo sem cobrança, é necessário garantir ingresso antecipado no site da Sympla ou na bilheteria física do museu. A cada edição serão disponibilizados 200 convites para as visitas das 8h às 10h. Já as visitas guiadas para a comunidade surdo terão capacidade de 20 pessoas, por sessão, mas sem a necessidade de emitir voucher específico para a atividade. Após adquirir entrada no SESI Lab, os interessados devem se dirigir ao balcão de informações no horário da visita para participarem do grupo. 

As duas novas ações foram desenvolvidas pelas equipes de educação e de exposições e integram uma lista extensa de adaptações já existentes no SESI Lab desde a inauguração, em novembro de 2022.


“O SESI Lab, desde a sua concepção, pensa nessa grande diversidade de públicos. Então, a nossa ideia é sempre romper com diferentes barreiras para que a gente possa tornar possível, de fato, a inclusão e a participação desses diversos públicos na nossa programação e na experiência do museu”, explica a gerente de Programação Cultural do SESI, Agnes Mileris.


A partir de dezembro e com edições mensais, as visitas para comunidade neurodiversa e do Transtorno do Espectro Autista (TEA) serão realizadas duas horas antes do funcionamento rotineiro, para garantir a inclusão independentemente de habilidades físicas, sensoriais ou cognitivas. Além do acolhimento logo na entrada do museu, com educadores e orientadores de públicos capacitados, as visitas espontâneas contarão com ajustes sonoros e visuais, como o desligamento do painel de LED e adequações em aparatos interativos. 

“A gente elaborarou esse roteiro para visitas acessíveis pensando justamente nas adaptações que o museu deveria ter para receber com mais conforto pessoas de grupos diversos. Porque a gente entende que o museu tem uma carga sensorial muito intensa”, pontua a educadora Lua Cavalcante, formada em pedagogia e fotografia. “Então, desligar alguns aparelhos com muito estímulos sonoros e as luzes geral do museu influenciam muito na experiência. Por exemplo, trocar alguns tons também do projeto de iluminação, que são muito vibrantes, para reduzir as chances de desconforto”, enfatiza Helena Neves Simões, educadora e designer de formação. 

Além disso, serão oferecidas visitas em Libras, com sessões às 11h e às 15h do mesmo dia, e desenvolvidas atividades com uso de dispositivos de acessibilidade - como brinquedos sensoriais, fones com abafador de ruído e coberta ponderada -, disponibilizados em um carrinho customizado para recursos de acessibilidade. 

Inclusão independente de habilidades físicas, sensoriais ou cognitivas

O Diálogos Acessíveis compreende a uma série de ações que buscam ampliar e melhorar o atendimento do museu levando em conta as premissas legais estabelecidas pelas políticas públicas nacionais. Além das visitas acessíveis, foram desenvolvidas formações continuadas com as equipes com aprofundamento em diferentes tipos de deficiência. 

Desde novembro de 2022, foram realizadas quatro formações para os funcionários do SESI Lab, com mais de 380 participantes. Acessibilidade cultural, barreiras atitudinais, afasia e tetraplegia foram temas abordados nos encontros. A última edição de 2023 será em 12 de dezembro com a temática paralisia cerebral.


“Quando a gente promove ações para diversos grupos, incluindo as pessoas com deficiência, não é apenas para impactar essa parcela da população, mas toda sociedade. E para mostrar a importância da diversidade e da equidade nos espaços museológicos e em centros de ciências”, ressalta Gabriela Reznik, analista integrante da coordenação de Ações Educativas do SESI Lab.


Videolibras e audioguias também estão disponibilizados em diversos aparatos da exposição de longa duração, além de mapas e maquetes táteis que permitem reconhecer a construção arquitetônica do edifício e seu entorno. Os espaços expositivos do SESI Lab também contam com a presença de intérprete de libras na programação cultural.

Todas as ações implementadas em menos de um ano são resultantes do grupo de trabalho criado pelo museu para estruturar o Programa de Acessibilidade do SESI Lab, que contou com a consultoria de Viviane Panelli Sarraf. Ela é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, mestre em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, especialista em Museologia pelo Museu de Arqueologia da USP e graduada em Licenciatura em Educação Artística pela FAAP.  

Na avaliação de Viviane, o SESI Lab se destacou por compreender, desde a elaboração do projeto, acessibilidade como pilar de qualquer equipamento cultural. “O direito das pessoas com deficiência ao acesso à cultura, à arte e à difusão científica não deve ser encarado como algo auxiliar, como anexo. Precisa estar no DNA de qualquer instituição. O SESI Lab incorporou isso e hoje é um exemplo muito novo e diferente de outros museus de ciências no Brasil”, avalia Sarraf. 

Acessibilidade cultural: um direito

De acordo com a Política Nacional de Museus e com a Lei Brasileira de Inclusão, a acessibilidade abrange várias dimensões: arquitetônica, metodológica, instrumental, programática, atitudinal e comunicacional. Portanto, trabalha-se com um conceito de acessibilidade que pressupõe uma abordagem multidisciplinar e transversal em todas as esferas de atuação da instituição, considerando: adequações arquitetônicas, expografia acessível, comunicação e informações acessíveis, acessibilidade atitudinal, participação de pessoas com deficiência nos processos criativos e decisórios, inclusão profissional e posicionamento institucional para a garantia dos direitos das pessoas com deficiência.  

Pautado na definição de acessibilidade universal, o conceito de Acessibilidade Cultural tem como premissa a extensão dos benefícios, das adequações e da concepção de produtos culturais acessíveis para outras parcelas da população, além das pessoas com deficiência e neurodiversidades. É um conjunto de adequações, medidas e atitudes que, embora busquem prioritariamente proporcionar fruição cultural a pessoas com deficiência, beneficiam também públicos diversos através das medidas de bem-estar e acolhimento.  

Lançamento da coleção do Programa de acessibilidade no Acervo Digital SESI Lab 

No Acervo Digital do SESI Lab foi lançada a coleção do Programa de acessibilidade, com materiais utilizados para as ações de acessibilidade do museu, disponibilizando os audioguias e os videolibras da exposição de longa duração. Por meio da leitura de QR Codes, os visitantes podem usufruir dos recursos de maneira online e totalmente gratuita.  

Nesta primeira fase de implantação, mais de 20 videolibras já estão disponíveis no Acervo Digital, com conteúdos descritivos sobre aparatos como Areia dançante, Bate e queima, Caleidoscópio de sombras, Câmara de gotas, Competição ou conexão, Detectando calor entre outros. Já os cerca de 30 audioguias incluídos abordam aparatos como Archimedes, Banco musical, Construindo formas 3D, Cores e humores, Cadeira grande, cadeira pequena, Caminhada de ritmos, Ecotubos etc.
 
Conheça ações de acessibilidade já disponíveis no SESI Lab

  • Piso podotátil no entorno do edifício e na parte interna na indicação da localização dos banheiros e elevadores, assim como acessos adaptados a pessoas em cadeira de rodas;  
  • Fraldários e banheiros adaptados e com sinalização universal;  
  • Empréstimo de cadeira de rodas para visitantes que necessitarem;  
  • Parte dos mobiliários adaptados para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, inclusive nos espaços expositivos; 
  • Maquetes táteis e plantas elevadas que permitem reconhecer a construção arquitetônica do edifício e seu entorno, bem como os espaços expositivos do SESI Lab;  
  • Legendas e textos de orientação em Braille e com caracteres ampliados em determinados aparatos;  
  • Audiodescrição e videolibras em aparatos nas exposições de longa duração, disponibilizados em QR Code;  
  • Coleção do Programa de acessibilidade no Acervo Digital SESI Lab;
  • Visitas mediadas para público em Libras; 
  • Abertura matinal do SESI Lab para pessoas neurodiversas e no espectro do transtorno autista; 
  • Contratação de colaboradores com deficiência para a equipe educativa e demais setores da instituição, para cumprimento da Lei de Cotas para pessoas com deficiência;  
  • Atualização sobre temas diversos relacionados à acessibilidade e direitos das pessoas com deficiência para equipe do SESI Lab;  
  • Participação dos colaboradores com deficiência na criação de novos programas, projetos e adequações de acessibilidade;  
  • Atividades de formação de público de pessoas com deficiência em parceria com escolas e instituições do DF;  
  • Formação continuada sobre temas diversos relacionados à acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência para equipe do SESI Lab.

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