Tempo, conhecimento e carisma: os voluntários que se doam para a robótica

Abrir mão de fins de semana e da família, viajar e estudar muitas regras. No Dia do Voluntariado, mostramos o que está por trás do trabalho de quem faz a roda girar - ou melhor, o robô andar

No Dia do Voluntariado, comemorado nesta segunda (28), a Agência de Notícias da Indústria preparou um conteúdo especial para homenagear essas pessoas que se doam para a robótica

Uma competição de robôs é feita por pessoas. Para que o cronômetro seja acionado, a pontuação lançada ou a largada seja dada, é preciso alguém por trás; e essa pessoa é o voluntário. Para realizar as funções delegadas, eles deixam casa, trabalho e família por uns dias e viajam quilômetros com uma missão: acompanhar as competições em outros estados ou países, com uma equipe que passa a ser uma segunda família. 

No Dia do Voluntariado, comemorado nesta segunda (28), a Agência de Notícias da Indústria preparou um conteúdo especial para homenagear essas pessoas que se doam para a robótica. São três voluntários de diferentes gerações, com trajetórias e perspectivas para você se inspirar.

Voluntários em ação! 

O Tiozão da robótica 

Carinhosamente apelidado de Tiozão pelos competidores da robótica, Arnaldo Ortiz, de 61 anos, conta que a brincadeira começou porque ele não era muito bom em decorar nomes e chamava os estudantes de “tiozinho”. O apelido ficou com uma marca e virou um personagem dentro das arenas. 

“O Tiozão faz eu me sentir mais novo, me traz a energia da juventude. Arnaldo é um nome muito sério, Tiozão é um personagem descolado”, brinca. 

Carinhosamente apelidado de Tiozão pelos competidores da robótica, Arnaldo Ortiz, de 61 anos, conta que a brincadeira começou porque ele não era muito bom em decorar nomes e chamava os estudantes de “tiozinho”

A sua vida no voluntariado começou muito cedo, quando tinha apenas 16 anos. Nessa época, ele trabalhava com alfabetização em comunidades. Já na década de 90, a robótica passou a fazer parte da sua vida. O Tiozão começou a se envolver com robôs industriais, depois com LEGO e, quando o SESI começou a operar os campeonatos, ele entrou na onda como voluntário.   

Hoje, o paulista de São Caetano do Sul divide a sua vida entre a profissão de engenheiro eletrônico e as arenas de robótica, atuando como membro do Comitê Nacional de Avaliação de Core Values, uma das categorias da FIRST LEGO League Challenge (FLL), além de ser voluntário do F1 In Schools.  

O Tiozão começou a se envolver com robôs industriais, depois com LEGO e, quando o SESI começou a operar os campeonatos, ele entrou na onda como voluntário

“Eu procuro, como voluntário, devolver para a sociedade um pouco do que eu tive oportunidade de viver. Mais do que nos doarmos, nós aprendemos muito como voluntários, porque estamos transformando vidas, estamos ajudando a construir um mundo melhor”, acredita. 


Filho de metalúrgicos, a paixão pela robótica passou para a família. Sua esposa, Cristina Farias, também entrou para esse mundo por influência do marido e atua como juíza de core values. 

O juiz geral, representado também pelo Arnaldo, na verdade é um comitê formado por cinco pessoas de cada modalidade da robótica: FLL, FIRST Tech Challenge (FTC), FIRST Robotics Competition (FRC) e F1 In Schools. 

A juíza do cachecol do Harry Potter 

Fã de Harry Potter, Izadora Araújo, de 23 anos, ficou conhecida como a juíza do cachecol do HP por usar o adereço com diversos bottons de equipes, colecionados a cada temporada. 

A jovem atua como juíza há sete anos e como juíza chefe há dois, na categoria de projeto de inovação da FLL. Além disso, a baiana, formada em letras, trabalha como agente de comunicação na Pró-reitoria de pesquisa e inovação da Universidade Federal de Goiás (UFG). 

Fã de Harry Potter, Izadora Araújo, de 23 anos, ficou conhecida como a juíza do cachecol do HP por usar o adereço com diversos bottons de equipes, colecionados a cada temporada

Amante da música e da dança, ela compartilha o amor com a robótica, que se tornou o seu maior hobby. 

“Eu estudei no SESI, e a robótica entrou na minha vida quando ainda estava na escola. Fui competidora na Olimpíada Brasileira de Robótica, depois fui mentora de equipe e hoje sou juíza”, conta. 

Izadora explica que a sua missão como voluntária é inspirar e despertar nos estudantes a curiosidade sobre o universo científico, mas que há um ganho e uma troca das duas partes. 


“Você ganha o contato das pessoas, ganha essas histórias de inspiração, que voltam para você e te fazem crescer. A robótica foi o ponto de virada da minha vida. Consegui encontrar um lugar onde eu consigo me doar completamente”, declara. 


O juiz chefe, função desempenhada pela Izadora, é responsável por todas as categorias que existem nas modalidades. Na FLL, por exemplo, temos as de projeto de inovação, core values, design do robô e desafio do robô. E, para cada uma, existe o juiz de categoria.

O cangaceiro dos robôs 

Wellington Maia conheceu a robótica em 2017, quando entrou para a equipe Cangaceiros da Robótica, da modalidade FLL.  

Competidor, organizador, juiz, estagiário e, agora, mentor de robótica da mesma equipe que fez parte na escola. Com apenas 21 anos, o nordestino de Recife tem uma longa trajetória no mundo robotiquer. 

“Na primeira aula fiquei empolgado com o mundo da robótica e me inscrevi para a equipe. Fui aprendendo, pesquisando e hoje sou apaixonado pela robótica”, conta. 

Competidor, organizador, juiz, estagiário e, agora, mentor de robótica da mesma equipe que fez parte na escola

Graças ao relatório que Wellington produziu para o departamento regional, os mentores de robótica do Pernambuco passaram a receber auxílio para transporte e alimentação, um incentivo a mais para quem se doa para esse trabalho. 

Como mentor, ele tenta tirar o melhor da sua equipe, sendo o ponto de apoio dos competidores. “Nós temos o dom de levar a equipe de 0 a 100 muito rápido”, destaca. 

Várias funções, um propósito 

Além do juiz geral, do juiz chefe, juiz de categoria e do mentor, nós também temos como voluntários os técnicos e os anjos.  

Os técnicos são responsáveis por conduzir as equipes nas competições, ensinando desde o básico até sendo suporte nas arenas. 

Já os anjos são o apoio das equipes. Cada voluntário tem a missão de ajudar a galera no dia das competições. Diferente das outras funções, os anjos são estudantes convocados pelo regional que está sediando o evento. 

Marcos Sousa, especialista do SESI Nacional, explica que o voluntário é o cérebro, a raiz do programa. Um torneio não funciona sem o voluntariado. 

“O importante é saber que eles estão ali porque acreditam que aquilo vai impactar a vida dos estudantes, mas além disso, vai impactar a própria vida”, conclui. 

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