Ajude a seleção brasileira a viajar à Singapura para a Copa da robótica

7ª edição do FIRST Global Challenge será em outubro. Cerca de 190 equipes, uma por país, disputam o torneio e o Brasil já tem um time formado por estudantes da rede pública

No FIRST Global Challenge do ano passado, o time brasileiro também tinha alguns integrantes da 1772 e da 5800

O mundial de robótica de Houston, que ocorre todo ano em abril, concentra as melhores equipes das modalidades da FIRST (FRC, FTC e FLL). Há outra competição, porém, que mais se assemelha a uma Olimpíada ou Copa do Mundo - sim, teremos uma Copa neste ano e não estou falando da de futebol feminino. 

É o FIRST Global Challenge (FGC), cuja 7ª edição está marcada para 7 a 10 de outubro em Singapura. Neste ano, a seleção brasileira, ou time Brazil, é formada por duas equipes de FRC: a 1772 Trail Blazers (RS) e a 5800 Magic Island Robotics (SC), que se juntaram ao Programa Pode Crer (SC), do Instituto Padre Vilson Groh. 

Nove estudantes da rede pública e seis mentores estão trabalhando na divulgação do torneio e na arrecadação de recursos para garantir a ida à Singapura em outubro.  

Os integrantes são: Helena Scussel, Alana Silveira, Julia Vargas, Nathany Machado, Guilherme Carvalho, Franco de Luca, Luigi Lazzaretti, Nicolas da Costa e João Vitor da Silva. Já os mentores são Augusto da Silva, Gabriela Ribeiro, Ana Luíza Pagliarini, Luisa Kaneko, Bruno Ósio (nosso Dean’s List!) e Lauro Schlemper. 

Mas agência de notícias da indústria, o que é o FIRST Global Challenge?  

Se você ainda não ouviu falar desse torneio, que reúne um time por país em uma sede diferente a cada ano, nós listamos os motivos para você conhecê-lo: 

1) Uma competição bem plural. Com uma equipe por país, a FIRST Global consegue dar mais oportunidade para times de nações sem tanta tradição na robótica, que geralmente não conseguem a classificação para Houston. Para se ter uma ideia, na última edição do mundial, participaram 59 países. Já no FGC do ano passado, foram 162, e a previsão para este ano é de 190! Mais bandeiras, mais diversidade, mais intercâmbio cultural entre os competidores; 

2) Robôs intermediários. Todas as equipes constroem o robô a partir de um kit básico, que se assemelha ao da modalidade intermediária, a FIRST Tech Challenge (FTC). O tempo e o formato da partida, em alianças, também é o mesmo da FTC. Assim, tanto estudantes que já competem na FTC quanto os da FRC estão preparados para encarar o desafio. E, por falar em desafio… 

3) Desafios temáticos. Como nas outras modalidades da FIRST, o torneio tem um tema diferente a cada temporada, ligado a problemas enfrentados pela sociedade. Na mesma pegada de sustentabilidade da última edição, o deste ano é Hydrogen Horizons. O robô construído e programado pelos estudantes deverá cumprir tarefas que simulam a produção, armazenamento, transporte e conversão em energia do hidrogênio. 

Quer ver como são as partidas? Confere aí o desafio do ano passado Carbon Capture.

4) Brasileiros engajados e premiados. Apesar de a competição ainda não ser conhecida pelo grande público no Brasil, o país marcou presença nas seis edições. Histórico: 

- 2017: ranking 130/163 

- 2018: ranking 60/161 + menção no Safety Award com outros 45 países 

- 2019: ranking 149/189 

- 2020: ranking 60/100  

- 2021: ranking 45/100 + dois ouros (FIRST Global Challenge Award Education e Rajaâ Cherkaoui El Moursli Award for Courageous Achievement) + uma prata (FIRST Global Grand Challenge Award Education) + Outstanding Mentor Award 

- 2022: ranking 58/162 

5) Já temos para quem torcer em 2023, lembra? O time Brazil, formado pela 1772, a 5800 e o Programa Pode Crer. 

Como é ser da seleção do país?  

Quem explica os detalhes da FGC são os próprios estudantes. A inscrição da equipe no torneio ocorreu em março direto com a organização FIRST Global e o desafio deve ser lançado agora em julho - aí sim eles começam os trabalhos com o robô. Para o torneio, em outubro, quando as partidas e as avaliações dos projetos acontecem, vão cinco alunos e dois mentores. 

Os competidores precisam ter de 14 a 18 anos, já os mentores, o ensino médio completo e mais de 18 anos. Em alguns países, são os operadores parceiros da FIRST que definem o time. Para conseguir o recurso financeiro da viagem, os times podem aplicar para uma bolsa da própria FIRST Global de 10 mil dólares. 

Nathany Machado, uma das responsáveis pelo marketing da 1772, diz que a parte mais legal da FGC são os prêmios. “Arrecadamos fundos e temos que organizar, planejar e mostrar que estamos engajados. São vários prêmios e usamos muitos documentos, com texto e imagem, para falar das iniciativas da equipe e dos eventos. Na FRC, a gente apresenta; já, na FGC, só entrega”, compara. 

Um presente para o futuro 

A jovem, que quer trabalhar como designer, reconhece que a robótica foi um divisor de águas e que ela aprendeu a trabalhar em equipe e a se comunicar melhor. A quase 500 km de distância, Nicolas da Costa, da 5800, compartilha a mesma opinião, de que competir com robôs é mais sobre desenvolvimento pessoal e autoconhecimento.


“Sempre perguntavam o que eu queria fazer, e isso me deixava em tela azul. Eu gostava de matemática e entrei na equipe na parte de programação. Acendeu a lâmpada ver o robô funcionando. Me mostrou o caminho que quero seguir, e quero ver até onde isso vai, porque sei que conseguiremos alcançar muitas coisas”, vislumbra.


 

Torneios de robótica impactam positivamente na trajetória profissional e pessoal dos estudantes

Os colegas do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Luigi Lazzaretti e Franco de Luca, receberam um empurrãozinho de amigos e da família para entrar na equipe e também encontraram uma vocação. O primeiro faz o técnico em edificações e o segundo, em eletrônica.  

“Sempre gostei de computador e tecnologia e logo me identifiquei com a parte de programação. É um negócio que me deixa fissurado, fico aqui até 22h. É uma experiência que dá muitas oportunidades para o futuro. Vai ser legal colocar a FGC no currículo, ‘participei de um torneio pelo time Brasil’”, reflete Franco. 

Aprendendo com um mundo diferente do meu 

Para Júlia Vargas, aprender com os torneios é diferente de aprender na escola porque, na escola, você não gosta de algumas matérias, mas, na robótica, todo mundo está ali porque gosta. “A primeira vez que viajei de avião foi pela equipe e muitos alunos que não teriam contato com a robótica podem ter. A gente surta por causa do robô, que não liga, um monte de coisa não dá certo, mas quando você lembra depois é tão divertido. Mesmo cansado, você já fica esperando a próxima competição”. 

O robô do time Brazil será construído em Santa Catarina, mas as meninas do Rio Grande do Sul não ficarão de braços cruzados. “Faremos videochamadas para brainstorming, para projetar o robô e traçar as estratégias, como em qual missão focar”, adianta Alana Silveira.

Na robótica desde os 11 anos, ela lembra que, em torneios passados, eles descobriram que muitos países têm uma ideia equivocada do Brasil. É essa troca, descoberta e cooperação com estudantes de realidades totalmente distintas que mais encanta Helena Scussel, também veterana em competições dentro e fora do país. 


“Em 2022, na FGC, vi equipes do interior da África, da Ucrânia, Iêmen, Síria… Alguns países em guerra e eles estavam lá competindo com todo o esforço do mundo”, recorda Helena.


No ano passado, o FIRST Global contou com a participação de um time de refugiados da Síria e sete equipes formadas só por meninas. Outro fato marcante foi em 2022, no Rio de Janeiro.

“Chegamos na final com a Tech Vikings, do interior do Mato Grosso do Sul, uma equipe rookie [estreante]. A gente primeiro ficou lamentando ‘poxa não ganhamos’, mas aí vimos os stories deles, foram recebidos com carro de bombeiro, a cidade inteira comemorando. Aí pensamos ‘caramba, chegamos até a final, juntos’”, conta.  

É para passar por essa transformação e impactar a vida das pessoas que eles competem. Quer saber mais sobre a FGC? Acesse a página oficial e o FAC - Perguntas e respostas do FIRST Global

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