Robótica desperta o interesse das meninas pela ciência

Hoje elas são tão protagonistas quanto os meninos nas grandes competições de robótica

O ambiente das competições de robótica é muito acolhedor e respeitoso em relação ao gênero, na opinião de ex-participantes

Alcançar a equidade de gênero nas carreiras STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) ainda é um objetivo distante no Brasil, mas o horizonte é promissor. O contato com a robótica desde a educação básica e o estímulo adicional proporcionado pelos torneios nacionais e internacionais têm sido decisivos para que cada vez mais meninas se interessem pela área e optem por seguir nela.

“Esse é o primeiro passo para formar uma nova geração de profissionais nas áreas de engenharia. As equipes são um local não só de descoberta do conhecimento técnico, mas também de troca, acolhimento e competição saudável. É o ambiente ideal para lapidar talentos. Toda criança é curiosa; a gente só precisa ter a abordagem e as ferramentas certas”, diz Rafael Matta, gerente de Educação Tecnológica do Serviço Social da Indústria (SESI).

Atualmente, 51% dos alunos brasileiros que competem em torneios de robótica estudam em unidades do SESI e os resultados já começaram a aparecer. Hoje, elas são tão protagonistas quanto os meninos nesse tipo de competição. Para Larissa Matuo de Oliveira, de 18 anos, ex-estudante do SESI em Campinas-SP, isso deve ser celebrado e valorizado. “O que eu mais tenho a fazer é agradecer por elas [as meninas] estarem se dando a chance de vivenciar isso, superando as barreiras do preconceito, do estereótipo e da pressão, mostrando para o mundo do que somos capazes”, afirma.

Ex-estudante do Cephas, em São José dos Campos-SP, Janaina Ramos dos Santos, de 27 anos, elogia o espírito de igualdade no ambiente da robótica.

“Não me senti discriminada por ser mulher, nem nas competições nem nas atividades dentro do time. Os projetos da FIRST [organização que promove torneios de robótica] são muito acolhedores, sempre buscando incentivar e disseminar a ciência e a tecnologia, não importando seu grau de conhecimento ou sexo. Desempenhei várias funções nas competições, como copiloto do robô, voluntária na área de montagem mecânica e agora como mentora do projeto mecânico, e sempre me senti acolhida”, conta Janaina.

Sem figuração

Em 2023, dos 1.937 competidores inscritos nas quatro modalidades de torneios de robótica, 805 são meninas (42%). Para o gerente do SESI Rafael Matta, esses números mostram que as meninas não só se interessam como estão cada vez mais dispostas a participar de competições.

Os campeonatos também se tornaram espaços mais abertos e preocupados com a diversidade. Como destaca Lívia Amaral, de 18 anos, ex-estudante do SESI Campinas, “os torneios sempre foram ambientes saudáveis e agradáveis para as meninas”. Ela diz que vivenciou momentos de conscientização promovidos pelas instituições. “Para mim, o mais importante é isto: não ter a prepotência de achar que é livre de preconceito, mas mostrar verdadeiramente o compromisso de mudar o cenário atual”, argumenta. Lívia hoje cursa desenvolvimento de sistemas na faculdade.

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