A nova geração de engenheiras formadas pela robótica

No Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, o SESI mostra como a robótica educacional impacta a participação das meninas na área

Competidoras dos torneios de robótica oferecidos pelo SESI estão mais interessadas por carreiras na engenharia

O aumento na participação das mulheres nas áreas de tecnologia e engenharia mostra que os papeis de gênero tradicionais já não têm mais a mesma influência sobre a escolha profissional de meninas e meninos. 

Hoje, 23 de junho, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia e, para contar como o Serviço Social da Indústria (SESI) está impactando a área por meio da robótica educacional, temos histórias de uma nova geração de engenheiras.

Júlia Oberdá ao lado do fundador da FIRST, Dean Kamen, durante as competições de 2009

A culpa é da robótica

O interesse da ex-competidora Júlia Oberdá Paiva, de 27 anos, pela engenharia começou dentro da escola e tomou conta de sua vida. O primeiro contato com o mundo da engenharia foi por meio da robótica em 2007. Começou como atividade extracurricular, Júlia virou competidora na FIRST LEGO League - Challenge (FLL) daquele ano e e se desdobrou pra vida.

“O que começou como uma atividade extra da escola não deu muito certo. Mas como Vitória (ES) é uma cidade muito pequena, a gente tinha contato com outras crianças que também gostavam de robótica e aí, em 2008, a gente fundou a Emerotecos, que era uma equipe de garagem”,  relembra.

A FLL é destinada para estudantes de 9 a 16 anos e Júlia conta que competiu até quando pôde. Ela também teve a oportunidade de participar das temporadas Power Puzzle, em 2008, e Climate Connections, em 2009, quando sua equipe foi classificada para o mundial em Atlanta, nos Estados Unidos.


“Durante alguns anos, a minha vida girava em torno da robótica e dos meus amigos, dos nossos encontros. Era uma galera muito legal, era um local que eu me sentia bem recebida, que eu me sentia pertencente, que é tudo bem gostar de estudar, se interessar e querer descobrir cada vez. Eu gostava muito de montar o robô, programá-lo e vê-lo executando as atividades no tapete. A robótica te ensina a trabalhar em equipe, valorizar os pontos positivos do colega”, relata Júlia Oberdá Paiva.


Hoje, Júlia é engenheira e atua na área. Segundo a jovem, a escolha foi 100% influenciada pela experiência na robótica. 

“Sempre me perguntavam se eu iria fazer engenharia mecatrônica por causa da robótica, mas eu nunca gostei de programação. Invariavelmente, eu acabei caindo sim na engenharia. Eu fiz Engenharia de Produção Civil no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais”, ela explica.

"A robótica impactou pra caramba na minha vida e as decisões que eu venho tomando desde então”, completa.

Respeita as mina

As mulheres não estão presentes somente na categoria FIRST LEGO League – Challenge (FLL). Lívia Franzon faz parte da equipe SESI SENAI Megazord #7563, participante da FIRST Robotics Competition (FRC), categoria mais complexa entre as competições da FIRST.

A jovem de 17 anos afirma que foram os professores do SESI SENAI de Jundiaí (SP) que a incentivaram a participar da FRC e que “foi amor à primeira vista”. 

 “A nossa modalidade, atualmente, é a que mais mexe com a área industrial, a área de engenharia mesmo. Então, é uma coisa que mexe muito com a realidade, sabe? O nosso robô tem 56kg. É uma coisa bem pesada, bem real, mas é muito legal de trabalhar”, explica.


“Gosto bastante de participar. Eu não tinha muito contato com a robótica antes, mas quando conheci o dia a dia dos treinos do robô, de mexer com as coisas, acabei ficando muito animada. Acho que é um trabalho diferente! Faz a gente crescer tanto pessoalmente, quanto profissionalmente e isso é muito importante pra gente”, conta a competidora de FRC Lívia Franzon.

Beatriz Mota, de 19 anos é ex-competidora da F1 in Schools pela Seven Speed, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, em Salvador (BA). Ela participou das competições como Chefe de Escuderia e Designer Gráfico por um ano, até atingir a idade limite da categoria.

Assim como foi com Júlia, a robótica teve um peso grande na decisão do futuro profissional de Beatriz: “Até o começo do meu terceiro ano do Ensino Médio, eu acreditava que iria ser biomédica. Quando entrei na na F1, descobri uma engenharia muito diferente, mais dinâmica, mais divertida, que serve de porta e ferramenta de desenvolvimento pessoal, social-cívico, e não uma engenharia engessada, como sempre me falavam”, ela conta.

Beatriz Mota atuou como Chefe de Escuderia e Designer Gráfico da Seven Speed, equipe de F1 do SESI Reitor Miguel Calmon (BA), entre 2018 e 2019

A jovem então decidiu seguir na área em que se apaixonou e adquiriu o título de Técnica em Mecânica de Precisão. Além disso, atualmente, ela está cursando a graduação em Engenharia Mecânica no Centro Universitário SENAI CIMATEC, em Salvador (BA). A graduanda afirma que a experiência na F1 in Schools lhe proporcionou conhecimentos específicos da engenharia, algo que muitos jovens apenas tem a oportunidade de estudar durante o curso superior.


“Foi a F1 que me fez descobri a minha paixão por mecânica, sonhar em ser projetista, me apresentou a ferramentas e softwares que eu não conhecia, que me fez aprender sobre dinâmica dos fluidos. Eu aprendi sobre assuntos que eu vejo na faculdade e hoje eu tenho muita facilidade em aprender por causa da robótica. Na F1, eu aprendi a modelar. Então, eu aprendi coisas que eu estou vendo no terceiro semestre da faculdade. Então, com 17 anos, eu já sabia fazer coisas que pessoas de 21, 22 anos estão aprendendo na graduação. A robótica mudou a minha vida em níveis estratosféricos. Eu com certeza tenho muito mais vantagem hoje por essa experiência que tive”, a graduanda em Engenharia Mecânica Beatriz Mota afirma.

O SESI é pioneiro na robótica educacional 

Desde 2006, o SESI oferece o ensino de robótica nas 525 escolas da rede. Com base na metodologia STEAM (sigla em inglês de Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), a robótica estimula o interesse dos estudantes por ciência e tecnologia e desempenha um papel relevante no incentivo da inserção de mulheres nas engenharias.

Esse fator se reflete nas competições do Festival SESI de Robótica, organizado pelo SESI. São elas: FIRST LEGO League – Challenge (FLL), FIRST TECH Challenge (FTC) e F1 in Schools. A participação feminina nos torneios de robótica estão se assimilando à participação masculina ou até a superando. Em 2020, por exemplo, 72% dos jovens inscritos no Desafio Relâmpago: Volta às Aulas, do SESI, eram meninas.

Os números de adesão feminina continuaram a crescer. As etapas regionais da FLL deste ano contaram com a participação de 1.206 meninas, totalizando 47% dos competidores. Dessas, 228 foram classificadas para a etapa nacional, no Festival SESI de Robótica. Este número corresponde a 51,6% dos finalistas.

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