Micros e pequenas indústrias em ascensão: confira histórias de sucesso apoiadas pelo Procompi

Programa de fomento à competitividade das MPEs pode beneficiar cerca de 2,4 mil empresas no ciclo 2023-2026

Quando inscreveu a Benatêxtil no Programa de Apoio à Competitividade das Micros e Pequenas Indústrias (Procompi), o empresário cearense Paulo Rabelo buscava diminuir o desperdício dos recursos usados pela empresa no beneficiamento de peças de jeans. Mal sabia ele que a adoção de práticas mais sustentáveis ao longo do processo produtivo traria resultados tão significativos para o negócio. 


“Reduzimos em 80% o consumo de água em algumas etapas, em 30% o consumo de produtos químicos e em 20% o consumo de energia. Além disso, encontramos maneiras de ressignificar os resíduos da produção, como as cinzas da caldeira, que antes iam para o lixo e, agora, serão vendidas como bio cinzas – um adubo sustentável para o mercado de jardinagem”, relata Paulo. 


Com a ajuda dos consultores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), ele identificou um defeito em um dos compressores de energia da fábrica. O conserto, que custou cerca de R$ 400, resultará em uma economia anual de R$ 70 mil na conta de luz da empresa. 

Assim como o industrial cearense, outros micro e pequenos empreendedores estiveram presentes no 2º Encontro de Gestores Procompi, realizado nos dias 7 e 8 de novembro, em Belo Horizonte (MG). Na capital mineira, os participantes debateram o status dos projetos do atual ciclo, cujo foco é digitalização, sustentabilidade e critérios ESG (ambientais, sociais e de governança).

Paulo Rabelo é diretor da Benatextil e presidente do Sindroupas

Na Bahia, projeto contribui para aumento da reciclagem de plástico

Fundada há três anos no município de Simões Filho (BA), na Região Metropolitana de Salvador, a CarbonGreen Tecnologia Ambiental atua desde a gestão de resíduos industriais até a coleta dos itens descartados pelos consumidores. Sócio-diretor da empresa, Luiz Hermida percebeu que boa parte do lixo reciclável da região acabava indo para o aterro sanitário. Atuando como parceiro do Procompi, o empresário buscou capacitar e integrar as cooperativas de catadores locais, além de criar pontos de coleta seletiva, de modo que o volume de material reciclado aumente.

“Nós fomos bem-sucedidos no desenvolvimento desse projeto. Integramos vários atores institucionais ao longo dessa caminhada. Inicialmente, eram 12 cooperativas na Região Metropolitana de Salvador, mas esse número dobrou, abrangendo praticamente todo o estado da Bahia, potencializando a originação de mais materiais recicláveis”, conta.

Luiz Hermida é diretor da CarbonGreen

Cervejaria mineira passa por reestruturação exitosa

À medida em que via a pequena cervejaria crescer, o empresário mineiro Fernando Cota se distanciava do dia a dia de cada departamento, mais fáceis de gerir de perto quando o negócio estava dando os primeiros passos. O Procompi, segundo o fundador da Prussia Bier, foi fundamental para reorganizar a estrutura de pessoal da empresa e a estratégia de vendas para o varejo.

“Se fôssemos fazer por nossa própria conta, estaríamos em maus lençóis, porque os valores são inacessíveis, e não teríamos chegado aqui. Nós reestruturamos o departamento comercial em 90 dias, e os resultados estão vindo. Nos recursos humanos, conseguimos dar uma guinada, ser mais objetivos, integrar os colegas, evitar conversas paralelas. Isso possibilitou a vetorização dos esforços. A gente vê uma mudança substancial”, afirma.

Fernando Cota é fundador da Prussia Bier

Procompi ajudou a atrair R$ 2 milhões para o setor de panificação potiguar

Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Rio Grande do Norte (Sindipan-RN), Ivanaldo Maia viu no Procompi a chance que precisava para impulsionar o segmento no estado potiguar. Por meio do programa, ele promoveu a ExpoPão, feira de panificação que aproximou as empresas de clientes e fornecedores, estimulou a criação de receitas e capacitou empresários.

“Em três dias, oito mil pessoas visitaram a feira. Fizemos uma rodada de negócios que atraiu mais de R$ 2 milhões. Foi um sucesso total”, comemora.

Ivanaldo Maia é presidente da Sindipan-RN

Recursos do ciclo 2023-2026 podem beneficiar cerca de 2,4 mil empresas

Criado em 2000, o Procompi é uma iniciativa conjunta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Sebrae, cujo principal objetivo é impulsionar a competitividade das micros e pequenas indústrias (MPEs) do país. O programa identifica desafios específicos das MPEs do setor, que chegam a partir de demandas de associações, sindicatos, federações de indústria ou unidades do Sebrae nos estados.

Depois de identificar os desafios, os participantes submetem seus projetos a um comitê formado pela CNI e o Sebrae. Caso aprovados, são executados pelas federações de indústria, em parceria com os unidades do Sebrae nos estados.

Na última edição do programa, que ocorreu entre 2016 e 2020, a CNI e o Sebrae investiram cerca de R$ 23,9 milhões em 143 projetos, beneficiando 2.230 empresas. A parceria levou a um aumento médio de 25% na produtividade média dessas MPEs. Além disso, mais de 60% delas adotaram inovações.


“Às vezes, a gente acha que o projeto é pequeno, que o valor é pequeno, que dá muito trabalho, mas qualquer ação para aumentar a produtividade, a competitividade e o desenvolvimento das micros e pequenas indústrias é importante”, pontua Kelly Sanches, coordenadora de Indústria e Cadeias Setoriais do Sebrae. 

A atual edição do Procompi começou no ano passado e vai até 2026. Ao todo, o ciclo conta com R$ 24,3 milhões para a execução dos projetos aprovados. Na primeira chamada – que está em execução –, o convênio vai destinar cerca de R$ 10,1 milhões para os 82 projetos aprovados, alcançando 1.570 empresas, de 19 estados.

A segunda chamada do ciclo também está em andamento, mas na fase de planejamento. Ao todo, 43 projetos foram submetidos ao comitê, que vai divulgar a relação de propostas aprovadas até o início de dezembro. Cerca de R$ 5,5 milhões foram direcionados para essa chamada que, até o momento, envolve mais de 800 empresas, de 14 estados. 

Especialista em políticas industriais da CNI, Suzana Peixoto lembra que, após as duas chamadas, há um saldo de R$ 3,6 milhões, volume de recursos suficiente para apoiar de 24 a 36 projetos. Ela ressalta que essa é uma oportunidade para que mais MPEs se desenvolvam. “A industrialização do país não vai se dar sem a participação da micro e da pequena empresa. Elas precisam estar inseridas nesse processo”, destaca.  

Neoindustrialização

O Procompi está em linha com a Nova Indústria Brasil (NIB), política que visa fortalecer o setor industrial a partir de premissas como inovação, sustentabilidade e transformação digital. 

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