As oportunidades do Brasil devem ser ampliadas na eventual assinatura de um amplo acordo comercial com o Japão, fomentando a ampliação comércio e do fluxo de investimentos no médio de longo prazos. Na visão de empresários e dirigentes da indústria que participam da 18ª Reunião Conjunta do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, que se encerra nesta terça-feira (1º), em Porto Alegre, o entendimento entre os dois países deve movimentar a economia em áreas como infraestrutura e logística, mobilidade urbana, energia e setores da indústria, a partir da melhora do ambiente de negócios brasileiro e japonês.
A expectativa é de que avanços ocorram até o fim do ano, tendo como referência a proposta de acordo de livre comércio construída pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua contraparte japonesa, a Keidanren, organizadoras do evento. Na visão do setor privado, o momento é oportuno. Nesta semana, o documento será apresentado aos ministérios de indústria e comércio de exterior de Brasil e Japão, em sua reunião anual (MDIC-METI) e a presidente Dilma Rousseff tem visita oficial ao Japão agenda para o início de dezembro. “É um momento crucial, em que renovamos os compromissos entre os dois países”, disse o presidente da Seção Brasileira do Comitê e diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Daniel Godinho, o governo tem incentivado o setor privado dos dois países a buscar soluções para o aprofundamento da relação bilateral, em temas como comércio, investimento e serviços. A proposta de CNI e Keidanren, afirmou, será avaliada com cuidado. “Será extremamente útil para os próximos passos. O Japão é um dos países com grande potencial para a ampliação do comércio e investimentos bilaterais”, disse.
Para o gerente-sênior da Keidanren, Kiyotaka Morita, as economias de Japão e Brasil apresentam grande complementariedade entre os países. É preciso, contudo, remover entraves que hoje prejudicam que o fluxo de comércio de investimentos entre os países atinja o potencial, como barreiras não tarifárias ao comércio, a falta de um acordo de bitributação e medidas de facilitação de comércio. “Há muito espaço para avançar, por isso defendemos que os governos iniciem as negociações”, afirmou.
DESAFIOS INTERNOS – Em abril deste ano, o Grupo de Notáveis Brasil-Japão, composto por empresários dos dois países, apresentou ao governo federal sugestões para melhorar o ambiente de negócios bilateral, de forma a facilitar o comércio e investimentos. Entre elas, reformas no setor tributário, formação de mão de obra e investimentos em infraestrutura. “A redução do Custo Brasil e a questão da produtividade são assuntos que precisam de atenção, na visão das empresas japonesas”, argumentou o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa no Brasil, Aiichiro Matsunaga.