Diante da emergência climática global, a pesquisadora e membro eleita da Academia Brasileira de Ciências, Mercedes Bustamante, deu um recado claro na palestra de abertura do festival Energia no SESI Lab: não é possível enfrentar a crise ambiental sem envolver, de forma estratégica, a educação.
Mais do que ensinar sobre temperaturas e gases do efeito estufa, ela explica que é preciso preparar uma geração capaz de agir em um mundo marcado por incertezas, eventos extremos e transformações profundas. É nessa encruzilhada entre ciência, sociedade e futuro que a educação – e instituições como os museus – ganham protagonismo.
Mercedes reforça que espaços de educação não formal atuam como pontes entre o conhecimento científico e a sociedade. São ambientes que oferecem experiências interativas, acessíveis e engajadoras que ampliam a compreensão pública a respeito da ciência e incentivam o pensamento crítico.
O papel da educação não formal no combate à crise climática, segundo Mercedes Bustamante
1- Combater a desinformação
A desinformação climática é um dos maiores obstáculos ao enfrentamento da crise. Nesse cenário, a alfabetização científica torna-se um recurso essencial. Escolas, museus e centros de ciência têm um papel importante ao treinar educadores e o público para reconhecer fontes confiáveis e compreender os processos científicos por trás do aquecimento global, dos eventos extremos e das ações de mitigação.
2- Capacidade de traduzir a crise para a realidade local
Museus não são apenas espaços de exposição, eles funcionam como centros de ação comunitária. Por meio de experiências imersivas, esses espaços são capazes de simplificar conceitos complexos, tornando-os compreensíveis e próximos da realidade do público. Os museus, assim como outros espaços de educação não formal, ajudam a aproximar temas complexos da população de forma menos burocrática.
“Chegou a hora de pensar que mundo queremos em 2050 e esse é um debate que cabe para todos. Incentivar esse diálogo em diferentes espaços e para diferentes públicos e gerações é essencial para alertar para a importância do assunto. Todos nós precisamos pensar sobre ter um mundo habitável no futuro”, explica a pesquisadora.
3- Educação como peça-chave para mudanças sistêmicas
Mais do que ensinar conteúdos, a educação climática promove uma mudança de paradigma. Ela estimula formas de pensar e agir de maneira colaborativa, adaptativa e inovadora – características essenciais para lidar com os desafios ambientais, sociais e econômicos do século 21.
Pessoas com mais acesso à educação têm maior capacidade de adaptação, sofrem menos com os impactos da crise e participam mais ativamente das soluções. Por isso, investir em letramento climático e educação ambiental nas escolas e demais espaços de educação - formal ou não - é também uma forma de fortalecer a justiça climática.
4- Preparação para um futuro incerto - e mecanismos de como lidar com isso
As crianças de hoje enfrentarão, ao longo da vida, as consequências severas da crise climática. É necessário aproximá-las do debate para que haja conhecimento a respeito de como se preparar para desastres naturais e estratégias de adaptação. Esse tipo de formação fortalece a resiliência das novas gerações e ajuda a pensar novos caminhos e alternativas.
Sobre o festival Energia
O SESI Lab realiza nos dias 4 e 5 de junho o festival Energia para divulgar o tema escolhido para as atividades em 2025/2026. Neste ano, as ações do museu de arte, ciência e tecnologia terão como tema Energia e Transição Energética e incluem exposições temporárias, ações educativas, formações, publicações e parcerias técnicas. Além do SESI Lab, o Ministério da Cultura (MinC) e a Shell apresentam as atividades. O festival é gratuito e aberto ao público. Os ingressos estão disponíveis nas bilheterias on-line e física do SESI Lab.