Brasil precisa de estratégia consistente para crescimento sustentado, diz presidente da CNI

Na abertura dos seminários em celebração ao bicentenário da Independência, Robson Braga de Andrade, reforçou que a prosperidade só virá com a redução do Custo Brasil

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou que é necessário aproveitar o simbolismo do bicentenário de Independência para definir uma estratégia consistente de prosperidade para o Brasil voltar a crescer de forma sustentada. Andrade abriu o ciclo de cinco seminários sobre 200 anos de Independência: A indústria e o futuro do Brasil, realizada em parceria com o jornal eletrônico Poder 360, nesta quarta-feira (6).


“As comemorações dos 200 anos de Independência do Brasil ocorrem em um momento de muita instabilidade em todo o mundo. Esse cenário de incertezas deve servir de estímulo para o país reduzir o Custo Brasil e buscar a convergência em torno de ideias e das medidas necessárias para a retomada de um ciclo de desenvolvimento”, afirmou Robson Andrade, na abertura do evento, que teve como tema Evolução Política do Brasil. 


Segundo ele, os resultados positivos e as transformações trazidas pela atividade industrial em todo o mundo são conhecidos, entre os quais se destacam a urbanização e a evolução da tecnologia, das relações de trabalho e dos padrões de consumo. A indústria brasileira, lembra Andrade, sempre esteve engajada nas discussões das grandes questões nacionais e é fundamental na construção de um futuro mais próspero e justo para todos.

O seminário tem como debatedores a historiadora e escritora Mary Del Priore e os cientistas políticos Jairo Nicolau, José Álvaro Moisés e Bolivar Lamounier e curadoria do ex-senador Cristovam Buarque. Em sua palestra magna, na abertura do seminário, o ex-presidente da República Michel Temer traçou um cenário do país desde a Independência, ressaltou a importância da atual Constituição Federal de 1988 para a consolidação de princípios liberais e sociais, e falou da importância do papel da indústria brasileira para o desenvolvimento do país.


“A indústria cumpre papel fundamental. Temos as atividades educacionais da CNI e das federações dos estados. Tudo isso fruto dessa conscientização de que a iniciativa privada é fundamental para gerar o desenvolvimento do país”, disse. “Vamos precisar no pós-pandemia de investimentos internacionais. O poder público não tem tanto dinheiro para investir. Lá fora há trilhões de dólares para serem investidos no Brasil, mas eles estão preocupados com aquilo que o presidente Robson falou: a segurança jurídica.”


Custo Brasil inibe investimentos e compromete a qualidade de vida da população

Apesar de todos os avanços ao longo da história, a indústria brasileira encontra dificuldades para competir em igualdade de condições no mercado global e tem perdido espaço. “Nos últimos 10 anos, a indústria de transformação encolheu, em média, 1,4% ao ano, o que afetou o desempenho da economia como um todo. Na última década, o PIB do país cresceu, em média, apenas 0,2% ao ano”, explica Robson Andrade.

Participaram do primeiro seminário o ex-presidente da República Michel Temer, a historiadora Mary Del Priore e os cientistas políticos Jairo Nicoalu, José Álvaro Moisés e Bolívar Lamounier

Segundo o presidente da CNI, o fato de a indústria operar abaixo da sua capacidade, se deve ao Custo Brasil, um antigo conjunto de ineficiências estruturais que inibem os investimentos, diminuem a competividade das empresas e comprometem a qualidade de vida da população.

A medida mais importante para reduzir o Custo Brasil é a aprovação de uma reforma ampla da tributação sobre o consumo que elimine as distorções, simplifique o sistema, e desonere as exportações e os investimentos. Além disso, o Brasil necessita de ações que estimulem a inserção internacional das empresas e de uma política industrial que promova a inovação e o desenvolvimento tecnológico.


“É indispensável, ainda, melhorar a qualidade da educação formal e ampliar a oferta do ensino profissional para que nossos jovens se preparem adequadamente para atender às novas exigências do mercado de trabalho e possam enfrentar os crescentes desafios da era do conhecimento”, afirma o Robson Andrade.


Robson Andrade lembra ainda que o Brasil necessita aumentar a segurança jurídica e aperfeiçoar os marcos regulatórios da infraestrutura para estimular os investimentos e modernizar o país. Em paralelo, explica Robson, deve-se dar atenção especial ao meio ambiente e às ações de combate às mudanças do clima. Isso é fundamental para que o Brasil, dono de um patrimônio natural invejável, seja um dos líderes da transição para a economia de baixo carbono.

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